segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Oncologista Antônio Carlos Buzaid fala sobre tratamentos contra o câncer

20/03/2019 - 00h30min  

 Felipe Nunes

Tratamento que estimula as células de defesa do paciente a atacarem tumor ganha destaque no 3º Congresso de Cancerologia realizado na última semana em Rio Preto 

 

Objeto de diversas de pesquisas ao redor do mundo e com recentes descobertas de resultados promissores no tratamento de diversos tipos de câncer, a imunoterapia foi destaque durante a 3ª edição do Encontro de Cancerologia do Interior Paulista (Ecip), realizado entre os dias 14 e 16 de março, na Famerp, em Rio Preto.
O tratamento não é novo, mas os resultados positivos colocam a terapia cada vez mais em evidência por ter apresentado um dos principais avanços no tratamento da doença. Segundo especialistas, os medicamentos têm apresentado efeitos satisfatórios que melhoram a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes diagnosticados com câncer grave. De acordo com especialistas, o medicamento estimula as células de defesa do paciente a atacarem o tumor. A imunoterapia estimula o corpo a produzir anticorpos e combater as células cancerígenas.
O encontro contou com a presença do oncologista de renome internacional Antônio Carlos Buzaid, diretor do Centro Oncológico do Hospital Beneficência Portuguesa e membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Albert Einstein, ambos de São Paulo. Segundo o Buzaid, respostas interessantes foram registradas a partir de uma série de novos medicamentos que foram criados para aumentar os organismos de defesa do corpo durante o combate ao câncer.
"No tratamento com a imunoterapia, o paciente pode ter um controle maior do câncer e, assim, aumentar sua expectativa de vida, com mais qualidade", explica.
As descobertas recentes tornaram o tratamento um dos temas mais importantes da oncologia no mundo, por conta de sua relevância no tratamento do câncer. Para Buzaid, estudos em pacientes no país e no exterior mostraram que foi possível mudar a forma como o sistema imune do próprio paciente vê o câncer. "Ele passa a atacar a célula cancerosa com o objetivo de matá-la. Isso significa manipular o sistema de alguma forma para aumentar sua eficácia com o objetivo de eliminar a célula cancerosa", destacou.

Tratamento simultâneo

As duas grandes áreas que mais crescem são a imunoterapia isolada ou em combinação com a quimioterapia. E, mesmo com os recentes resultados positivos apresentados pelo tratamento com a imunoterapia, tratamentos tradicionais como a quimioterapia e a radioterapia não devem ser eliminados a curto prazo. Isso porque diversos tratamentos mostraram uma maior eficácia na combinação das terapias. O oncologista esclarece que a combinação da quimio com a imunoterapia tem se mostrado uma estratégia apropriada para certos tipos de câncer. Entre os exemplos mais importantes está o tratamento do câncer de pulmão, para o qual a combinação dos dois tratamentos apresenta resultados claramente melhores do que a quimioterapia. O tratamento também apresentou bons resultados em pacientes com melanoma, câncer de rim, de cabeça e pescoço. 
A imunoterapia isolada também apresenta resultados positivos. "Uma pequena parcela, mesmo com câncer de pulmão, consegue ser curada com a imunoterapia isolada".

Alimentação

Durante sua apresentação para os participantes do Encontro, o oncologista esclareceu como a alimentação pode influenciar no surgimento da doença. Entre os alimentos cancerígenos, ele destaca a linguiça, salsicha, bacon e até o peito de peru, pois eles contêm quantidade consideráveis de nitratos. Essas substâncias, em contato com o estômago, viram nitrosaminas, substâncias consideradas mutagênicas, capazes de promover mutação do material genético.
Além das comidas, as bebidas também podem ter efeito cancerígeno. A bebida gaseificada, além de conter muito sal em forma de sódio, possui adoçantes associados ao aparecimento de câncer. O ciclamato de sódio, por exemplo, é proibido nos Estados Unidos, mas ainda é utilizado no Brasil, principalmente em refrigerantes "zero". Essa substância aumenta o risco de aparecimento de câncer no trato urinário.

Ecip

Considerado um dos maiores da oncologia no interior do país, o encontro reuniu centenas de especialistas de todas regiões do Brasil, além de convidados de renome internacional. O evento é voltado para médicos, residentes, estudantes e profissionais que atuam na área da saúde.
Os três dias do encontro serão divididos em 10 diferentes módulos: mama; cabeça e pescoço; trato gastrointestinal; pulmão; urologia; pesquisa clínica; cardio-oncologia; princípios em oncologia; tumores raros e ginecológicos. Na edição do ano passado, o II Ecip reuniu 718 inscritos e 72 palestrantes, sendo considerado evento referência no Brasil em cancerologia na discussão diagnóstica, novos tratamentos e pesquisa.

Prêmio Nobel

Em 2018, o estudo sobre a terapia imune contra câncer levou o Prêmio Nobel de Medicina. Os vencedores foram os pesquisadores James P. Allison, dos EUA, e Tasuku Honjo, do Japão. Eles foram laureados com o prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia pela descoberta de uma terapia contra câncer por inibição da regulação imunológica negativa.
A descoberta dos cientistas foi considerada, na época, um marco na luta contra o câncer por estimular a capacidade do sistema imunológico de atacar as células cancerígenas soltando os freios das células do sistema imunológico.

Sem previsão para o SUS

Mesmo com os avanços do tratamento da imunoterapia contra o câncer, o preço limita o acesso ao tratamento. De acordo com o oncologista Antônio Carlos Buzaid, ainda não há uma previsão de quando o tratamento chegará ao Sistema Único de Saúde (SUS). "Essas drogas novas que são complexas, elas têm um alto custo. Então, a curto prazo não é possível colocá-las no Sistema Único de Saúde", explicou.
Entre os medicamentos aprovados no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma única caixa de pembrolizumab, por exemplo, utilizado para o tratamento de melanoma em estágio avançado, pode custar cerca de R$ 18,8 mil. O tratamento de um ano pode chegar a R$ 582 mil.

https://www.diariodaregiao.com.br/_conteudo/2019/03/vida_e_estilo/comportamento/1144344-oncologista-antonio-carlos-buzaid-fala-sobre-tratamentos-contra-o-cancer.html

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