"A homofobia está em apuros", diz professor da Universidade de Stanford
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Paul Robinson é historiador e professor de
Stanford, uma das universidades mais conceituadas do mundo. Especialista
em história intelectual européia, alcançou reputação internacional por
seus escritos sobre Freud e a história da música. Desde o início de sua
carreira, na década de 1960, no entanto, tem se dedicado a estudar o que
pensamos sobre o sexo. "É parte da nossa história intelectual tanto
quanto a história do pensamento político, econômico ou social", disse
ele em entrevista a Marguerite Rigoglioso, do jornal virtual Stanford News.
Faz
cinco décadas que ele se dedica ao estudo da evolução do mundo da
sexualidade gay. As mudanças culturais que ocorreram no período
provocaram o que ele define como "a erosão do armário" e a contínua
indefinição de limites sexuais. Segundo ele, com o casamento igualitário
legalizado em 19 dos 50 estados americanos e leis que previnem que
homossexuais sejam impedidos de servir nas forças armadas, gays e
lésbicas nunca tiveram tanta liberdade e direitos assegurados.SIGA O IGAY NO FACEBOOK
O professor Robinson é homossexual e acompanha de
camarote a evolução contínua da cultura gay. "Nos últimos 15 anos, a
homossexualidade tornou-se o assunto em tempo integral da minha
escrita", afirma o criador do seminário Autobiografia Gay, que oferece
aos alunos da universidade desde 2000. "Manter em segredo sua
homossexualidade é uma maneira particularmente americana de lidar com o
fato, mas há um sentimento crescente de que você não pode viver uma
mentira", observou Robinson.
O professor sabe muito
bem do que está falando. Sua própria trajetória até se entender com sua
sexualidade foi repleta de sofrimento, passando por tentativas de
"conversão" a partir do casamento e da religião. Em 1967 se assumiu para
amigos e família, mas demorou mais 15 anos para sair do armário para
seus colegas da Universidade de Stanford em 1982.
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Você vê homossexuais se casarem, estabelecerem uma família. Muitos estudantes gays assumem que serão pais. É uma situação radicalmente diferente de 20 ou 30 anos atrás, quando os homens homossexuais tinham animais de estimação, mas não filhos
Robinson diz que desde os anos 70 tem assistido a uma
série de mudanças nas atitudes, crenças e práticas dentro e sobre a
cultura gay. "As pessoas têm cada vez mais vindo a público, mesmo no
mundo do beisebol ou futebol, por exemplo", citou ele, que também
observou uma tendência ao que chama de "assimilação gay." "Você vê
homossexuais se casarem, estabelecerem uma família. Muitos estudantes
gays assumem que serão pais. É uma situação radicalmente diferente de 20
ou 30 anos atrás, quando os homens homossexuais tinham animais de
estimação, mas não filhos."
Ele confessa que ficou "agradavelmente
surpreso" com a velocidade dos fatos. "Tudo aconteceu muito de repente.
Pensei que ia demorar mais tempo", disse ele. "Tomo isso como evidência
de que a homofobia está em apuros, talvez fatalmente. "A procura por seu seminário está cada vez maior. Muitos estudantes de Stanford estão se inscrevendo, sem pudor de dizer aos colegas que frequentam o curso. O grupo é bem misturado e Autobiografia Gay agora atrai pessoas transexuais. "O tema do transgênero surge frequentemente nas discussões em classe, é uma questão que está sendo levantada por pessoas cada vez mais jovens", disse Robinson.
Sexualidade moderna
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Homens hetero podem ter uma experiência gay e não significa que sejam gays. Os gays estão abertos à possibilidade de se apaixonar por um hetero e o relacionamento dar certo. As pessoas não já não têm de definir se são heteros ou gays
Robinson afimrou que muitos estudantes se identificam
como "não-binários", recusando-se a obedecer a classificação masculino
ou feminino. Alguns estudantes se consideram "assexuados"; estão
interessados em relações românticas e não querem ter relações sexuais.
"As velhas categorias masculino-feminino, hetero-gay não são tão
estabelecidas como costumavam ser", disse ele. "Há uma sensação de que
praticamente todo mundo está em jogo", observou Robinson. "Homens hetero
podem ter uma experiência gay, mas não significa que sejam gays. Os
gays estão abertos à possibilidade de se apaixonar por um hetero e o
relacionamento dar certo. As pessoas não já não têm de definir se são
hetero ou gay. "
http://igay.ig.com.br/2014-09-19/a-homofobia-esta-em-apuros-diz-professor-da-universidade-de-stanford.html
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