terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Manifesto diz que inovação está no livro físico, não em e-books
DAVID STREITFELD
DO "NEW YORK TIMES", EM SAN FRANCISCO
Ao mesmo tempo em que o universo dos textos impressos encolhe, o livro
--ou, pelo menos, algumas de suas características mais conhecidas--
revela uma capacidade notável de continuar vivo on-line.
DO "NEW YORK TIMES", EM SAN FRANCISCO
Parece que a ideia do livro está tão profundamente enraizada no inconsciente coletivo que ninguém suporta deixá-la para trás.
A Amazon alega que, em seu mais recente e-reader, "as páginas são virtualmente indistinguíveis de um livro físico". Estantes de livros em salas de estar podem estar virando coisa do passado, mas compre um e-book do iBooks e a Apple prometerá "descarregar livros para sua estante" imediatamente.
Algumas funções dos livros físicos que não parecem ter lugar na era digital estão sendo conservadas, mesmo assim. As editoras ainda encomendam capas para e-books, apesar de a função delas --atrair a atenção de leitores numa loja repleta de títulos-- ter deixado de existir.
Muitas das tentativas de modificar a experiência fundamental do livro fracassaram.
A Social Books, que permitia que os usuários comentassem trechos específicos de livros, virou Rethink Books e depois fracassou.
A Push Pop Press, que misturava textos, imagens, áudio, vídeo e gráficos interativos, foi comprada pelo Facebook em 2011, e não se ouviu falar mais nela.
Hiroko Masuike - 27.nov.13/The New York Times | ||
Peter Meyers, autor de "Breaking the Page", sobre o futuro dos livros, em seu escritório, em Nova York |
"Muitas dessas soluções nasceram da capacidade de um programador de criar alguma coisa, mais do que do entusiasmo dos leitores por coisas de que precisam", disse Peter Meyers, autor de "Breaking the Page", análise ainda inédita da transformação digital dos livros.
O inovador digital Bob Stein escreveu recentemente que "as pessoas com frequência me pedem reflexões sobre 'o futuro do livro'". Como ele é fundador do Instituto para o Futuro do Livro, seria lógico imaginar que ele pudesse prever e até saudar a pergunta. "Francamente, não a suporto", escreveu.
MANIFESTO
Existe até um movimento que proclama que os mecanismos mais inovadores para a reprodução e a leitura de histórias estão sendo desenvolvidos não nos e-books, mas em livros físicos.
O manifesto do movimento está impresso na capa de um novo volume, "Fully Booked: Ink on Paper: Design & Concepts for New Publications", que ironiza a noção da internet como sendo a novidade mais recente.
Quando a internet se popularizou, pareceu que os livros precisavam de uma revisão.
"O livro físico tinha se tornado algo bastante limitado, avesso ao design fora de sua capa", comentou Peter Brantley, que administra a conferência Books in Browsers, em San Francisco.
"Depois, todas as limitações desapareceram."
Algumas start-ups optaram por uma abordagem básica: pegam um texto e o dividem em partes. O serviço Safari Flow, da Safari Books, oferece capítulos de manuais técnicos por uma assinatura mensal de US$ 29. A Inkling faz o mesmo com títulos voltados ao consumidor geral. Se você quiser comprar apenas o capítulo sobre massas, pode adquiri-lo por US$ 4,99, em vez de ter a obrigação de comprar o livro de receitas na íntegra.
O enfoque da Citia é mais ambicioso. Trabalhando em cooperação com um autor, seus editores pegam um livro de não ficção e reorganizam as ideias dele em fichas digitais que podem ser lidas em aparelhos diversos e transmitidas pelas redes sociais.
'DECISÃO DIFÍCIL'
"A decisão de dedicar 10 ou 15 horas de tempo à leitura de um livro será cada vez mais difícil de ser tomada", explicou Meyers, vice-presidente de inovação editorial e de conteúdo da Citia. "Por isso, precisamos libertar as ideias presas dentro dos livros."
Um dos primeiros livros a ser submetido ao tratamento da Citia foi "Para Onde nos Leva a Tecnologia", de Kevin Kelly. Seções do livro são resumidas em uma ficha, e depois o leitor pode mergulhar nas divisões de cada seção.
Mas, desde que surgiu, em 2012, a empresa criou fichas de apenas quatro livros. Ela está em negociações com agências de publicidade e talentos, empresas de serviços financeiros e de produtos ao consumidor. "Todas as empresas estão se tornando empresas de mídia", disse Meyers. "Todas precisam contar histórias sobre seus produtos."
Como rotular essas histórias é outra questão.
Quando um livro é colocado on-line, pode ser apenas por saudosismo que ele continue a ser conhecido por seu nome antigo. "Vamos continuar a reconhecer e-books como sendo livros, mas nossa visão do trabalho de contar histórias vai se ampliar, inevitavelmente", disse Brantley.
http://www1.folha.uol.com.br/tec/2013/12/1385447-manifesto-diz-que-inovacao-esta-no-livro-fisico-nao-em-e-books.shtml
Cinema
A (nossa) vida de Adèle
Mais do que um conflito de gênero, "Azul é a Cor Mais
Quente" é a história do contraste entre mundos, idades e referências de
amores adolescentes. Por Matheus Pichonelli
A primeira pergunta lançada ao fim de Azul é a Cor Mais Quente
é se o filme de Abdellatif Kechiche, vencedor da Palma de Ouro em
Cannes e em cartaz em São Paulo, despertaria tantas paixões caso se
tratasse da história de amor entre um garoto e uma garota. A sala estava
lotada, o público, inquieto, e, muito provavelmente, vacinado (ou
atraído) para as cenas de amor erótico interpretado pelas atrizes Adele
Exarchopoulos e Léa Seydoux.
Mas, se me fizessem essa pergunta após as três horas de filme, responderia que sim: o drama se sustenta com ou sem a sequência - e não, a história não se limita à descrição de um romance homoerótico.
O drama pode ser dividido basicamente em três partes. A primeira mostra a rotina de Adèle, uma jovem comum prestes a virar a última esquina da adolescência. O foco da câmera são as trivialidades ao seu entorno: como ela dorme, como mastiga, como ri, como prende os cabelos, como anda em direção ao ponto de ônibus, como contém o riso, como responde às provocações das amigas e como troca de calça à medida que se percebe desejada. Tudo soa muito real (e isso, para alguns, é confundido com mera obscenidade). Acuada, Adèle parece uma espectadora de um mundo de regras próprias que ainda não a fisgou: à exceção do livro La Vie de Marianne, de Pierre de Marivaux, que ela lê a caminho da escola, não sabemos o que a encanta ao seu redor. Consequentemente, ela parece não saber dos próprios encantos, e se assusta quando alguém tenta alertá-la do que é capaz.
A saída desse mundo de posições definidas, e portanto indiferentes para ela, é uma espécie de despertar de um sono leve. No início do filme, durante uma aula de literatura, o professor questiona os alunos o que eles sentem quando esbarram com alguém interessante pela rua e seguem caminhando como se nada tivesse acontecido. Eles sentem que algo (ou alguém) se perdeu ou algo se ganhou diante do encontro/desencontro?
O debate, aparentemente despretensioso, tem início na sala de aula e acerta Adèle na primeira esquina. Ao longo do filme, ela terá muitos encontros, mas dois são definitivos. O primeiro, com um amigo de escola apaixonado por ela. Trata-se de um rapaz um pouco mais velho, boa pinta, gentil, fã de música, mas não de literatura. Ela conta para ele toda a paixão pela leitura e ele devolve dizendo que jamais terminou um livro na vida. O diálogo é o prenúncio de um desencontro.
Pouco depois, ela esbarra com Emma pela rua, troca olhares e, dessa vez, sente que algo mudou. Ganhou ou perdeu? Não se sabe. Mas tudo parece virar de cabeça para baixo quando Emma, artista plástica que já deixou a faculdade, pega em suas mãos e ensina a ela tudo sobre a vida, a arte, a literatura e a filosofia. Adèle, uma estudante de colegial recém-formada que dá aulas no maternal, se descobre aluna diante de um mundo que se abre.
Há, neste ponto, uma mudança brusca até demais: a presença de Emma em sua vida cria, nessa transição, um conflito isolado com os colegas, que não aceitam a sexualidade latente da amiga que se revela e sofre a primeira rejeição. Esse conflito desaparece sem deixar pistas: de repente, Adèle tem uma namorada, de quem frequenta a casa, e passa a militar em passeatas gays. Não sabemos o quanto precisou preparar as canelas para enfrentar a fúria do mundo que começava a ruir e deixar para trás.
Esse agigantamento do mundo, mais complexo que o anterior, é o que transforma a trama em uma história universal. Conforme adere ao mundo de Emma, a jovem Adèle descobre que nada sabe: fica sem palavras diante dos pais e amigos intelectuais e artistas da namorada. Vê-se, assim, em um conflito não de gênero, mas de mundos, idades e referências. Emma não é rejeitada pela mãe, pelo padrasto ou pelo pai por conta da sua orientação sexual. Naquela casa os novos tempos, mais sofisticados, mais sensíveis, mais permissivos e menos presos a tabus, parecem ter chegado há tempos. Essa sofisticação fica clara no contraste dos pratos elaborados em cada casa: os pais de Emma oferecem vinho branco e ostras encontradas em mares distantes à namorada aceita da filha; os pais de Adèle servem, sempre e em qualquer ocasião, uma velha macarronada com molho à bolonhesa – eles não entendem o que está acontecendo e, como boas topeiras, fiam-se em perguntas de séculos passados acerca de namorados, planos financeiros, carreira e frases-feitas diante da artista à mesa (entre elas o famigerado “artista bom é artista morto”).
A insegurança ao deixar a velha macarronada dos pais e adentrar em um mundo de texturas desconhecidas leva ao terceiro estágio de sua vida. É quando Adèle conhece o ciúme, a posse, o esgotamento, o erro, a angústia. Mais do que amante, Adèle é uma espécie de espectadora da namorada mais velha, mais segura, mais bem relacionada e mais ciente das próprias ambições. Aquilo, para ela, é desafiador e, ao mesmo tempo, cruel. É o princípio de um segundo desencontro. Um desencontro forçoso que ecoa como uma sentença: "o primeiro amor é (sempre) um doce desespero" (leia mais AQUI).
Em um dos diálogos entre elas, Emma tenta explicar em poucas linhas a ideia central do pensamento de Jean-Paul Sartre: “a existência precede a essência”. Adèle custa a entender o que aquilo significa até que a namorada sentencia: “Isso libertou toda uma geração ao mostrar que cada um é responsável pelo que faz”.
A lição, como o refrão de uma música antiga, Adèle sabe de cor; só lhe resta aprender. Mal sabe ela que o amor que liberta é o mesmo que pune. Esse processo de descobrimento é o que permite ao cineasta criar uma história de amor universal: triste, bela e intensa como tudo o que ficou na adolescência e provocará estragos para o resto da (nossa) vida.
http://www.cartacapital.com.br/cultura/a-nossa-vida-de-adele-6545.html
Mas, se me fizessem essa pergunta após as três horas de filme, responderia que sim: o drama se sustenta com ou sem a sequência - e não, a história não se limita à descrição de um romance homoerótico.
O drama pode ser dividido basicamente em três partes. A primeira mostra a rotina de Adèle, uma jovem comum prestes a virar a última esquina da adolescência. O foco da câmera são as trivialidades ao seu entorno: como ela dorme, como mastiga, como ri, como prende os cabelos, como anda em direção ao ponto de ônibus, como contém o riso, como responde às provocações das amigas e como troca de calça à medida que se percebe desejada. Tudo soa muito real (e isso, para alguns, é confundido com mera obscenidade). Acuada, Adèle parece uma espectadora de um mundo de regras próprias que ainda não a fisgou: à exceção do livro La Vie de Marianne, de Pierre de Marivaux, que ela lê a caminho da escola, não sabemos o que a encanta ao seu redor. Consequentemente, ela parece não saber dos próprios encantos, e se assusta quando alguém tenta alertá-la do que é capaz.
A saída desse mundo de posições definidas, e portanto indiferentes para ela, é uma espécie de despertar de um sono leve. No início do filme, durante uma aula de literatura, o professor questiona os alunos o que eles sentem quando esbarram com alguém interessante pela rua e seguem caminhando como se nada tivesse acontecido. Eles sentem que algo (ou alguém) se perdeu ou algo se ganhou diante do encontro/desencontro?
O debate, aparentemente despretensioso, tem início na sala de aula e acerta Adèle na primeira esquina. Ao longo do filme, ela terá muitos encontros, mas dois são definitivos. O primeiro, com um amigo de escola apaixonado por ela. Trata-se de um rapaz um pouco mais velho, boa pinta, gentil, fã de música, mas não de literatura. Ela conta para ele toda a paixão pela leitura e ele devolve dizendo que jamais terminou um livro na vida. O diálogo é o prenúncio de um desencontro.
Pouco depois, ela esbarra com Emma pela rua, troca olhares e, dessa vez, sente que algo mudou. Ganhou ou perdeu? Não se sabe. Mas tudo parece virar de cabeça para baixo quando Emma, artista plástica que já deixou a faculdade, pega em suas mãos e ensina a ela tudo sobre a vida, a arte, a literatura e a filosofia. Adèle, uma estudante de colegial recém-formada que dá aulas no maternal, se descobre aluna diante de um mundo que se abre.
Há, neste ponto, uma mudança brusca até demais: a presença de Emma em sua vida cria, nessa transição, um conflito isolado com os colegas, que não aceitam a sexualidade latente da amiga que se revela e sofre a primeira rejeição. Esse conflito desaparece sem deixar pistas: de repente, Adèle tem uma namorada, de quem frequenta a casa, e passa a militar em passeatas gays. Não sabemos o quanto precisou preparar as canelas para enfrentar a fúria do mundo que começava a ruir e deixar para trás.
Esse agigantamento do mundo, mais complexo que o anterior, é o que transforma a trama em uma história universal. Conforme adere ao mundo de Emma, a jovem Adèle descobre que nada sabe: fica sem palavras diante dos pais e amigos intelectuais e artistas da namorada. Vê-se, assim, em um conflito não de gênero, mas de mundos, idades e referências. Emma não é rejeitada pela mãe, pelo padrasto ou pelo pai por conta da sua orientação sexual. Naquela casa os novos tempos, mais sofisticados, mais sensíveis, mais permissivos e menos presos a tabus, parecem ter chegado há tempos. Essa sofisticação fica clara no contraste dos pratos elaborados em cada casa: os pais de Emma oferecem vinho branco e ostras encontradas em mares distantes à namorada aceita da filha; os pais de Adèle servem, sempre e em qualquer ocasião, uma velha macarronada com molho à bolonhesa – eles não entendem o que está acontecendo e, como boas topeiras, fiam-se em perguntas de séculos passados acerca de namorados, planos financeiros, carreira e frases-feitas diante da artista à mesa (entre elas o famigerado “artista bom é artista morto”).
A insegurança ao deixar a velha macarronada dos pais e adentrar em um mundo de texturas desconhecidas leva ao terceiro estágio de sua vida. É quando Adèle conhece o ciúme, a posse, o esgotamento, o erro, a angústia. Mais do que amante, Adèle é uma espécie de espectadora da namorada mais velha, mais segura, mais bem relacionada e mais ciente das próprias ambições. Aquilo, para ela, é desafiador e, ao mesmo tempo, cruel. É o princípio de um segundo desencontro. Um desencontro forçoso que ecoa como uma sentença: "o primeiro amor é (sempre) um doce desespero" (leia mais AQUI).
Em um dos diálogos entre elas, Emma tenta explicar em poucas linhas a ideia central do pensamento de Jean-Paul Sartre: “a existência precede a essência”. Adèle custa a entender o que aquilo significa até que a namorada sentencia: “Isso libertou toda uma geração ao mostrar que cada um é responsável pelo que faz”.
A lição, como o refrão de uma música antiga, Adèle sabe de cor; só lhe resta aprender. Mal sabe ela que o amor que liberta é o mesmo que pune. Esse processo de descobrimento é o que permite ao cineasta criar uma história de amor universal: triste, bela e intensa como tudo o que ficou na adolescência e provocará estragos para o resto da (nossa) vida.
http://www.cartacapital.com.br/cultura/a-nossa-vida-de-adele-6545.html
Take Two 'Normal' People, Add Money To Just One Of Them, And Watch What Happens Next
A special Upworthy series about work and the economy, made possible by the AFL-CIO. Read more, then check out more in Workonomics.
Science can explain a lot of things that I've always wondered
about (go, science!). In this case, it explains what I've known for a
long time but been unable to quite understand: Why do some folks who
have a lot more money than others seem to be less nice and more evil to everyone around them?
At 0:50, someone actually takes candy from babies. No, really. At 3:00, we start to see the science unfold before our eyes. Entire management courses could — and should — be taught with the bit starting at 4:40.
http://www.upworthy.com/take-two-normal-people-add-money-to-just-one-of-them-and-watch-what-happens-next?c=ufb2
At 0:50, someone actually takes candy from babies. No, really. At 3:00, we start to see the science unfold before our eyes. Entire management courses could — and should — be taught with the bit starting at 4:40.
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Together We Can Change History
“None of us girls were ever introduced...we were just programmers.”
Kay Mauchly Antonelli, ENIAC Programmer, The Computers: The Untold Story of the Remarkable Women Who Programmed the ENIAC (Documentary Preview), 2001
Sixty years ago, six young women programmed the world's first
all-electronic computer, the ENIAC. Their ballistics program used
hundreds of wires and 3000 switches. Never introduced, they never became
a part of history. Forty years later, Kathy Kleiman was told that the
women in pictures with ENIAC (1946) were "Refrigerator Ladies," models
posed in front of the machine.
Nothing could be further from the truth. The ENIAC Programmers worked
tirelessly to make programming easier for all. They created the first
sort routine, software application and instruction set, and classes in
programming. Their work dramatically altered computing in the 1940s and
1950s. They paved the path to the modern software industry.
The ENIAC Programmers Project records the stories, seeks recognition for their accomplishments and seeks to produce the first feature documentary about this dramatic story.
You can help. If we raise the money now, we can produce the ENIAC
Programmers documentary NOW, while the ENIAC Programmers are still with
us. This is an effort funded by individuals worldwide, through donations large and small. It's not easy, but together we can change history.
The ENIAC Programmers' story changes forever how we look at computer
history. It inspires young women, and young men, to believe that
computing careers lie within their reach.
Thank you,
Kathy Kleiman
Founder of the ENIAC Programmers Project
http://eniacprogrammers.org/
Facebook é a fogueira do século XXI, diz Michio Kaku
Para o divulgador de ciências americano, a exemplo do que fazia ao redor do fogo, homem se reúne em torno da rede para compartilhar informações
Renata Honorato
Michio Kaku durante a sua apresentação na Campus Party
(Cristiano Sant´Anna/indicefoto.com
)
Em seu último livro, o senhor diz que, no futuro, as pessoas irão interagir por meio de avatares holográficos. O que isso vai mudar nas relações humanas? Quando o telefone foi inventado, muitas pessoas criticaram a nova tecnologia e questionaram a sobrevivência das relações humanas. Na época, dizia-se que não iríamos mais conversar à mesa do jantar. Os críticos estavam certos. Já não falamos tanto com nossos familiares, mas expandimos nosso círculo de amigos. Atualmente, as crianças jogam videogame com parceiros na Rússia, Austrália ou Islândia, e isso está aumentando o nosso círculo de relacionamentos, e não reduzindo-o. Pense, por exemplo, em um asilo. O asilo sempre foi um lugar muito triste, porque era onde as pessoas esperavam pela morte. Hoje, com a internet, isso mudou. Agora, os idosos podem jogar cartas com pessoas de todo o mundo ou encontrar indivíduos com hábitos peculiares como os seus em outros países e continentes. É como uma faca de dois gumes, reconheço: de um lado, não temos tantos contatos pessoais como antes; de outro, elevamos nossos contatos digitais para milhões ou bilhões.
O futuro, segundo Michio Kaku
- • Os computadores como conhecemos irão desaparecer: todos os dispositivos e objetos a nosso redor serão 'inteligentes' e estarão conectados
- • Passaremos do capitalismo de commodities para o capitalismo intelectual: atividades repetitivas perderão valor; o conhecimento será valorizado
- • A medicina será integrada à ciência da computação: procedimentos não serão mais invasivos, mas realizados por microdispositivos inteligentes
As redes sociais são plataformas muito populares no Brasil. O que acontecerá com Facebook e Twitter nos próximos anos? Eles se tornarão ainda maiores. Isso porque não vamos mudar nossa personalidade nos próximos 100.000 anos. Nos 100.000 anos anteriores, trocamos a pedra pelo GPS, mas nosso cérebro não mudou e ainda amamos a fogueira: em torno dela, contamos histórias e rumores. Ainda trocamos informações sobre quem fez o quê, quem está se destacando, quem está seguindo tendências, quem está se envolvendo em escândalos. O Facebook é a fogueira da atualidade. A grande diferença é que agora podemos fofocar com bilhões de pessoas (risos). A natureza humana não mudou nos últimos 100.000 anos e 99,9% das pessoas que vivem no planeta Terra se comunicam através de fofocas. Temos a necessidade de saber rumores sobre a vida dos famosos, dos bonitos – isso é normal.
Em seu livro, o senhor também diz que, no passado, as pessoas criavam deuses porque não conseguiam compreender os grandes fenômenos da natureza, mas que, no futuro, seremos nossos próprios deuses. O que isso significa? Realmente seremos deuses. Pense em um idoso em 1900, quando longas viagens sequer passavam pela cabeça dele. Se ele pudesse viajar no tempo para conversar com uma pessoa de hoje, certamente a consideraria uma feiticeira. O mesmo acontece agora. Se imaginarmos uma criança em 2100, é possível compará-la a um deus. O que os deuses fazem? Eles controlam coisas através do pensamento. O individuo do futuro também terá corpo perfeito e será sempre jovem, como o deus grego Apolo. Ele tinha carruagens voadoras e nós teremos carros voadores. O Pégasus (cavalo alado) é um animal que não existe, mas poderemos criar animais mitológicos no futuro. Seremos mais felizes? A resposta é: não. A natureza não mudou nos últimos milhares de anos e os humanos sempre vão ter do que reclamar. Mesmo com o poder dos deuses, vamos querer mais poder, e isso não nos garantirá a felicidade.
Os cursos on-line não têm a mesma credibilidade dos cursos presenciais. O que vai mudar na educação nos próximos anos? Somos animais sociais e não mudamos muito nos últimos 100.000 anos. Gostamos de mentores. A cada dia encontraremos mais e mais literatura de grandes pesquisadores na internet, mas atividades como orientar, aconselhar e guiar continuarão sendo executadas pessoalmente. Isso não vai mudar, porque esse processo nos ajuda a entender quem somos. Máquinas não têm senso comum e não entendem como os humanos interagem.
http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/facebook-e-a-fogueira-do-seculo-xxi-diz-michio-kaku
Rizzoli and Isles
Jane & Maura
Emma Cornish
The
ideal cast for a fandom-popular media source is usually a pair of
characters with an intense, dynamic relationship. Romantic subtext and
“shipping” are obviously a big part of why people are drawn to certain
Fandoms which is why there are hundreds of lesbian 'canon' fan fiction
stories and videos made about Piper & Alex (Orange Is the New Black)
and Callie & Arizona (Grey's Anatomy) among others. Still,
there is nothing more tempting to a fanfic writer or a videographer
than extrapolating on canonical relationships. 'Non canon' fan fiction
and videos focusses on characters who are not actually 'together'. Non
canon couples include Jane & Maura (Rizzoli & Isles) and
SwanQueen (Once Upon A Time) among many others. We
at Curve Magazine want to build a home base for this fan fiction and
videos so we are very excited to introduce Stefani Spencer who will
curate and post the best fan made videos out there. The list will
continue to grow but do let us know if we've missed your favourite so
we can add some videos to the list. Enjoy!
Loving Her Was Red
You & I
Ho Hey
You're Everything To Me
http://www.curvemag.com/Curve-Magazine/Web-Articles-2013/Rizzoli-and-Isles/index.php?previewmode=on
Pode ou Não Pode?
Publicado em 27 de janeiro de 2010 em Notícias
por Bruno Müller
Essa é uma discussão que frequentemente emerge quando o tema é veganismo: trata-se de uma lista de interditos ou de uma forma de abstinência? É como o leigo, na conversa, manifestar sua curiosidade através de uma lista de perguntas: “e mel, pode?”; “e lã, pode?”; “e leite, por que não pode?”.
Nós, veganos ficamos revoltadíssimos: dizemos que veganismo não é uma questão de “não pode”. Não é um enunciado de tabus alimentares, códigos de vestimenta ou mandamentos sentimentais. O veganismo, dizemos com orgulho, é uma questão de consciência, uma opção individual de não contribuir com a exploração, o sofrimento e a morte dos animais. Certo?
Errado! O veganismo não é uma opção de vida. É um imperativo ético. Um dever. Se é um dever, é uma regra. Uma regra obrigatória. E obrigatória para todos. Senão, seria uma regra arbitrária e, consequentemente, sem sentido.
Eu sei, eu sei. Vão dizer que é antipático, que é fanatismo, que é autoritário. O que eu posso responder?
É antipático? Eu entendo que comanda a boa regra de convivência (e de convencimento) que, seja na vida social, seja naquele tempo que doamos de nossa vida para divulgar nossas idéias, a simpatia é um preceito básico a ser seguido. Se abordamos uma pessoa com agressividade, ela se põe na defensiva e fica menos disposta a ouvir, refletir, entender e, quem sabe, se deixar convencer. Mas até onde podemos ir sem que a simpatia se transforme em condescendência? Aí reside a verdadeira arte da argumentação.
Mas desconfio que haja algo mais obscuro nesse discurso. Fazer do veganismo uma “opção individual” torna a prática ainda mais nobre: enquanto todos os outros se entregam aos prazeres da carne, nós nos abstemos estoicamente. Por consciência. É uma “filosofia de vida”: que chique! É uma bela forma de angariar simpatia, eu admito. Mas não é honesto.
A verdade é que ser simpático nem sempre é uma qualidade. A simpatia pode ser também uma bela forma de não se comprometer: sob o manto do altruísmo e maturidade, ela pode esconder o egoísmo e o incontrolável desejo de ser aceito. Eu sei bem disso: eu me esforcei para ser simpático por 20 anos. E nunca consegui convencer uma só pessoa de que não devemos comer animais. Foi necessário uma boa dose de antipatia para conseguir despertar algumas consciências. Antipatia que cultivo com cuidado, desde então, inclusive vigiando meus impulsos à simpatia, impulsos a trocar honestidade por sociabilidade.
E a verdade é que, para ser “antipático”, não precisa ser antissocial. Nem ser agressivo. Muito menos apontar o dedo acusador. Basta convicção, bons argumentos e firmeza para não ceder ao relativismo. É tudo o que basta para te valer a alcunha de “antipático”. Que seja! Antes antipático que conivente. Hoje, antes de querer sem simpático, eu penso: quem não respeita minhas convicções não merece o meu respeito.
É fanatismo? Vamos pôr de outro modo: você qualificaria uma pessoa que condena a escravidão humana de fanática? É fanático alguém que se recusa a admitir a pedofilia? É fanatismo não aceitar, sob hipótese alguma, que seres humanos sejam confinados em campos de trabalhos forçados, de onde só sairão mortos, sendo exterminados aqueles que sobreviverem à fome e às epidemias? Pois é… Então porque o súbito laivo de relativismo quando vemos animais submetidos às mesmas condições de “vida”(uma vida assim definida só pode ser um tipo de subvida)? Ah, porque as pessoas não enxergam o sofrimento animal da mesma maneira. Para elas é normal. Elas não refletem sobre as conseqüências de suas atitudes. É cultural: elas cresceram nessa cultura em que é normal explorar animais, e têm dificuldades em abrir mão ou sequer questionar seus hábitos arraigados. Mas aí está precisamente o problema! Os maiores crimes contra a humanidade só foram possíveis devido ao silêncio conivente da maioria. Não é este o papel que devemos assumir se acreditamos que animais têm direitos, e não estamos apenas querendo ser “alternativos”.
O fanatismo também levanta a questão dos tabus. Tabus são impedimentos que ninguém sabe a origem, nem são acompanhados de uma justificativa. O tabu do incesto é o exemplo mais evidente. Mas existem outros: tabus alimentares em certas religiões; tabus sexuais, além do incesto, que variam muito de acordo com as culturas. Se você perguntar “por que?”, a resposta não será muito convincente: é feio; é a tradição; é o mandamento divino. Um tabu não precisa de justificativa porque ele não a possui. Não é o caso do veganismo: ele não é um tabu alimentar. Dizer que não se pode comer carne não significa que essa interdição não tem uma explicação lógica e racional que a justifique – e que deve ser apresentada no momento do debate. E isso faz toda a diferença, para sabermos distinguir entre o tabu e o imperativo ético, que é o que o veganismo é.
E o autoritarismo, a minha acusação predileta? Uma vez que você não concorda que seres humanos sejam confinados em campos de extermínio, você não pode chegar em praça pública e afirmar categoricamente que isso é errado? É errado você fazer tudo ao seu alcance para impedir essa prática? Não, não podemos transigir com a violência e a injustiça sob qualquer de suas formas. Isso não é apenas leviano, é igualmente e mais fundamentalmente imoral. Uma regra não é em si mesma autoritária. Ela o é quando é imposta com violência; quando é aplicada de forma arbitrária, isto é, desigual; ou quando não é acompanhada de uma justificativa razoável – não basta dizer “é por que é”, nem basta qualquer argumento: tem que ser um argumento razoável, ou seja, plausível, racional. E o argumento dos direitos animais é tão razoável quanto pode ser um argumento. Apesar da antipatia que isso gera no nosso mundo eivado de relativismo, eu digo sem medo: não existe argumento capaz de refutar a lógica e a ética por trás dos princípios dos direitos animais.
O consumo de produtos derivados de animais, ou testados em animais, viola uma regra moral fundamental, a do respeito à vida dos seres sencientes. Se essa regra não é reconhecida pela lei nem pelos costumes, isso não a torna inválida, nem torna a opinião predominante válida. Ou, como dizem alguns filósofos: 2 mais 2 é igual a 4, mesmo que a maioria não concorde.
É errado matar seres sencientes. Sendo errado, é uma regra moral. Se a maioria viola essa regra, isso não faz dela opcional. É um dever dos seres humanos respeitar a vida, a liberdade e a integridade dos demais animais. É uma imposição ética. Mesmo que a submissão a esta regra seja voluntária, do ponto de vista ético ela ainda é obrigatória. E o que nós lutamos é pelo dia em que ela não seja mais uma regra de adesão voluntária: lutamos pelo dia em que um ser humano não possa matar um animal, mesmo que ele não acredite no imperativo ético que o impede de fazê-lo. Da mesma forma que um ser humano não pode matar outro de sua espécie – e ninguém acha que esta regra é autoritária ou fruto de fanatismo. Por isso, se alguma pessoa me pergunta: “então não pode comer carne, leite, ovos, mel, nem usar couro, lã e seda, nem usar produtos testados em animais?”, eu respondo, resoluto: “É, não pode”. E sigo adiante, com a segurança dos meus argumentos.
http://vista-se.com.br/redesocial/pode-ou-nao-pode/
Por 2014, Planalto freia projeto que criminaliza homofobia
Por
Luciana Lima
, iG Brasília
|
Pelo telefone, a ministra Ideli Salvatti orientou bancada a só votar a proposta depois das eleições, condição imposta por evangélicos em troca de apoio para a reeleição da presidente
Preocupado com o risco de ficar sem o apoio de evangélicos na campanha para a reeleição da presidente Dilma Rousseff
no próximo ano, o governo começou a orientar a base no Senado a ceder
ao desejo dos religiosos e não votar neste ano do projeto que
criminaliza a homofobia (PLC-122).
Como parte da estratégia para orientar a bancada, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, entrou em campo nesta semana. Ela telefonou para senadores governistas para pedir que a proposta fosse deixada para depois das eleições ou, de acordo com relatos de senadores, quando houver consenso sobre o assunto.
Leia também: “Na escola, a homofobia é escondida pela tolerância mascarada”, diz pesquisadora
Retrospectiva: Dez políticos que deram o que falar em 2013
O acordo pedido pela ministra teria que conciliar interesses das igrejas e dos gays, até agora considerados pelos dois lados como inconciliáveis. A proposta também é um pleito histórico no PT, que se antecipou à movimentação do Planalto e divulgou na semana passada uma nota na qual reforça a posição em favor da votação do projeto.
“O Planalto tem afirmado que se houver ameaça a liberdade de expressão das igrejas, o relatório deve ser melhorado”, defendeu o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PT-PI). “Não acredito que haja alguma igreja que defenda o ódio”, argumentou.
O pedido de Ideli atende diretamente às exigências dos religiosos que não querem permitir avanço na tramitação da proposta. Na quarta-feira (11), na reunião da Comissão de Direitos Humanos, o senador e relator, Paulo Paim (PT-RS), driblou as manobras tentadas pelos evangélicos para protelar a votação e conseguiu ler o relatório.
Os evangélicos, que haviam tentado esvaziar o quórum necessário para a votação, tiveram que recorrer para o último pedido de vista do documento. Regimentalmente, os evangélicos não podem mais se utilizar deste recurso para protelar as votações. “Foi uma vitória poder ler o relatório e ainda fazer com que os evangélicos usassem o pedido de vista. Li e colocamos em votação. Ainda temos a próxima semana para colocar o texto em votação”, considerou Paim.
A presidente da comissão, senadora Ana Rita (PT-ES), informou que está disposta a colocar o relatório em votação na próxima sessão da comissão, na quarta-feira (18).
Divergências
A posição do Planalto a favor do adiamento da votação ocorreu mesmo após a flexibilização da proposta apresentada por Paim. Para tentar aprovar seu relatório na comissão até o fim deste ano, Paim retirou do texto a palavra “homofobia”, incluiu artigos que resguardam a liberdade de expressão em eventos religiosos e que definem o “respeito” a templos e eventos religiosos no caso da manifestação de afetividade por parte de homossexuais. O senador também ampliou os tipos de preconceito a serem tratados na lei.
Leia mais: Comissão aprova projeto que suspende resolução do CNJ que autoriza casamento gay
Comissão de Feliciano aprova projeto que autoriza templos religiosos a vetar gay
Consenso sobre o assunto não há nem entre gays e religiosos, nem entre senadores da base, nem entre senadores do próprio PT que integram a comissão. Ana Rita e Paim são os únicos titulares petistas a defenderem a aprovação da proposta. O senador Walter Pinheiro (PT-BA), que é evangélico, se alinha à posição defendida pelo Planalto nos bastidores e à de Wellington Dias, a favor do adiamento da votação até que se forme o consenso.
Paim acredita que tem como aprovar seu texto na comissão com apoio da maior parte do colegiado. Em apoio ao relatório, já se manifestaram informalmente os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Randolfe Rodrigues (PSOL-AC), Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Paulo Davim (PV-RN).
Condição
O condicionamento do apoio à reeleição de Dilma Rousseff à rejeição ou adiamento da votação da proposta foi apresentado ao Planalto por senadores que estão na linha de frente do lobby das igrejas. Um deles é o senador Magno Malta (PR-ES), pastor da Igreja Batista. Malta não faz segredo da exigência.
“Não adianta na época de eleições tomar café com pastor, visitar as igrejas e depois de eleitos, defenderem projetos contra a família, da forma que foi concebida por Deus. Nós vamos nos posicionar contrários aos políticos que defendem essa ideologia homossexual. No segundo turno das eleições, andei este país inteiro com a Dilma, mas agora ninguém vai me usar mais”, reclamou o senador.
Na semana passada, Wellington Dias, que é católico, viajou ao Espírito Santo para se encontrar com Magno Malta. Os dois trataram da estratégia para barrar a aprovação da proposta e Malta aproveitou para colocar sua posição em relação ao apoio dos evangélicos na corrida eleitoral para a Presidência da República.
Gim Argello (PTB-DF) foi relator da lei que incluiu a música gospel entre os projetos culturais que podem ser financiado pela Lei Ruanet. Ele também manteve interlocução com o Planalto exigindo que a proposta não fosse levada a frente.
Outro senador que tem atuadopara barrar a proposta é Eduardo Lopes (PRB-RJ), pastor da Igreja Universal, que substituiu no mandato Marcello Crivella quando o bispo se licenciou para assumir o Ministério da Pesca no governo de Dilma Rousseff.
Eduardo Lopes argumentou que a proposta de criminalização não deveria ser tratada fora das alterações no Código Penal e que, por isso, deveria ser arquivada na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado. O projeto já foi aprovado na Câmara e antes de chegar ao plenário do Senado terá que ser aprovado pela CDH e pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Como parte da estratégia para orientar a bancada, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, entrou em campo nesta semana. Ela telefonou para senadores governistas para pedir que a proposta fosse deixada para depois das eleições ou, de acordo com relatos de senadores, quando houver consenso sobre o assunto.
Retrospectiva: Dez políticos que deram o que falar em 2013
O acordo pedido pela ministra teria que conciliar interesses das igrejas e dos gays, até agora considerados pelos dois lados como inconciliáveis. A proposta também é um pleito histórico no PT, que se antecipou à movimentação do Planalto e divulgou na semana passada uma nota na qual reforça a posição em favor da votação do projeto.
“O Planalto tem afirmado que se houver ameaça a liberdade de expressão das igrejas, o relatório deve ser melhorado”, defendeu o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PT-PI). “Não acredito que haja alguma igreja que defenda o ódio”, argumentou.
O pedido de Ideli atende diretamente às exigências dos religiosos que não querem permitir avanço na tramitação da proposta. Na quarta-feira (11), na reunião da Comissão de Direitos Humanos, o senador e relator, Paulo Paim (PT-RS), driblou as manobras tentadas pelos evangélicos para protelar a votação e conseguiu ler o relatório.
Os evangélicos, que haviam tentado esvaziar o quórum necessário para a votação, tiveram que recorrer para o último pedido de vista do documento. Regimentalmente, os evangélicos não podem mais se utilizar deste recurso para protelar as votações. “Foi uma vitória poder ler o relatório e ainda fazer com que os evangélicos usassem o pedido de vista. Li e colocamos em votação. Ainda temos a próxima semana para colocar o texto em votação”, considerou Paim.
A presidente da comissão, senadora Ana Rita (PT-ES), informou que está disposta a colocar o relatório em votação na próxima sessão da comissão, na quarta-feira (18).
Divergências
A posição do Planalto a favor do adiamento da votação ocorreu mesmo após a flexibilização da proposta apresentada por Paim. Para tentar aprovar seu relatório na comissão até o fim deste ano, Paim retirou do texto a palavra “homofobia”, incluiu artigos que resguardam a liberdade de expressão em eventos religiosos e que definem o “respeito” a templos e eventos religiosos no caso da manifestação de afetividade por parte de homossexuais. O senador também ampliou os tipos de preconceito a serem tratados na lei.
Leia mais: Comissão aprova projeto que suspende resolução do CNJ que autoriza casamento gay
Comissão de Feliciano aprova projeto que autoriza templos religiosos a vetar gay
Consenso sobre o assunto não há nem entre gays e religiosos, nem entre senadores da base, nem entre senadores do próprio PT que integram a comissão. Ana Rita e Paim são os únicos titulares petistas a defenderem a aprovação da proposta. O senador Walter Pinheiro (PT-BA), que é evangélico, se alinha à posição defendida pelo Planalto nos bastidores e à de Wellington Dias, a favor do adiamento da votação até que se forme o consenso.
Paim acredita que tem como aprovar seu texto na comissão com apoio da maior parte do colegiado. Em apoio ao relatório, já se manifestaram informalmente os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Randolfe Rodrigues (PSOL-AC), Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Paulo Davim (PV-RN).
Condição
O condicionamento do apoio à reeleição de Dilma Rousseff à rejeição ou adiamento da votação da proposta foi apresentado ao Planalto por senadores que estão na linha de frente do lobby das igrejas. Um deles é o senador Magno Malta (PR-ES), pastor da Igreja Batista. Malta não faz segredo da exigência.
“Não adianta na época de eleições tomar café com pastor, visitar as igrejas e depois de eleitos, defenderem projetos contra a família, da forma que foi concebida por Deus. Nós vamos nos posicionar contrários aos políticos que defendem essa ideologia homossexual. No segundo turno das eleições, andei este país inteiro com a Dilma, mas agora ninguém vai me usar mais”, reclamou o senador.
Na semana passada, Wellington Dias, que é católico, viajou ao Espírito Santo para se encontrar com Magno Malta. Os dois trataram da estratégia para barrar a aprovação da proposta e Malta aproveitou para colocar sua posição em relação ao apoio dos evangélicos na corrida eleitoral para a Presidência da República.
Gim Argello (PTB-DF) foi relator da lei que incluiu a música gospel entre os projetos culturais que podem ser financiado pela Lei Ruanet. Ele também manteve interlocução com o Planalto exigindo que a proposta não fosse levada a frente.
Outro senador que tem atuadopara barrar a proposta é Eduardo Lopes (PRB-RJ), pastor da Igreja Universal, que substituiu no mandato Marcello Crivella quando o bispo se licenciou para assumir o Ministério da Pesca no governo de Dilma Rousseff.
Eduardo Lopes argumentou que a proposta de criminalização não deveria ser tratada fora das alterações no Código Penal e que, por isso, deveria ser arquivada na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado. O projeto já foi aprovado na Câmara e antes de chegar ao plenário do Senado terá que ser aprovado pela CDH e pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Leia tudo sobre: homofobia • eleições 2014 • evangélicos • plc 122 • homossexuais • igay • Ideli Salvatti • Dilma Rousseff
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2013-12-13/por-2014-planalto-freia-projeto-que-criminaliza-homofobia.html
domingo, 22 de dezembro de 2013
09/10/2013 7:01 pm
John Holloway: “Nossa força depende da capacidade de dizermos não”
Por Adriana Delorenzo
Romper com o mundo como ele é e criar um
diferente. Esse é o objetivo de muitos militantes e ativistas. Mas como
fazer para construir uma realidade em que não haja Gaza nem Guantánamo
nem poucos bilionários e 1 bilhão de pessoas morrendo de fome? O
cientista político irlandês, radicado no México, John Holloway traz esse
desafio em seu novo livro Fissurar o capitalismo (Editora
Publisher Brasil). São 33 teses que explicam como criar rupturas no
sistema para não continuar a reproduzi-lo. Do idoso que cultiva hortas
verticais em sua sacada como forma de revolta contra o concreto e a
poluição que o cerca. Do funcionário público que usa seu tempo livre
para ajudar doentes com aids. Da professora que dedica sua vida contra a
globalização capitalista. São diversos exemplos trazidos pelo autor, de
pessoas comuns que recusam a lógica do dinheiro para dar forma a suas
vidas. No entanto, após a rejeição, é preciso tentar fazer algo
diferente. É aí que surge o problema. “As fissuras são sempre perguntas,
não respostas.”
Professor da Universidade Autonôma de
Puebla, o trabalho de Holloway tem influência do zapatismo, movimento
que há quase 20 anos vem tentando construir esse outro fazer. No México,
essas fissuras têm sido criadas, sem que se espere por uma revolução
futura. Como trazido em seu primeiro livro traduzido no Brasil, Mudar o mundo sem tomar o poder,
Holloway acredita que pensar em revolução hoje é multiplicar essas
fissuras. “Uma revolução centrada no Estado é um processo altamente
autoantagonista, uma fissura que se expande e se engessa ao mesmo
tempo”, diz o autor na obra recém-lançada. Nesta entrevista à Fórum,
Holloway fala sobre os novos movimentos que vêm tomando as ruas em
diversos países do mundo, inclusive no Brasil.
Leia também:
Ótima hora para Fissurar o capitalismo
Fórum – Em seu novo livro, traduzido no Brasil como Fissurar o capitalismo,
o senhor propõe que, por meio da recusa do capitalismo, sejam criadas
fissuras dentro do próprio sistema. Poderia dar exemplos de atividades
que criam essas “rupturas” no capitalismo?
John Holloway – Os
distúrbios das últimas semanas [junho e julho] no Rio de Janeiro, São
Paulo, Istambul, Estocolmo, Sofia, Atenas, começaram por razões
diferentes, mas acho que, em todas as ruas do mundo, todos estão dizendo
o mesmo canto: “O capitalismo é um fracasso, um fracasso, um fracasso!”
Ser anticapitalista é a coisa mais comum do mundo. Todos sabemos que o
capitalismo é um desastre, que está destruindo a humanidade. O problema é
que não sabemos como sair daqui, como criar um mundo digno. Os velhos
modelos de revolução não servem, temos de pensar em novas maneiras de
conseguir uma mudança revolucionária.
Não é uma questão de inventar um
programa, mas de observar como as pessoas já estão rejeitando o
capitalismo e tratando de construir outras formas de viver, formas mais
sensatas de se relacionar. Há tentativas de uma beleza espetacular, como
a dos zapatistas em Chiapas, que há 20 anos estão dizendo: “Nós não
vamos aceitar a agressão capitalista, aqui vamos construir outra forma
de viver, outra maneira de nos organizarmos.”
Podemos pensar também nas muitas lutas
atuais contra mineradoras na América Latina, onde as pessoas estão
dizendo claramente: “Nós não vamos aceitar a lógica do capital, vamos
defender uma vida baseada em outros princípios, vamos defender a
comunidade e a nossa relação com a terra”. Ou mesmo podemos pensar em um
grupo de estudantes que concordam em não querer dedicar suas vidas a
serem explorados por uma empresa e vão caminhar no sentido contrário, se
dedicando a fazer outra coisa, criando um centro social, uma horta
comunitária ou qualquer outra coisa.
Podemos pensar nesses diferentes
exemplos como rachaduras ou fissuras, como rupturas na estrutura de
dominação. Quando nos concentramos nisso, percebemos que o mundo está
cheio de fissuras, cheio de revoltas. Todas são contraditórias, todas
têm seus problemas, mas a única maneira que eu penso a revolução, hoje, é
em termos de criação, expansão, multiplicação e confluência dessas
fissuras, desses espaços ou momentos em que dizemos: “Nós não aceitamos a
lógica do capital, vamos criar outra coisa”.
Fórum – Em seu primeiro livro publicado no Brasil, Mudar o mundo sem tomar o poder, o senhor critica o estadocentrismo de parte da esquerda. Como é possível provocar mudanças sem tomar o poder do Estado?
Holloway – A maneira
mais óbvia para alcançar a mudança é por meio do Estado, e, sim, houve
mudanças nos atuais governos de esquerda na América Latina. O problema é
que o Estado é uma forma específica de organização que surgiu com o
capitalismo e que tem tido a função, nos últimos séculos, de promover a
acumulação do capital. O Estado, por seus hábitos e detalhes de seu
funcionamento, exclui as pessoas, limitando a sua participação, no caso
das democracias, no ato simbólico de votar a cada quatro ou seis anos.
Então, se queremos realizar mudanças
dentro do capitalismo, o Estado é uma forma adequada, nada mais.
Sabemos muito bem que o capitalismo é uma dinâmica suicida para a
humanidade. Se quisermos ir além do capitalismo, não tem sentido
escolher uma forma de organização especificamente capitalista, que
exclui sistematicamente as pessoas. É por isso que os movimentos de
revolta se organizam de forma diferente, de forma includente, pelas
assembleias, conselhos, comunas, formas de organização baseadas na
tentativa de articular as opiniões e desejos de todos. A única maneira
de romper com o capitalismo é por meio dessas formas anticapitalistas.
Fórum – Do livro Mudar o mundo sem tomar o poder para Fissurar o Capitalismo, o que mudou? Houve algum processo ou movimento que o influenciou?
Holloway – Não houve
nenhum movimento específico. Creio que depois de 2001/2002, na Argentina
surge uma questão. E agora? Para onde vamos? Como manter o ritmo?
E se tornou mais evidente que não é
suficiente gritar nas ruas e derrubar governos. Se depois das
manifestações do fim de semana temos que voltar a vender nossa força de
trabalho na segunda-feira – ou tentar vendê-la –, não haverá mudado
muito.
A nossa força depende da capacidade de
dizermos “não”, não só para os políticos, mas também para os
capitalistas, que eles vão para o inferno.
Para isso, precisamos desenvolver uma vida que não dependa deles. Parece irreal, talvez, mas é o que as pessoas estão fazendo por todos os lados, por opção ou necessidade. Nas fissuras.
Para isso, precisamos desenvolver uma vida que não dependa deles. Parece irreal, talvez, mas é o que as pessoas estão fazendo por todos os lados, por opção ou necessidade. Nas fissuras.
Fórum – Recentemente, vêm
ocorrendo muitos protestos no Brasil que questionaram as tarifas dos
transportes públicos e os gastos públicos na construção dos estádios
para a Copa do Mundo, enquanto as cidades têm vários problemas. O senhor
fala em seu livro das fissuras espaciais nas cidades. Por que as
cidades seriam um campo fértil para essas fissuras?
Holloway – É a obscenidade do mundo de hoje. Começa com as tarifas de transportes públicos ou gastos públicos, ou corrupção ou destruição de um parque – como em Istambul –, mas o que explode é realmente uma raiva contra um mundo obsceno, um mundo de injustiças grotescas de violência que ultrapassa a compreensão, de destruição sistemática da natureza, um mundo que nos ataca em nossos interesses, mas que também nos insulta como seres humanos. Essas explosões que temos visto nos últimos meses ocorrem mais facilmente em cidades onde a obscenidade do sistema se impõe de forma muito agressiva. Mas o grande desafio é como ir construindo espaços para um mundo não obsceno, que vão contra e para além do capitalismo. Esta luta por um mundo digno é o que chamamos normalmente vida, ou amor, ou revolução.
Holloway – É a obscenidade do mundo de hoje. Começa com as tarifas de transportes públicos ou gastos públicos, ou corrupção ou destruição de um parque – como em Istambul –, mas o que explode é realmente uma raiva contra um mundo obsceno, um mundo de injustiças grotescas de violência que ultrapassa a compreensão, de destruição sistemática da natureza, um mundo que nos ataca em nossos interesses, mas que também nos insulta como seres humanos. Essas explosões que temos visto nos últimos meses ocorrem mais facilmente em cidades onde a obscenidade do sistema se impõe de forma muito agressiva. Mas o grande desafio é como ir construindo espaços para um mundo não obsceno, que vão contra e para além do capitalismo. Esta luta por um mundo digno é o que chamamos normalmente vida, ou amor, ou revolução.
Fórum – Também vimos vários
movimentos que questionam a democracia representativa (os 99% contra os
1%), como Occupy e o 15-M na Espanha.
Holloway – Os
movimentos dos indignados e os Occupy são parte da mesma explosão de
cansaço e raiva. Temos aceitado este sistema que está nos matando por
tanto tempo, mas já basta! É o grito da revolta zapatista de 1994 que
está ecoando em um lugar após o outro. Basta! O sistema representativo é
parte deste sistema obsceno, não faz nada para mudá-lo, só dá mais
força. A desilusão segue na eleição de qualquer governo “progressista”
(Lula, Dilma, os Kirchner, Obama), abre nos melhores casos outras
perspectivas, as pessoas percebem que a mudança não pode ser feita por
meio do Estado e começam a pensar na política de outra maneira.
Fórum – No livro, o senhor
aborda a questão do tempo abstrato ou o tempo da futura revolução. Como
as novas tecnologias mudam a relação entre o presente e o futuro, aqui e
agora, e também do trabalho? Por exemplo, qual é o efeito da
transmissão dos protestos em tempo real através da internet?
Holloway – O “Basta!” rompe com o
conceito tradicional que coloca a revolução no futuro. Antes se falava
da paciência revolucionária como uma virtude: tinha que ir construindo
o movimento, preparando-se para o grande dia, no futuro, o grande dia
que nunca chegou, ou se chegou não foi o que pensávamos que seria.
Agora, está claro que não podemos esperar, temos de quebrar o sistema
atual, aqui e agora, onde podemos. Temos de quebrar os relógios,
rejeitar a homogeneidade, a continuidade e disciplina que eles
incorporam. Creio que o uso das novas tecnologias para transmitir os
protestos é importante, mas não produz o “Basta”, pode dar uma força
contagiante que impressione. F
Fissurar o capitalismo
272 páginas
R$ 35
http://revistaforum.com.br/blog/2013/10/nossa-forca-depende-da-capacidade-de-dizermos-nao/
Contra a moral, a religião e a filosofia
Por Ricardo Musse.
Comemoramos
neste ano o centenário do nascimento de Albert Camus. Aproveitando a
ocasião, redigi um breve comentário sobre seu principal livro, o romance
O estrangeiro.
Em O estrangeiro,
a morte está sempre presente. Ela determina os limites da narração que
começa com a morte da mãe do personagem e termina com a aurora do dia de
sua execução. É sob seu signo que ocorrem os três acontecimentos
cruciais do livro, condensados, por ocasião do julgamento, numa unidade:
o enterro da mãe, o assassinato do árabe e a condenação à morte de
Meursault. É, portanto, a partir dela, na expectativa de apreender a
concepção própria de Camus acerca da morte, ou melhor, da vida e do
“absurdo”, que convém interrogar o livro.
Primeiro
cabe indagar acerca do caráter inexplicável do personagem principal. Aos
nossos olhos – e no interior do mundo diegético –, aos olhos dos que o
julgaram, aos olhos de sua amante e, às vezes, mesmo perante seus olhos,
Meursault é um estrangeiro. Mas também é um estranho que nos é próximo,
pois comungamos seu alheamento, sua “inocência”, sua cegueira. São
traços que decorrem da própria condição humana, da separação entre o
homem e sua vida, entre o ator e o cenário, do confronto entre o apelo
humano e o silêncio irracional do mundo, ou ainda, do “divórcio entre as
aspirações do homem em direção à unidade e o dualismo insuplantável de
espírito e natureza, entre o elã do homem rumo ao eterno e o caráter finito de sua existência” (Sartre).
Mas, se
todos nós estamos sujeitos ao acaso, ao pluralismo irredutível dos
significados, à ininteligibilidade do real, à morte, isto é, às diversas
faces do absurdo, Meursault nos é incompreensível exatamente porque, um
passo à nossa frente, ele possui a nítida compreensão de que seu eu não
se confunde com o mundo. Ser à parte, estrangeiro, ele é tão só o homem
posto frente ao mundo e, portanto, situado num universo privado de
ilusões e de esclarecimentos, num exílio sem saída, carente tanto das
lembranças de uma pátria perdida quanto da esperança de uma terra
prometida. Adquiriu, por conseguinte, a lúcida consciência do absurdo da
existência humana.
Assim
definida, a consciência do absurdo é pensada por Camus como o oposto da
filosofia socrática. Ela não deve ensinar os homens a morrer, mas a
viver. Ela não conduz a nenhuma forma de consolo, mas repelindo a
servidão, gera um estado de permanente revolta. Ela não se assenta em
nenhuma moral de renúncia, de resignação, mas numa “paixão do absurdo”,
sob a qual tudo é permitido.
O personagem de L’étranger, porém, não se confunde com o homem revoltado que Camus esboça em O mito de Sísifo,
da mesma forma que o romance não se situa no mesmo terreno que a
filosofia. Enquanto esta procura explicar e demonstrar por meio de uma
confrontação, de uma comparação, a ideia de absurdo, o romance
simplesmente descreve, inspirando indignação, o sentimento do absurdo.
Esta
descrição, entretanto, não é aleatória, não é o puro relato de
experiências equivalentes, quantitativas que, segundo Camus,
caracterizam a vida do homem absurdo. É possível detectar ao longo do
romance uma direção, um vetor que orienta a narração. Esta se estrutura
como um relato de “formação” – como uma espécie de fenomenologia – da
consciência acerca da morte.
A narrativa é
composta, portanto, numa gradação, por experiências qualitativamente
diferentes. O absurdo é descrito no livro deste a primeira frase.
Meursault, porém, só se torna um “homem revoltado”, abandonando sua
“tranquilidade”, seu estado passivo, num momento preciso, no final do
romance.
É verdade
que não há uma experiência da morte, pois só há experiência, em sentido
próprio, daquilo que foi vivido e tornado consciente. Mas há
aproximações, situações em que a morte apresenta-se, não como um limite,
mas como algo presente, como algo que toca a consciência. É quando se
desmorona o nosso modo de agir cotidiano, o hábito de viver ignorando
sua presença e sua realidade.
A primeira
aproximação à morte no romance, cronológica e lógica, é a morte da mãe e
a simbologia – velório, enterro – que a cerca. O horror desse fato, no
entanto, não foi suficiente para convencer Meursault da efetividade da
morte. Ele sente, no máximo, uma sensação de perda que, aliás, nem se
manifesta no momento, mas inesperadamente, depois de tudo acabado.
Tampouco o
crime, a morte do outro, concretizada por intermédio de um gesto seu,
mostrou-se suficiente para persuadi-lo. A sensação de ser culpado
significa para ele apenas que deve pagar por isso. Somente a perspectiva
da própria morte, a certeza de que – após a recusa do último recurso – a
condenação é inescapável, o leva à compreensão da morte, a adquirir
consciência de seu caráter irremediável.
A morte,
nesse sentido, diz ele, consiste na “única coisa verdadeiramente
interessante para um homem”. Compreensão, aqui, porém, não significa
aceitação, resignação. Ao contrário, só essa compreensão lhe permite
vivenciar, em toda a sua força, o absurdo da existência. Ele acede aí à
disponibilidade perfeita, à privação de esperança e de futuro, que nos é
dada pela consciência da vida absurda. É, portanto, a condenação à
morte, a certeza inabalável da proximidade da morte que fornece a
Meursault a possibilidade de se revoltar. Só esta aproximação o leva a
suplantar a passividade, a indiferença e o conduz a uma revolta tenaz
contra sua condição, a uma ausência de esperança e a uma insatisfação
consciente.
A revolta
assume, então, uma dupla face: revolta contra a realidade da morte, mas
também revolta contra o que diz o capelão, contra as mensagens daqueles
que pregam a renúncia. Revolta, em suma, contra a moral, a religião e a
filosofia que procuram consolar e o impede de opor-se, de negar, de
rebelar-se. Assim, é só no final, após o diálogo com o capelão, que
Meursault, uma vez completa a sua “formação”, pode ser comparado a
Sísifo em seu desprezo pelos deuses, em seu ódio à morte e paixão pela
vida.
Referências bibliográficas
CAMUS, Albert. O estrangeiro. Tradução: Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro: Record, 2008.
CAMUS, Albert, O mito de Sísifo. Tradução: Ari Roitman e Paulina Wacht. Rio de Janeiro: Record, 2008.
SARTRE, Jean-Paul. Situações I: Críticas literárias. Tradução: Cristina Prado. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
***
Ricardo Musse
é professor no departamento de sociologia da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo. Doutor
em filosofia pela USP (1998) e mestre em filosofia pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (1992). Atualmente, integra o Laboratório
de Estudos Marxistas da USP (LEMARX-USP) e colabora para a revista Margem Esquerda: ensaios marxistas, publicação da Boitempo Editorial. Colabora para o Blog da Boitempo mensalmente, às sextas.
Contra a moral, a religião e a filosofia
Por Ricardo Musse.
Comemoramos
neste ano o centenário do nascimento de Albert Camus. Aproveitando a
ocasião, redigi um breve comentário sobre seu principal livro, o romance
O estrangeiro.
Em O estrangeiro,
a morte está sempre presente. Ela determina os limites da narração que
começa com a morte da mãe do personagem e termina com a aurora do dia de
sua execução. É sob seu signo que ocorrem os três acontecimentos
cruciais do livro, condensados, por ocasião do julgamento, numa unidade:
o enterro da mãe, o assassinato do árabe e a condenação à morte de
Meursault. É, portanto, a partir dela, na expectativa de apreender a
concepção própria de Camus acerca da morte, ou melhor, da vida e do
“absurdo”, que convém interrogar o livro.
Primeiro
cabe indagar acerca do caráter inexplicável do personagem principal. Aos
nossos olhos – e no interior do mundo diegético –, aos olhos dos que o
julgaram, aos olhos de sua amante e, às vezes, mesmo perante seus olhos,
Meursault é um estrangeiro. Mas também é um estranho que nos é próximo,
pois comungamos seu alheamento, sua “inocência”, sua cegueira. São
traços que decorrem da própria condição humana, da separação entre o
homem e sua vida, entre o ator e o cenário, do confronto entre o apelo
humano e o silêncio irracional do mundo, ou ainda, do “divórcio entre as
aspirações do homem em direção à unidade e o dualismo insuplantável de
espírito e natureza, entre o elã do homem rumo ao eterno e o caráter finito de sua existência” (Sartre).
Mas, se
todos nós estamos sujeitos ao acaso, ao pluralismo irredutível dos
significados, à ininteligibilidade do real, à morte, isto é, às diversas
faces do absurdo, Meursault nos é incompreensível exatamente porque, um
passo à nossa frente, ele possui a nítida compreensão de que seu eu não
se confunde com o mundo. Ser à parte, estrangeiro, ele é tão só o homem
posto frente ao mundo e, portanto, situado num universo privado de
ilusões e de esclarecimentos, num exílio sem saída, carente tanto das
lembranças de uma pátria perdida quanto da esperança de uma terra
prometida. Adquiriu, por conseguinte, a lúcida consciência do absurdo da
existência humana.
Assim
definida, a consciência do absurdo é pensada por Camus como o oposto da
filosofia socrática. Ela não deve ensinar os homens a morrer, mas a
viver. Ela não conduz a nenhuma forma de consolo, mas repelindo a
servidão, gera um estado de permanente revolta. Ela não se assenta em
nenhuma moral de renúncia, de resignação, mas numa “paixão do absurdo”,
sob a qual tudo é permitido.
O personagem de L’étranger, porém, não se confunde com o homem revoltado que Camus esboça em O mito de Sísifo,
da mesma forma que o romance não se situa no mesmo terreno que a
filosofia. Enquanto esta procura explicar e demonstrar por meio de uma
confrontação, de uma comparação, a ideia de absurdo, o romance
simplesmente descreve, inspirando indignação, o sentimento do absurdo.
Esta
descrição, entretanto, não é aleatória, não é o puro relato de
experiências equivalentes, quantitativas que, segundo Camus,
caracterizam a vida do homem absurdo. É possível detectar ao longo do
romance uma direção, um vetor que orienta a narração. Esta se estrutura
como um relato de “formação” – como uma espécie de fenomenologia – da
consciência acerca da morte.
A narrativa é
composta, portanto, numa gradação, por experiências qualitativamente
diferentes. O absurdo é descrito no livro deste a primeira frase.
Meursault, porém, só se torna um “homem revoltado”, abandonando sua
“tranquilidade”, seu estado passivo, num momento preciso, no final do
romance.
É verdade
que não há uma experiência da morte, pois só há experiência, em sentido
próprio, daquilo que foi vivido e tornado consciente. Mas há
aproximações, situações em que a morte apresenta-se, não como um limite,
mas como algo presente, como algo que toca a consciência. É quando se
desmorona o nosso modo de agir cotidiano, o hábito de viver ignorando
sua presença e sua realidade.
A primeira
aproximação à morte no romance, cronológica e lógica, é a morte da mãe e
a simbologia – velório, enterro – que a cerca. O horror desse fato, no
entanto, não foi suficiente para convencer Meursault da efetividade da
morte. Ele sente, no máximo, uma sensação de perda que, aliás, nem se
manifesta no momento, mas inesperadamente, depois de tudo acabado.
Tampouco o
crime, a morte do outro, concretizada por intermédio de um gesto seu,
mostrou-se suficiente para persuadi-lo. A sensação de ser culpado
significa para ele apenas que deve pagar por isso. Somente a perspectiva
da própria morte, a certeza de que – após a recusa do último recurso – a
condenação é inescapável, o leva à compreensão da morte, a adquirir
consciência de seu caráter irremediável.
A morte,
nesse sentido, diz ele, consiste na “única coisa verdadeiramente
interessante para um homem”. Compreensão, aqui, porém, não significa
aceitação, resignação. Ao contrário, só essa compreensão lhe permite
vivenciar, em toda a sua força, o absurdo da existência. Ele acede aí à
disponibilidade perfeita, à privação de esperança e de futuro, que nos é
dada pela consciência da vida absurda. É, portanto, a condenação à
morte, a certeza inabalável da proximidade da morte que fornece a
Meursault a possibilidade de se revoltar. Só esta aproximação o leva a
suplantar a passividade, a indiferença e o conduz a uma revolta tenaz
contra sua condição, a uma ausência de esperança e a uma insatisfação
consciente.
A revolta
assume, então, uma dupla face: revolta contra a realidade da morte, mas
também revolta contra o que diz o capelão, contra as mensagens daqueles
que pregam a renúncia. Revolta, em suma, contra a moral, a religião e a
filosofia que procuram consolar e o impede de opor-se, de negar, de
rebelar-se. Assim, é só no final, após o diálogo com o capelão, que
Meursault, uma vez completa a sua “formação”, pode ser comparado a
Sísifo em seu desprezo pelos deuses, em seu ódio à morte e paixão pela
vida.
Referências bibliográficas
CAMUS, Albert. O estrangeiro. Tradução: Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro: Record, 2008.
CAMUS, Albert, O mito de Sísifo. Tradução: Ari Roitman e Paulina Wacht. Rio de Janeiro: Record, 2008.
SARTRE, Jean-Paul. Situações I: Críticas literárias. Tradução: Cristina Prado. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
***
Ricardo Musse
é professor no departamento de sociologia da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo. Doutor
em filosofia pela USP (1998) e mestre em filosofia pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (1992). Atualmente, integra o Laboratório
de Estudos Marxistas da USP (LEMARX-USP) e colabora para a revista Margem Esquerda: ensaios marxistas, publicação da Boitempo Editorial. Colabora para o Blog da Boitempo mensalmente, às sextas.
http://blogdaboitempo.com.br/2013/11/29/contra-a-moral-a-religiao-e-a-filosofia/
sábado, 21 de dezembro de 2013
Ghost Wife by Michelle Dicinoski
At the heart of this memoir, written by Brisbane based lesbian author Michelle Dicinoski, is a love story.
Reviewed by Sanya Franich
These two inspiring young women, however, refused to let the story end there.
It’s 2005 - just one year after the Howard government’s now infamous Marriage Amendment Act 2004, which states “Marriage means the union of a man and a woman to the exclusion of all others, voluntarily entered into for life.” It was also a time where only one state in America – Massachusetts – recognised same sex marriage. The Marriage Equality fight was not one that much garnered space in newspapers or on the evening news. A brutally honest assessment would suggest that most people in the hetero-mainstream either disagreed with same-sex marriage, or they couldn’t have cared less.
So what began as a fanciful idea, turns into a journey full of love, laughter, hope, frustration and ultimately joy, as Michelle and Heather travel from Australia, to the US and onto Canada, a country that had just, that very year, legalised same-sex marriage, and was one of only four countries in the world that had done so. It is here that they marry, but it’s a marriage short-lived as they must leave it at the border – no longer legal once they leave the land of the maple leaf andice hockey.
The title of the memoir springs from theheart-breaking reality that once Michelle and Heather are outside of Canada they face becoming a ‘ghost wife’. Not recognised in either the US or Australia, where the best they can hope for is recognition as a de facto couple, as each other’s ‘partner’, not each other’s wife.
There are moments of sadness in this story –Michelle’s family are deeply homophobic and unaccepting of her marriage to Heather, and then there’s the reality of theirmarriage status once they leave Canada. But there are also moments of sheer joy – the open-armed love and acceptance of Michelle by Heather’s American family; the moment of connection that she shares with Heather’s frail and elderly grandfather; and the commitment that these two women make– evident in their journey half way around the world to demonstrate their love for one another.
Dicinoski scatters through her story brief histories of lesbians from bygone eras, and the struggles they underwent to make a life together, their love more often than not deeply hidden from mainstream society. I found these stories fascinating and the overall memoir could have been enhanced further with more of these included.
Heart-warming, funny and ultimately full of hope, Ghost Brideis an entertaining read that will take you on the journey of two young women on the road to recognition.
http://www.lotl.com/gay-lesbian-giveaways-aus-nz/tickets/Ghost-Wife-by-Michelle-Dicinoski/
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
'Sou vegano, não conheço a desnutrição'
Em resposta ao crítico da Folha, autor defende que dieta sem derivados de origem animal é perfumada e saborosa
ROBERTO JULIANO
ESPECIAL PARA A FOLHAOs vegetarianos estão bem acompanhados. Contam entre seus pares com Sócrates, Darwin, Newton, Pitágoras, Rousseau, além de Voltaire, Ovídio, Albert Einstein, Leonardo da Vinci e multidões de famosos e anônimos pelo mundo afora e história adentro. É um elenco e tanto.
Mas isso parece nada significar diante das perguntas definitivas dos defensores da carne como item obrigatório do cardápio: "E as minhas proteínas? Vão me fazer falta, não vão? Como substituir?". Com efeito!
Não há para os humanos necessidade de ingerir proteínas de origem animal em qualquer fase da vida, explica-nos o dr. Eric Slywitch, nutrólogo especializado em alimentação vegana. E vai além: todos os aminoácidos essenciais estão presentes nas proteínas vegetais e faz já um quarto de século que o erro de afirmar ser a carne necessária como provedora de proteína foi derrubado. O mesmo vale para leite e ovos.
Assim, causa espanto ler, na reportagem de Josimar Melo, explicação de nutricionista afirmando que "tirando os produtos animais da dieta normal causamos uma carência de nutrientes fundamentais: proteína, cálcio e vitamina B12, além de ferro e vitamina D", na contramão do conhecimento científico mais comezinho --o de que é saudável a dieta vegana-- e induzindo o crítico da Folha a erros, coisa grave por se tratar de formador de opinião com espaço certo na mídia.
Melo também escreveu que não se animou a transformar sua cozinha em farmácia, nem suas receitas culinárias em receitas médicas. Está certo ele, que eu também não gosto de "pharmácia". Gosto de comida boa, perfumada, saborosa, colorida e requintada: sou vegano.
Desnutrido, eu? Olheiras?
Desnutrição eu não conheço, embora há dez anos não participe da matança nem me preocupe com substitutivos. Só faltava! Não tive que substituir nada, mas somente retirar a carne do cardápio --vale dizer, carne, ovos, laticínios. Qualquer pessoa que se alimente com o número mínimo de calorias diversificadas necessárias a sua sobrevivência terá a contrapartida das tão famosas proteínas.
Quem já ouviu falar em pessoa com carência de proteínas? Retiro as minhas dos feijões que como, das lentilhas, até do arroz (sim!). Ferro? Verduras escuras e feijão. B12? Vamos aos orgânicos. Vitamina D? É de rir largado! Precisa mais do que o Sol?
Forçoso dizer: depois que o vegetarianismo é alcançado, começa uma exigência maior em relação aos alimentos: foge-se dos agrotóxicos, dos transgênicos, dos alimentos cujo cultivo ameaça o equilíbrio planetário, dos ingredientes que não têm a chancela do ecologicamente correto, e adquirem-se hábitos saudáveis, experimentam-se sabores e texturas antes nem suspeitados, buscam-se alimentos nutritivos.
É raro o veganismo desinformado, até porque temos razões diversas, nem sempre conjuntas, para nos afastarmos do consumo de animais mortos como se fossem comida: são razões de gosto, de saúde, de compaixão.
Deixemos de trela: ninguém precisa, aliás nem deve, entupir-se de soja para repor ou suplementar pedaços de cadáveres e derivados da crueldade para com os animais. Soja é apenas um grão nutritivo versátil, presta-se a preparações culinárias saborosas, consome quem quer e é oferecida por essas qualidades e por sua textura.
Em uma coisa, porém, Melo acertou: comer fora de casa vira um problema.
É difícil encontrar um chef qualificado para oferecer azeite extravirgem delicado como um toque mediterrâneo de apurado gosto em vez da famigerada manteiga, colesterol puro, talvez preferível em cápsulas ou injetável, como uma droga qualquer.
Qual a dieta que faz mal à saúde? Na dúvida, exames de sangue: taxas de colesterol, triglicérides...
Por falar nisso, como andam suas taxas?
ROBERTO JULIANO é professor de literatura, crítico de arte e autor do livro "O Dilema do Vegano" (ed. Tapioca)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/comida/141809-sou-vegano-nao-conheco-a-desnutricao.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/comida/141809-sou-vegano-nao-conheco-a-desnutricao.shtml
ELES MANDAM
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Mais...
02/12/2013 - 15:48
Clube do Bolinha e poucos trabalhadores
As mulheres ainda têm uma presença bastante
tímida nos Conselhos de Administração. Segundo o estudo da Repórter
Brasil, com base nas 113 maiores grupos (lista que inclui empresas de
capital aberto e fechado, holdings e o BNDES) do Brasil a partir do
Anuário da revista Exame, são 971 conselheiros, sendo que apenas 72 são
mulheres, ou seja, só 7,4% do total. Cabe ressaltar que, no Brasil, as
mulheres com ensino superior completo que têm entre 40 e 69 anos – faixa
etária da maior parte dos conselheiros – correspondem a 54% da
população economicamente ativa, de acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Em relação aos dez maiores fundos de
pensão do Brasil, são 79 conselheiros, sendo que nove são mulheres, ou
11% do total.
A presença feminina nos altos cargos de diretoria também é reduzida. Um estudo da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, divulgado esse ano, revela que, nos últimos dez anos, a presença feminina nos altos cargos em companhias brasileiras se manteve estagnada, com média de 8%. Enquanto a participação das mulheres na diretoria executiva aumentou de 4,2% para 7,7% nesse período, nos conselhos de administração caiu de 9,8% para 7,5%. Foram analisados 73.901 cargos na alta administração de 837 companhias de capital aberto, entre 1997 e 2012.
Poucos trabalhadores - Em algumas empresas privadas, empregados têm um assento no Conselho de Administração, mas isso é mais exceção do que regra. É preciso destacar uma recente lei federal, editada no fim do governo Lula, em 28 de dezembro de 2010. A nova legislação prevê que os estatutos das empresas públicas e sociedades de economia mista em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto, deverão prever a participação de um representante dos empregados nos conselhos de administração das empresas públicas.
A Lei se aplica apenas a estatais que tenham mais de 200 funcionários em seu quadro de pessoal. O representante dos trabalhadores será escolhido entre os empregados ativos da empresa pelo voto direto de seus colegas, por meio de uma eleição organizada pela estatal em conjunto com as entidades sindicais que os representem. A Lei 12.353 estabelece que, em assuntos de conflitos de interesse, como demissões ou reajustes salariais, os conselheiros alinhados com trabalhadores não poderiam participar das decisões do colegiado. A medida deve envolver 59 empresas estatais.
A presença feminina nos altos cargos de diretoria também é reduzida. Um estudo da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, divulgado esse ano, revela que, nos últimos dez anos, a presença feminina nos altos cargos em companhias brasileiras se manteve estagnada, com média de 8%. Enquanto a participação das mulheres na diretoria executiva aumentou de 4,2% para 7,7% nesse período, nos conselhos de administração caiu de 9,8% para 7,5%. Foram analisados 73.901 cargos na alta administração de 837 companhias de capital aberto, entre 1997 e 2012.
Poucos trabalhadores - Em algumas empresas privadas, empregados têm um assento no Conselho de Administração, mas isso é mais exceção do que regra. É preciso destacar uma recente lei federal, editada no fim do governo Lula, em 28 de dezembro de 2010. A nova legislação prevê que os estatutos das empresas públicas e sociedades de economia mista em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto, deverão prever a participação de um representante dos empregados nos conselhos de administração das empresas públicas.
A Lei se aplica apenas a estatais que tenham mais de 200 funcionários em seu quadro de pessoal. O representante dos trabalhadores será escolhido entre os empregados ativos da empresa pelo voto direto de seus colegas, por meio de uma eleição organizada pela estatal em conjunto com as entidades sindicais que os representem. A Lei 12.353 estabelece que, em assuntos de conflitos de interesse, como demissões ou reajustes salariais, os conselheiros alinhados com trabalhadores não poderiam participar das decisões do colegiado. A medida deve envolver 59 empresas estatais.
http://reporterbrasil.org.br/2013/12/clube-do-bolinha/
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