Há 50 anos, Bob Dylan lançava disco que mudou sua carreira
Bob Dylan entrou no estúdio da Columbia em 13 de janeiro de 1965, para
três dias de gravação. Fazia cinco meses desde seu encontro com os
Beatles, o que lhe obrigou a repensar seus próprios rumos. O resultado
foi um disco que mudou completamente sua biografia e a história da
cultura pop, "Bringing it All Back Home".
No fim de 1963, Dylan começou a abandonar o personagem "gente humilde" com o qual conquistara a cena folk e uma legião de devotos. O americano havia sido filhote dos primeiros dias do rock'n'roll, mas deixara o ritmo em favor de Woody Guthrie, o bardo folk que era o símbolo da música do povo oprimido dos EUA.
Então, em 1964, o sucesso e a energia dos Beatles o reanimaram –sem contar que eles eram ingleses inspirados por música americana. Era hora de trazer aquela energia de volta para casa –daí o título do disco.
E foi com essa disposição que entrou no estúdio nova-iorquino. Trouxe um
calhamaço de canções que misturavam citações bíblicas, a história dos
EUA e poesia francesa do século 19, empilhando citações de forma cínica,
completamente distante do Dylan heroico do ano anterior.
Sentou-se ao piano na maior parte do dia, colocou o guitarrista John Sebastian, que nunca havia tocado baixo, para assumir o instrumento, e o novato Kenny Rankin na guitarra elétrica, o que também nunca havia feito.
Seu lado A, elétrico, começa com a avassaladora "Subterranean Homesick Blues" confundindo completamente o ouvinte, ao misturar política, frases de efeito e a paranoia da Guerra Fria.
Na mesma linha, a cáustica "Maggie's Farm", na qual declarava que não trabalharia mais na fazenda de Maggie –um chute no saco dos fãs que o queriam cantando a caipira música folk.
"Love Minus Zero/No Limit" trazia paixão em forma de poesia pura: "Meu amor, ela é verdadeira, como gelo, como fogo".
No lado B, acústico, o disco apresentava músicas que mostravam que Dylan, mesmo só ao violão, estava indo muito além do folk.
Graças a canções como a enigmática "Mr. Tambourine Man" ("Faça-me desaparecer através dos anéis de fumaça da minha mente") e as cruas "Gates of Eden" e "It's Alright, Ma (I'm Only Bleeding)".
O disco terminava com uma de suas canções mais emblemáticas, "It's All Over Now, Baby Blue", que desafia o ouvinte ao mostrar que as regras haviam mudado: "Strike another match, go start anew" – "risque outro fósforo (ou comece mais uma briga), vamos começar tudo de novo."
Mal sabiam –Dylan e fãs– como tudo iria mudar no decorrer de 1965. "Mr. Tambourine Man" iria parar no topo da parada dois meses depois graças a uma versão dos Byrds que inaugurava o folk rock. Os Rolling Stones gravariam "Satisfaction" inspirados pelo pedal que Dylan usara em "Subterranean Homesick Blues".
O próprio Dylan gravaria sua canção-símbolo, "Like a Rolling Stone", em menos de um semestre, além de fechar a tríade de discos que o consagrou ("Highway 61 Revisited", 1965, e "Blonde on Blonde", 1966) em pouco mais de um ano.
O rock deixara de ser visto como música de adolescente. E está tudo ali em "Bringing it All Back Home", lançado em 22 de março de 1965.
No fim de 1963, Dylan começou a abandonar o personagem "gente humilde" com o qual conquistara a cena folk e uma legião de devotos. O americano havia sido filhote dos primeiros dias do rock'n'roll, mas deixara o ritmo em favor de Woody Guthrie, o bardo folk que era o símbolo da música do povo oprimido dos EUA.
Então, em 1964, o sucesso e a energia dos Beatles o reanimaram –sem contar que eles eram ingleses inspirados por música americana. Era hora de trazer aquela energia de volta para casa –daí o título do disco.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Sentou-se ao piano na maior parte do dia, colocou o guitarrista John Sebastian, que nunca havia tocado baixo, para assumir o instrumento, e o novato Kenny Rankin na guitarra elétrica, o que também nunca havia feito.
Seu lado A, elétrico, começa com a avassaladora "Subterranean Homesick Blues" confundindo completamente o ouvinte, ao misturar política, frases de efeito e a paranoia da Guerra Fria.
Na mesma linha, a cáustica "Maggie's Farm", na qual declarava que não trabalharia mais na fazenda de Maggie –um chute no saco dos fãs que o queriam cantando a caipira música folk.
"Love Minus Zero/No Limit" trazia paixão em forma de poesia pura: "Meu amor, ela é verdadeira, como gelo, como fogo".
No lado B, acústico, o disco apresentava músicas que mostravam que Dylan, mesmo só ao violão, estava indo muito além do folk.
Graças a canções como a enigmática "Mr. Tambourine Man" ("Faça-me desaparecer através dos anéis de fumaça da minha mente") e as cruas "Gates of Eden" e "It's Alright, Ma (I'm Only Bleeding)".
O disco terminava com uma de suas canções mais emblemáticas, "It's All Over Now, Baby Blue", que desafia o ouvinte ao mostrar que as regras haviam mudado: "Strike another match, go start anew" – "risque outro fósforo (ou comece mais uma briga), vamos começar tudo de novo."
Mal sabiam –Dylan e fãs– como tudo iria mudar no decorrer de 1965. "Mr. Tambourine Man" iria parar no topo da parada dois meses depois graças a uma versão dos Byrds que inaugurava o folk rock. Os Rolling Stones gravariam "Satisfaction" inspirados pelo pedal que Dylan usara em "Subterranean Homesick Blues".
O próprio Dylan gravaria sua canção-símbolo, "Like a Rolling Stone", em menos de um semestre, além de fechar a tríade de discos que o consagrou ("Highway 61 Revisited", 1965, e "Blonde on Blonde", 1966) em pouco mais de um ano.
O rock deixara de ser visto como música de adolescente. E está tudo ali em "Bringing it All Back Home", lançado em 22 de março de 1965.
Nenhum comentário:
Postar um comentário