O filósofo americano John Rawls investigou a justiça social. E criou uma teoria simplesmente brilhante
O que é uma sociedade justa?
O filósofo americano John Rawls (1921-2002) se debruçou sobre esta
pergunta. Em 1971, Rawls publicou um livro aclamado: “A Teoria da
Justiça”.
A idéia central de Rawls era a seguinte: uma sociedade justa é aquela
na qual, por conhecê-la e confiar nela, você aceitaria ser colocado de
maneira randômica, aleatória. Você estaria coberto pelo que Rawls chamou
de “véu de ignorância” em relação à posição que lhe dariam, mas isso
não seria um problema, uma vez que a sociedade é justa.
Mais de quarenta anos depois do lançamento da obra-prima de Rawls,
dois acadêmicos americanos usaram sua fórmula para fazer um estudo. Um
deles é Dan Ariely, da Universidade Duke, especializado em comportamento
econômico. O outro é Mike Norton, professor da Harvard Business School.
Eles ouviram pessoas de diferentes classes sociais. Pediram a elas
que imaginassem uma sociedade dividida em cinco fatias de 20%. E
perguntaram qual a fatia de riqueza que elas supunham que estava
concentrada em cada pedaço.
“As pessoas erraram completamente”, escreveu num artigo Ariely. “A
realidade é que os 40% de baixo têm 0,3% da riqueza. Quase nada. Os 20%
de cima têm 84%.”
Em seguida, eles aplicaram o “véu de ignorância de Rawls”. Como
deveria ser a divisão da riqueza para que eles se sentissem seguros caso
fossem colocados ao acaso na sociedade?
Veio então a maior surpresa dos dois acadêmicos: 94% dos
entrevistados descreveram uma divisão que corresponde à escandinava, tão
criticada pelos conservadores dos Estados Unidos por seu elevado nível
de bem-estar social, e não à americana. Na Escandinávia, os 20% de cima
têm 32% da riqueza. (Disse algumas vezes já e vou repetir: o modelo
escandinavo é o mais interessante que existe no mundo, um tipo de
capitalismo extremamente avançado do ponto de vista social.)
“Isso me levou a pensar”, escreveu Ariely. “O que fazer quando num
estudo você descobre que as pessoas querem um determinado tipo de
sociedade, mas ao olhar para a classe política parece que ninguém quer
isso?”
Bem, uma das respostas à questão está na eclosão de protestos nos
Estados Unidos. Os “99%” do movimento Ocupe Wall Street estão
esperneando por uma sociedade mais justa, que se encaixe na tese do “véu
de ignorância” de Rawls.
Os 99% não são representados nem pelos democratas e nem, muito menos,
pelos republicanos. Barack Obama e Mitt Romney jamais aceitariam ser
colocados aleatoriamente na sociedade americana tal como é. As chances
de que eles terminassem num lugar bem diferente daquele que ocupam
seriam enormes. Talvez eles tivessem que dormir em carros ou em
barracas, depois de perder a casa na crise econômica, como acontece hoje
com milhões de americanos.
Para usar o método de Rawls, eis aí a demonstração do que é uma sociedade injusta.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-melhor-teste-para-descobrir-se-uma-sociedade-e-justa/
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Golpe de vista – 1964 sob a perspectiva de Clarice e Otto
Em 27 de março, aconteceu no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro o evento Golpes de vista,
com o professor de literatura brasileira da USP e crítico literário
Augusto Massi. Nela, o professor traçou paralelos entre os romances O braço direito (1963), de Otto Lara Resende, e A paixão segundo G.H. (1964),
de Clarice Lispector, tendo como pano de fundo o quadro politico de
1964. O Instituto Moreira Salles é detentor do acervo completo de
Resende e de parte do acervo de Lispector.
Massi, que está cuidando da reedição da obra de Otto Lara
Resende pela Companhia das Letras, fez uma reflexão sobre como a palavra
golpe, questão importante nos dois livros, dialoga com o cenário
político brasileiro da época. O desafio do palestrante residia em
politizar histórias individuais de escritores cuja vocação literária não
parecia política e que não tinham a pretensão de falar do golpe
militar.
A ideia do golpe de vista, no entanto, é trabalhada como um
momento de violência, de torção, de mudança de curso que a literatura
tenta mimetizar. Em Clarice, por exemplo, ele surge em momentos em que
os personagens observam um elemento comum de relance – uma barata, um
cego mascando chiclete – e aquilo de repente parece mudar toda sua
perspectiva de vida. Tanto em O braço direito quanto em A paixão segundo G.H.,
esse procedimento está entranhado desde as primeiras páginas e a
palestra busca analisar como isso reflete a atmosfera de desassossego
que o país passava no ano de lançamento dessas obras.
A palestra de Massi, que contou com apresentação de Paulo Roberto Pires, foi parte da programação de Em 1964, que ao longo do ano se dedica a discutir os 50 anos do golpe militar.
Assista aqui à integra do debate Golpes de vista:
■ 2014 / Blog / Última atualização Abril 16, 2014 por admin / Tags:A paixão segundo G.H., Augusto Messi, Clarice Lispector, Golpes de vista, literatura brasileira, O braço direito, Otto Lara Resende, palestra, víde
http://em1964.com.br/golpe-de-vista-1964-sob-a-perspectiva-de-clarice-e-otto/
Dr. Alexandre Fogaça Cristante
Ortopedista – Trauma / Coluna
E-mail: aacristante@uol.com.br
Consultório 1:
Rua Guarará, 316 • Jd. Paulistano • CEP 01425-000 • (11) 3884-4543 / 3885-9008
Consultório 2:
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http://www.iothcfmusp.com.br/pt/institucional/corpo-clinico/dr-alexandre-fogaca-cristante/
Política
Editorial
Recordar é mal viver
Lembranças de dois momentos vividos como jornalista e como cidadão, a mostrar um Brasil muito complicado
por Mino Carta
—
publicado
18/04/2014 07:33
1
Nunca esquecerei aquele dia
de 2008, em que o ministro da Justiça, Tarso Genro, me telefonou em
estado de graça. “Viu, viu – disse no tom do entusiasmo –, acabamos de
prender Daniel Dantas.” Em ótima fé, premiava CartaCapital,
que nunca esmoreceu na denúncia das façanhas ilegais do banqueiro do
Opportunity. A Operação Satiagraha atingira o alvo. Em vão, como todos
sabem.
Com a colaboração inicial de Gilmar
Mendes, que ao longo do episódio chegou a “chamar às falas” o presidente
Lula e, secundado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, pediu a cabeça
do então diretor da Abin Paulo Lacerda, Dantas foi solto e vive até
hoje livre como um passarinho feliz. Melhor, como um pássaro graúdo e de
rapina a sobrevoar o País. Lacerda sofreu o ostracismo e foi exilado
para a embaixada em Lisboa, enquanto Gilmar Mendes afirmava ter sido
grampeado pela Abin juntamente com o então senador Demóstenes Torres, de
deplorável memória.
Mais tarde verificou-se que a Abin não
tinha condições técnicas para grampear quem quer que seja, nem por isso
houve algum gênero de desagravo a Lacerda, honrado delegado de límpida
carreira, tampouco para Protógenes Queiroz, que comandara a Satiagraha e
de quem pretendeu-se alegar a incompetência.
Também não consigo esquecer um dia do
final de 2005, quando Paulo Lacerda, então diretor da própria Polícia
Federal, me iluminou, e espantou notavelmente, a respeito do destino do
disco rígido do Opportunity, apreendido pela Operação Chacal. Entregue o
disco ao Supremo, esperava-se que fosse aberto. Cabia a decisão final à
ministra Ellen Gracie, mas o tempo passava e o nihil obstat não vinha.
Perguntei a Lacerda qual seria a razão da
demora. Respondeu, rápida e textualmente: “Se abrirem, acaba a
República”. A mesma frase eu ouviria mais tarde de outras bocas. O
enterro da Chacal e da Satiagraha é um excelente exemplo de quanto move a
reportagem de capa desta edição.
2
Aqui e acolá aparecem na mídia nativa
referências à possibilidade de que Lula assuma o lugar de Dilma no
próximo embate eleitoral. Pergunto aos meus intrigados botões: por que
será? Hoje estão loquazes, começam de longe, só faltaria evocarem os
sumérios. Felizmente, não é bem assim, mas verdade factual é que do
assunto fala-se há tempo, assim como havia gente de boa-fé entre quem
aventava a hipótese.
Sim, sim, digo eu, mas por que agora? Sem
contar que a boa-fé não é própria da mídia nativa. Ora, dizem os
botões, o propósito é claro e óbvio: trata-se de inquietar o ambiente
petista e tentar criar fricções entre Dilma e Lula. Semear a cizânia,
diria um evangelista. O jornalismo pátrio não prima pela sutileza. Isto é
da tradição: afirma isenção, equidistância, pluralidade, enquanto toma
partido sempre e sempre a favor da casa-grande. Normal, não é mesmo? Os
patrões da mídia nativa são inquilinos estáveis da mansão, além de
hipócritas natos e hereditários.
Volto à carga: mas por que Lula haveria
de arrancar a candidatura da sua criatura? Pois é, dizem os botões, não
há razão alguma, conveniência política que seja. Sim, caiu um pouco a
popularidade da presidenta, as pesquisas, entretanto, teimam em apontar
sua vitória no primeiro turno. E se ganha Dilma, o PT fica no poder por
16 anos e, quem sabe, Lula venha a ser o candidato, isto sim, em 2018. A
tigrada, observam os botões, ficou animada com a entrevista do
ex-presidente aos blogueiros confiáveis porque ali não deixou de chamar a
atenção da criatura quanto a algo evidente: cabe a ela, em primeiro
lugar, expor as razões de sua reeleição.
De fato, os papéis de cada qual mudaram.
Em 2010, era dever de Lula expor os motivos de sua escolha. Agora, o
dever de defender o governo, o seu governo, fica para Dilma. A qual não
errou ao dizer que a campanha desencadeada pelo affair Pasadena (mau e
nebuloso negócio) visa à destruição da Petrobras. Trata-se, parece-me,
de uma visão a médio, ou longo, prazo, caso se encerre o reinado
petista. A presidenta poderia ter lembrado que, com o tucanato no poder,
cogitou-se da privatização da estatal com o apoio dos jornalões, em
delírio. Em outros tempos, a isto se chamava de entreguismo.
http://www.cartacapital.com.br/revista/796/recordar-e-mal-viver-8887.html
The Most Honest And Awful Corporate Ad I Have Ever Laid My Eyes On. No, They Aren't Drunk. I Swear.
In this delightful satirical look at a corporate PSA, some energy executives tell us what they are REALLY thinking. YAY!
Just FYI, this uses language that is not safe for work. Also, as I mentioned in the first sentence, this is actually satire, not a real company. Real companies would just keep pretending none of this is true.
So in case you didn't see the other sentences, I'd like to make clear that this is satire. Also, satire warning.
http://www.upworthy.com/the-most-honest-and-awful-corporate-ad-i-have-ever-laid-my-eyes-on-no-they-arent-drunk-i-swear?c=ufb1
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A BUROCRACIA LIBERAL DE BRUXELAS DESLANCHA |
Um povo europeu é possível? |
No
capítulo sobre oportunidades perdidas, os livros de História trarão com
destaque o seguinte fato: a construção europeia iniciada em 1951 e
fissurada pelo choque da “grande crise”. A lógica da concorrência entre
aparatos produtivos, regimes fiscais e direitos sociais afundou as
promessas de solidariedade
|
por Frédéric Lordon |
Para não sucumbir totalmente ao desafio de pretender acrescentar o
que quer que seja de pertinente à enormidade do que já foi dito sobre a
nação, é possível tomar de empréstimo vias mais conceituais, como
retomar a forte declaração que Baruch Spinoza faz no Tratado teológico-político:
“A natureza não criou o povo”. De início, nota-se que não haveria modo
mais categórico de romper com as concepções essencialistas ou
etnicizantes da nação. Depois, vê-se uma novidade muito boa: nada, nessa
matéria, está definido para a eternidade, pois, se não é a natureza, e
sim, para resumir, a história que faz os povos, isso significa que, se
eles se fazem, podem se desfazer e também se refazer. Isso não impede
particularmente que se considere a hipótese da formação de um povo de
povos – é mesmo, como mostrou sobretudo Eric Hobsbawm,1 uma configuração comumente praticada pela história. Portanto, se evidentemente não é óbvia, também não há nada de essencialmente absurdo na ideia de fazer um povo europeu.
A natureza não cria o povo, diz Spinoza, mas também não cria as adesões da racionalidade contratualista, segundo o modelo da associação voluntária, livre e transparente que conferiu seu caráter aos esquemas variados do “contrato social”. E daí? “Uma vez que os homens são guiados pelo afeto mais do que pela razão, segue-se que a multidão entra naturalmente em acordo e deseja ser conduzida por uma única alma sob a direção não da razão, mas de algum afeto comum”.2 As comunidades políticas, as comunidades nacionais são fundamentalmente comunidades passionais. Há, no entanto, várias armadilhas nesse enunciado. É preciso atentar em primeiro lugar ao singular: o afeto comum que oferece à comunidade (a multidão reunida) seu princípio coesivo é um afeto composto – ou um composto afetivo. Ele tem por objeto osmodos: modos de sentir, de pensar e de julgar – de julgar o bem e o mal, o conveniente e o repreensível, o lícito e o ilícito. O afeto comum é, portanto, o princípio de uma ordem moral coletiva. Mas de qual extensão? Julgar o bem e o mal, mas em relação a quê? Em que matérias? De que conjunto delimitado de ações? Spinoza certamente não diz que as maneiras de julgar devem ser totalmente comuns! O próprio Tratado teológico-político diz explicitamente o contrário, que foi concebido para defender a liberdade de opiniões – isto é, suas divergências. Não há nele, portanto, nenhum totalitarismo do afeto comum, nenhuma pretensão de homogeneização absoluta da multidão. Em suma, o ponto de vista estado-nacionalista estrito tende a subestimar sistematicamente a variação cultural e moral interna, inclusive no caso dos Estados-nação tidos como bastante unitários. Dizer que não há o totalitarismo do afeto comum é reconhecer de pronto que a compleição passional coletiva é necessariamente uma articulação do diverso e do comum, mas uma articulação hierárquica: uma articulação do diverso sob o comum. Assim, ao lado dos (sub)afetos comuns propriamente regionalistas, há os (sub)afetos comuns da posição social, definidos sobretudo em termos de interesses materiais – o que se poderia chamar de afetos comuns de classe. A entidade de conjunto só se sustenta se o afeto comum global se sobrepuser aos afetos comuns locais, o afeto de pertencimento ao todo sobrepondo-se aos afetos de pertencimento às partes. Qual é ou quais são os objetos sobre os quais poderia se precipitar o afeto comum constitutivo de um povo europeu? A hipótese esboçada aqui propõe considerar que um desses objetos poderia ser a própria ideia de soberania popular, isto é, a mesma ideia que se encontra profundamente em crise na presente União Europeia e que, de modo inverso, poderia ser a alavanca de sua regeneração. De fato, pode-se manter a soberania popular, em outras palavras, a afirmação das coletividades como donas de seu próprio destino, pelo fato fundamental da modernidade política, senão por sua própria definição, tal como ela tem se desenvolvido historicamente no continente europeu. Parafraseando Spinoza, seria possível dizer que ela é o afeto político primário dessas sociedades, sua paixão política primeira. Pode-se então se perguntar se essa ideia da reivindicação da soberania popular não é compartilhada a ponto de ser constitutiva de um imaginário político europeu e, assim, a matéria possível de um afeto comum suficiente. A questão da suficiência é evidentemente nevrálgica. Noutros termos, tomando as diferenças e reconhecimentos já produzidos pela história, uma reivindicação de soberania popular em escala europeia poderia se constituir no passo suplementar suficiente para produzir um afeto comum, capaz ele próprio de levar à formação de subafetos comuns políticos transversais, que se sobreporiam aos subafetos comuns nacionais antigos e seriam dominados pelo afeto comum neonacional europeu? Essa questão não é outra senão a das condições passionais de aceitação da lei majoritária. O desafio é, portanto, saber se certas idiossincrasias nacionais atuais, objetos de poderosos afetos comuns locais, tolerariam ser contestadas sob uma lei da maioria europeia – o que poderia ser o caso se ela tratasse dos domínios da política comum. Por exemplo: a política econômica e, principalmente, a política monetária. Ou seja, a experiência do pensamento consistindo em imaginar colocar em discussão os princípios da política monetária, isto é, o estatuto do Banco Central Europeu, portanto, a eventualidade de que ele não seja mais independente, a existência e o nível das metas de inflação, a impossibilidade ou a possibilidade de um financiamento monetário dos déficits públicos, os limites de equilíbrio dos orçamentos etc. Pergunta: a Alemanha, que impôs suas obsessões e seus próprios dogmas monetários ao conjunto da zona do euro, aceitaria, nesses assuntos que têm para ela um caráter de quase santidade, curvar-se a uma lei da maioria europeia que a contradissesse? É a questão dos afetos comuns locais que é aqui colocada. Tudo vai bem quando essas idiossincrasias podem ser acomodadas nos dispositivos de subsidiariedade. O problema se complica quando elas tocam domínios de interesse comum – especialmente o caso da política econômica e monetária. Para aqueles que consideram que as configurações políticas intermediárias (aí incluída a forma cosmopolítica da federação dos Estados-nação) não são viáveis, mas que não deixam de pensar na perspectiva do Estado europeu, é esse o tipo de questão concreta que é imperativo colocar, exceto se for para permanecer no registro das generalidades baratas – “a paz” – que os experimentos políticos ulteriores consagram a destinos catastróficos. É inútil precisar que toda resposta negativa condena de cara a própria ideia de integração política europeia. Ou seja, com a política econômica, tocamos ao mesmo tempo num dos temas mais importantes da vida comum europeia... e um dos mais suscetíveis de provocar uma situação de resistência local intransponível, pelo menos a médio prazo. Por mais poderosa que ela seja, e certamente ela o é, provavelmente é exagerado solicitar à ideia moderna de soberania democrática a ideia do decidir-em-comum, que ela leve sozinha a um afeto comum suficiente para fazer uma Europa política, e isso mesmo se for verdade que os séculos de história europeia também produziram outros tipos de comuns culturais que poderiam vir a sustentá-la. De qualquer modo, a União Europeia não cessa de tentar mobilizar esses pontos comuns de reforço – do “humanismo”... à “cristandade”! – em que ela desejaria ver a fonte passional de uma comunidade política possível. Mas a conta está longe de fechar quando se trata de garantir às políticas comuns as condições passionais de uma lei da maioria europeia. Então seria um pouco enganoso anunciar um projeto único de reformulação conceitual do problema do Estado europeu sem a intenção de decidir por um lado ou por outro, pois a própria reformulação produz seus casos de solução, entre os quais será preciso escolher. Ou conservar o perímetro atual da Europa – os 28 Estados da União ou os 17 da zona do euro –, mas renunciar a uma integração política real, que, por definição, deveria incluir todas as questões de política econômica, até porque as questões mais importantes a esse respeito estão expressas num veto manifesto de um dos países e, por isso mesmo, sujeitas à proibição de reintegrar-se ao perímetro da deliberação política ordinária governada por uma lei da maioria transversal. Nessa configuração, nada de Estado europeu, nada de integração política europeia – o que não significa mais a Europa toda, mas uma Europa reduzida às ambições mais modestas e concebida como um tecido de cooperações diversas, sem visar à construção de uma soberania europeia, consequentemente, sem se sobrepor às soberanias nacionais. Ou então uma lição um pouco menos pessimista a tirar dessa prova decisiva que a questão monetária constitui para pensar que talvez se possa fazer um Estado europeu... mas não com qualquer um. E, manifestamente, por ora, não com a Alemanha.
Frédéric Lordon é economista, autor de Jusqu'à quand? L'éternel retour de la crise financière (Até quando? O eterno retorno da crise financeira), Raisons d'Agir, Paris, 2008.
Ilustração: Lollo 1 Eric Hobsbawm, Nations et nationalisme depuis 1780[Nações e nacionalismo desde 1780], Gallimard, Paris, 1992. 2 Baruch Spinoza, “Traité politique, VI, 1” [Tratado político, VI, 1], em Œuvres V[Obras V], Presses Universitaires de France, Paris, 2005 (1.ed.: 1677). |
03 de Abril de 2014 http://diplomatique.org.br/artigo.php?id=1630 |
Ativistas criam tumblr para denunciar agressões e ameaças nas redes sociais
Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
- ReproduçãoReprodução de um dos comentários expostos no tumblr com confissões de crimes, ameaças, ofensas racistas, entre outras formas de agressão
Quase a totalidade dos agressores são homens que fazem apologia e incitação da violência contra as mulheres. Os comentários vão desde críticas agressivas contra mulheres em função das roupas que elas usam até ameaças, defesas e confissões de estupro, além de xingamentos racistas e homofóbicos.
Ampliar
A
funkeira Valesca Popozuda também participou da campanha Não Mereço Ser
Estuprada, que propõe que internautas tirem a roupa e se fotografem
segurando um cartaz contra a violência sexual. Valesca publicou uma foto
no Instagram na noite de domingo (30), na qual aparece nua segurando um
bastão de beisebol. Abaixo da imagem, lê-se a frase "De saia longa ou
pelada #não mereço ser estuprada". O protesto online é uma reação a uma
pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que revelou
que a maioria dos brasileiros acha que mulheres com roupas expondo o
corpo merecem ser atacadas Leia mais Reprodução/Twitter
Todas as pessoas que foram ameaçadas de estupro pela internet durante ou depois do protesto virtual foram encorajadas a dar print screen (cópia das agressões) e fazer boletim de ocorrência.
Reprodução
Usuário do Facebook ameaça estuprar e matar participantes do movimento #EuNãoMereçoSerEstuprada
Segundo Iazetta, que também administra o tumblr, ela já recebeu milhares de imagens enviadas no email eunaomerecoserestuprada@gmail.com. "Estou dando uma filtrada porque não consigo dar conta de tudo sozinha. Já recebemos mais de 200 mil visitas em uma semana de tumblr, e quero que esse número cresça mais e mais, para nossa palavra ser espalhada pelo mundo."
Apologia e incitação ao crime
Segundo advogado Rony Vainzof, professor de direito digital na Universidade Mackenzie e na Escola Paulista de Direito, as manifestações ofensivas podem ser enquadradas como apologia ou incitação ao crime, cuja pena vai de 3 a 6 meses de prisão.No caso daqueles que dizem ter praticado estupro, as mensagens servem como provas de um futuro processo judicial. "Com base nos comentários, a polícia pode pedir quebra de sigilo e obter o protocolo de internet deste agressor, além de mandados de busca e apreensão", afirmou Vaizof.
De acordo com o advogado, os departamentos de Polícia Civil das principais capitais e a Polícia Federal têm delegacias especializadas para investigar crimes ocorridos na internet, mas "o número de investigadores é menor do que o necessário para investigar a quantidade de crimes" praticados.
Vainzof explica ainda que este tipo de agressão denunciado pelo tumblr é recente. "Até hoje o que mais aparecia eram casos relacionados a crimes de racismo, tráfico de drogas ou quando há uma vítima pré-determinada, por exemplo, uma ex-namorada que tenha a intimidade divulgada pelo ex. Esse tipo de situação que vimos nos últimos dias está aflorando agora. É possível que os autores sejam investigados e punidos", disse.
PF analisa material
A PF irá analisar as centenas de ameaças de estupro e outras formas de violência contra a mulheres nas redes sociais. Na sexta-feira (4), a ministra Eleonora Menecucci, da Secretaria de Política para as Mulheres, se reuniu com representantes da campanha e, durante o encontro, telefonou para o diretor-geral da PF, Leandro Daiello Coimbra, que orientou as representantes do movimento e encaminhar todo o material com as ameaças à corporação.A PF informou à reportagem que as ameaças serão analisadas e, "conforme o caso", inquéritos podem ser instaurados. De acordo com a PF, um grupo especial de combate a crimes na internet "já monitora diversas situações" de ameaças.
A campanha foi criada após divulgação de pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) em que 65% dos entrevistados concordaram com a afirmação de que "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Na sexta-feira, o instituto publicou uma errata informando que o resultado divulgado na pesquisa estava errado. Segundo o órgão, uma troca nos gráficos da pesquisa provocou o erro. Os percentuais corretos são: 26% concordam, total ou parcialmente, com a afirmação "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas"; e 70% discordam, total ou parcialmente. Outros 3,4% se dizem neutros.
Ao criar a campanha, a jornalista propôs que os internautas compartilhassem no Facebook fotos com a mensagem "Eu não mereço ser estuprada" escrita em cartazes cobrindo partes do corpo do participante.
Ampliar
Vítima
de estupro da cidade de Delaware, em Ohio (EUA), exibe papel com a
seguinte mensagem: "Sorria. Mostre-me que você está feliz. Estou fazendo
isso por você". Ela participa do projeto Unbreakable (inquebrável, em
português), tumblr da fotógrafa norte-americana Grace Brown que reúne
fotos de pessoas abusadas sexualmente segurando cartazes com frases
ditas por seus agressores Leia mais Grace Brown/projectunbreakable.tumblr.com
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/04/07/ativistas-criam-tumblr-para-denunciar-agressoes-e-ameacas-nas-redes-sociais.htm
Escritor Luiz Ruffato diz em Frankfurt que Brasil é país da impunidade e intolerância
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/10/1353517-escritor-luiz-ruffato-diz-em-frankfurt-que-brasil-e-pais-da-impunidade-e-intolerancia.shtml
=====
Entrevista com o organizador da coletânea "Entre as Quatro Linhas".
http://podcast.unesp.br/perfil-09042014-luiz-ruffato-entrevista-2000
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/10/1353517-escritor-luiz-ruffato-diz-em-frankfurt-que-brasil-e-pais-da-impunidade-e-intolerancia.shtml
=====
Entrevista com o organizador da coletânea "Entre as Quatro Linhas".
http://podcast.unesp.br/perfil-09042014-luiz-ruffato-entrevista-2000
EUA já não podem ser considerados uma democracia.
de Idelber Avelar, via FB:
Estudo
realizado naquele antro comunista, a Universidade Princeton, conclui
que os EUA já não podem ser considerados uma democracia. "Oligarquia",
segundo os autores, seria o nome mais apropriado.
Martin
Gilens, cientista político de Princeton, em parceria com seu colega de
Northwestern, Benjamin I. Page, utilizaram um modelo quantitativo para
mapear a resposta do Estado a 1.779 questões de política
pública ao longo de 23 anos. A conclusão é que as preferências dos
cidadãos comuns ou das organizações da sociedade civil têm mínima ou
nenhuma capacidade de se impor às instâncias supostamente
representativas do país, o Executivo e o Legislativo. Em praticamente
todos os casos, triunfaram os interesses dos grandes grupos econômicos e
do 1% mais rico da população. Presidente Democrata ou Presidente
Republicano, maioria Democrata no Congresso ou maioria Republicana no
Congresso, não faz a menor diferença. Aqui está a matéria do Talking
Points Memo sobre o estudo (http://bit.ly/1f333g2) e aqui está o ensaio na íntegra (http://bit.ly/QmtPdm), que eu acabo de ler e recomendo.
Claro que, sendo a Ciência Política a disciplina dos autores, eles
fizeram o estudo com muito mais sofisticação e detalhes mas, modéstia às
favas, o resultado não é novidade nenhuma para quem acompanhou o
Biscoito Fino e a Massa (2004-2010) ou a minha coluna na Revista Fórum
(2011-2012). Dois dos meus textos que chegaram a conclusões parecidas
são "Democracia à venda nos EUA" (http://bit.ly/PcBV7p) e "Sofismas do jornalismo contra o financiamento público de campanha" (http://bit.ly/1leBjNC).
Os liberais e conservadores brasileiros que surtavam cada vez que eu
dizia que os EUA já não podiam ser considerados uma democracia, favor
conversar agora com Princeton, excelência universitária que eles mesmos
costumavam citar para justificar sua idealização de um sistema econômico
e político já carcomido pelo poder do dinheiro.
=====
Uma evidencia da constatação do estudo de Princeton, é o documentário GASLAND, que assisti na HBO e está disponível no YOUTUBE....
Fotógrafo registra única menina a caçar com águia-dourada na Mongólia; veja fotos
Da BBC Brasil
16/04/2014
Um fotógrafo colheu imagens do que pode ser a única menina do mundo que aprendeu a caçar com uma águia-dourada na Mongólia. Ashol-Pan tem 143 anos e, segudo o fotógrafo e escritor de guias de viagens Asher Svidensky, a menina fica muito mais à vontade com as águias.
Os meninos cazaques no oeste da Mongólia começam a aprender a caçar com estas grandes aves aos 13 anos, principalmente por raposas e lebres.
Os cazaques da cadeia de montranhas Altai, no oeste do país, são os únicos que caçam com estas águias e, atualmente, existem cerca de 400 falcoeiros praticantes. Ashol-Pan, que é filha de um famoso caçador da região, pode ser a única menina aprendiz desta arte.
O fotógrafo descreve Ashol-Pan como uma menina sorridente, gentil e tímida. As imagens da menina em uma atividade tão identificada com o mundo masculino mostra um pouco como a Mongólia está mundando no século 21.
Svidensky afirma que esta geração vai decidir o que acontecerá com as tradições. "Tudo ali vai mudar e será redefinido - as possibilidades são fantáticas."
http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/24471-a-menina-que-caca-com-aguia-dourada#foto-384060
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Resenha de As Origens do Conhecimento e da Ignorância de Karl Popper
01)
OBJETIVO DO TEXTO: Este texto examina a disputa entre o empirismo
(Bacon, Locke, Berkeley, Hume, Mill) e o racionalismo clássico ou
intelectualismo (Descartes, Spinosa e Leibniz) na questão da origem do
conhecimento -- onde a primeira escola pensa que está na observação,
enquanto a outra pensa que está na intuição intelectual de idéias
claras e distintas. Através desse exame, Popper tentará demonstrar as
semelhanças entre as duas escolas e seus respectivos erros, mostrando
que nem a observação nem a razão podem ser consideradas fontes do
conhecimento.
02) RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E VIDA COTIDIANA: Segundo Bertrand Russell (confirmado por Popper), a epistemologia tem implicações práticas para a ciência, para a ética e mesmo para a política, pois o relativismo epistemológico e o pragmatismo epistemológico, ambos estão ligados a idéias autoritárias e totalitárias. Contrapondo-se a esse pensamento há uma doutrina chamada impotência filosófica, que se constitui basicamente na afirmação da não influência na vida prática pela filosofia; o que, definitivamente, não corresponde aos fatos, pois que idéias filosóficas já mudaram muito o mundo.
03) OTIMISMO EPISTEMOLÓGICO E PESSIMISMO EPISTEMOLÓGICO: Otimismo epistemológico: acredita no poder do homem de discernir a verdade e adquirir conhecimento. Ele se baseia na tese de que “a verdade é evidente”, de que podemos vê-la e distinguí-la da falsidade, sendo dois grandes expoentes Bacon e Descartes, que defendiam, ambos, que, através de algum meio (observação para o primeiro e intuição intelectual para o segundo), poderiam “distinguir a verdade da falsidade, recusando-se a aceitar qualquer idéia que não seja clara e distintamente percebida pelo intelecto.”1 Pessimismo epistemológico: Não há verdade objetiva ou discernível e está ligado à doutrina da depravação do homem, tendendo a criar um autoritarismo que seria capaz de salvar o homem do seu próprio mal e loucura. Contrastes: Enquanto no pessimismo deseja-se uma autoridade tradicional para escapar do caos pela falta de objetividade; o otimismo (racionalista e empirista) reivindica o direito da razão e do empirismo de criticar qualquer autoridade.
04) INFLUÊNCIAS VIVENCIAIS NA CONCLUSÃO: Como
Popper rejeita algumas teorias epistemológicas de tendência liberal,
afirmando, assim, que não necessariamente ideais e esperanças
influenciam na conclusão a ser tomada. Sugere, para evitar essa
influência, que comecemos criticando nossas crenças mais enraizadas.
05) DOUTRINA DA VERDADE EVIDENTE E TEORIA DA CONSPIRAÇÃO: Doutrina da verdade evidente: [Já explicado no tópico otimismo epistemológico do item 03] Veracitas Dei (Descartes): A autenticidade do deus perfeito (e, portanto, não enganador) de Descartes torna a verdade evidente. Veracitas Naturae (Bacon): Quem ler o livro aberto da natureza com a mente pura, não o interpretará erradamente. [Bacon substituiu o deus cartesiano pela natureza] Motivo do erro: A pureza de nossa mente é pervertida por uma série de preconceitos advindos da educação e da tradição. Teoria da conspiração: Advinda da visão otimista de que a verdade é evidente, acredita em situações como: uma “conspiração da imprensa capitalista que perverte e suprime a verdade, incutindo falsas ideologias no espírito dos trabalhadores.”2 A dizer: se não conseguimos acessar a verdade é porque ela foi suprimida maliciosamente. Refutação de Popper: “Verdade evidente” ou “teoria da conspiração” são ambas falsas, pois crenças errôneas, como as duas citadas, sobreviveram por muitíssimos anos, desafiando a experiência. [Embora falsas, as visões de Bacon e Descartes foram responsáveis por uma revolução intelectual que injetou na mente humana o mote: “O homem pode conhecer: logo pode ser livre”3. E isso mudou todo um paradigma científico-cultural.]
06) CONSEQÜÊNCIAS DESASTROSAS DO OTIMISMO EPISTEMOLÓGICO: A teoria da verdade evidente pode levar ao fanatismo, pois quem luta contra a verdade, neste pensamento, é porque a teme, daí, então, um herege. O autoritarismo, em grau mais fraco que o pessimismo, pode ser uma conseqüência dessa teoria também, pois que a verdade evidente precisa de constantes interpretações e reinterpretações, e para isso seria necessário que uma autoridade se pronunciasse diariamente estabelecendo a evidência da verdade. E são epistemólogos desse grupo que, decepcionados, formarão a teoria pessimista da epistemologia.
07) O CONHECIMENTO NOS GREGOS, PRINCIPALMENTE EM PLATÃO: Sobre a fonte do conhecimento nos gregos, devemos começar com os poetas (como Homero e Hesíodo), que afirmavam as musas como origem divina de seus conhecimentos que garantiria a verdade deles. Os filósofos Heráclito e Parmênides também são conhecidos por remeterem a origem de seus conhecimentos aos deuses de alguma forma. O primeiro era dito que falava possuído por Zeus (fonte de toda sabedoria), e o segundo, por sua vez, dizia ser inspirado pela deusa Diké (guardiã da verdade). Pontos em comum [Parmênides e Descartes]: -Necessidade de recorrer apenas ao intelecto para se saber a verdade. -E, fisicamente, a impossibilidade de vazio absoluto. Platão, no Íon, já diferencia a inspiração divina das origens divinas do conhecimento e distingue origem de veracidade. Cria, ele, duas epistemologias, a dizer, uma otimista (teoria da anamnesis) e uma pessimista (analogia da caverna) nesta ordem: Anamnesis: Nossa alma imortal, enquanto no mundo das idéias, é onisciente e da mesma natureza que todas as outras coisas, portanto já as sabemos, contudo as esquecemos ao nascer; e daí, ao entrar em contato com a verdade, prontamente a reconhecemos. Por isso, todo homem pode conhecer. [a origem da ignorância é a queda do estado de graça] Analogia da caverna: Mostra que apenas alguns poucos, pelas dificuldades inerentes ao processo de compreensão, conseguem atingir o estado divino de episteme. Essa teoria tem conseqüências autoritárias e tradicionalistas (Cf. Leis). Pontos em comum [anamnesis e verdade evidente]: -Impossibilidade de não reconhecimento da verdade se vista (verdade como algo manifesto). -Anamnesis é a raiz do cartesianismo. Relações [Teoria do conhecimento e política]: -Anamnesis resulta num racionalismo utópico, antiautoritário, do tipo cartesiano. -Analogia da caverna resulta em um tradicionalismo autoritário. Pontos em comum [Analogia da caverna, Parmênides e Xenófanes]: -Quando o conhecimento é humano, nunca é certo.
08) SOBRE A ANAMNESIS DO MENO DE PLATÃO: A anamnesis contém as sementes do intelectualismo de Descartes, da teoria da indução de Aristóteles e a de Bacon. [indução (Aristóteles/Bacon): 1.ato de inferir leis universais de casos particulares observados; 2.método para intuir/perceber a essência das coisas. “O Resultado de uma indução – a intuição de uma essência – deveria ser expressado pela definição daquela essência”(Aristóteles)4] A maiêutica socrática é de muita utilidade para ajudar na anamnesis (da mesma forma que a segunda definição de indução), pois que purga a alma de preconceitos, fazendo-nos colocar em dúvida nossas próprias convicções, e assim, se aproxima da dúvida cartesiana, que usa o processo socrático para estabelecer critérios de verdade e obter sabedoria; enquanto, essa última, para Sócrates, consiste na percepção das nossas limitações em matéria de conhecimento.. A maiêutica pode também ser vista como a segunda definição de indução de Aristóteles ou ainda como uma parte fundamental da indução de Bacon.
09)A TEORIA DA INDUÇÃO DE BACON: Métodos de Bacon: Interpretatio Naturae [método verdadeiro]: Interpretação do livro da natureza, no sentido de “a verdadeira leitura do livro aberto da natureza”, nunca à luz de causas não evidentes ou hipóteses. Anticipatio Mentis [método falso]: Preconceito ou superstição da mente ao prejulgar a natureza, que, segundo Bacon, leva a uma interpretação imprópria da natureza. [Método da conjectura ou hipótese => Método defendido por Popper] Devemos nos purificar através da eliminação dos preconceitos, antecipações e conjecturas, para que interpretemos o livro da natureza adequadamente, sem distorções na observação, pois que se não se torna fonte de ignorância.
10) DOUTRINA DA FALIBILIDADE HUMANA: Bacon e Descartes, por mais que tenham sido antiautoritários em relação ao conhecimento vigente em suas épocas, tinham suas epistemologias ainda muito ligadas à autoridade da natureza e dos sentidos no primeiro; e de deus e do intelecto no segundo. Mas não responderam a questão de “como podemos admitir que nosso conhecimento é humano... sem aceitar por implicação, ao mesmo tempo, que ele é feito de arbitrariedade e caprichos individuais?”5. Os gregos e os humanistas6, esses, já nos disseram: “devemos perceber que todos somos falíveis e podemos errar”; o que implica a idéia de “verdade objetiva” como padrão para avaliar o que é falso. Esses últimos, os humanistas, tomaram a doutrina da falibilidade humana (o que os gregos e humanistas nos disseram) como base para a pregação da tolerância. Essa teoria foi adotada como base para a liberdade política de coerção.
05) DOUTRINA DA VERDADE EVIDENTE E TEORIA DA CONSPIRAÇÃO: Doutrina da verdade evidente: [Já explicado no tópico otimismo epistemológico do item 03] Veracitas Dei (Descartes): A autenticidade do deus perfeito (e, portanto, não enganador) de Descartes torna a verdade evidente. Veracitas Naturae (Bacon): Quem ler o livro aberto da natureza com a mente pura, não o interpretará erradamente. [Bacon substituiu o deus cartesiano pela natureza] Motivo do erro: A pureza de nossa mente é pervertida por uma série de preconceitos advindos da educação e da tradição. Teoria da conspiração: Advinda da visão otimista de que a verdade é evidente, acredita em situações como: uma “conspiração da imprensa capitalista que perverte e suprime a verdade, incutindo falsas ideologias no espírito dos trabalhadores.”2 A dizer: se não conseguimos acessar a verdade é porque ela foi suprimida maliciosamente. Refutação de Popper: “Verdade evidente” ou “teoria da conspiração” são ambas falsas, pois crenças errôneas, como as duas citadas, sobreviveram por muitíssimos anos, desafiando a experiência. [Embora falsas, as visões de Bacon e Descartes foram responsáveis por uma revolução intelectual que injetou na mente humana o mote: “O homem pode conhecer: logo pode ser livre”3. E isso mudou todo um paradigma científico-cultural.]
06) CONSEQÜÊNCIAS DESASTROSAS DO OTIMISMO EPISTEMOLÓGICO: A teoria da verdade evidente pode levar ao fanatismo, pois quem luta contra a verdade, neste pensamento, é porque a teme, daí, então, um herege. O autoritarismo, em grau mais fraco que o pessimismo, pode ser uma conseqüência dessa teoria também, pois que a verdade evidente precisa de constantes interpretações e reinterpretações, e para isso seria necessário que uma autoridade se pronunciasse diariamente estabelecendo a evidência da verdade. E são epistemólogos desse grupo que, decepcionados, formarão a teoria pessimista da epistemologia.
07) O CONHECIMENTO NOS GREGOS, PRINCIPALMENTE EM PLATÃO: Sobre a fonte do conhecimento nos gregos, devemos começar com os poetas (como Homero e Hesíodo), que afirmavam as musas como origem divina de seus conhecimentos que garantiria a verdade deles. Os filósofos Heráclito e Parmênides também são conhecidos por remeterem a origem de seus conhecimentos aos deuses de alguma forma. O primeiro era dito que falava possuído por Zeus (fonte de toda sabedoria), e o segundo, por sua vez, dizia ser inspirado pela deusa Diké (guardiã da verdade). Pontos em comum [Parmênides e Descartes]: -Necessidade de recorrer apenas ao intelecto para se saber a verdade. -E, fisicamente, a impossibilidade de vazio absoluto. Platão, no Íon, já diferencia a inspiração divina das origens divinas do conhecimento e distingue origem de veracidade. Cria, ele, duas epistemologias, a dizer, uma otimista (teoria da anamnesis) e uma pessimista (analogia da caverna) nesta ordem: Anamnesis: Nossa alma imortal, enquanto no mundo das idéias, é onisciente e da mesma natureza que todas as outras coisas, portanto já as sabemos, contudo as esquecemos ao nascer; e daí, ao entrar em contato com a verdade, prontamente a reconhecemos. Por isso, todo homem pode conhecer. [a origem da ignorância é a queda do estado de graça] Analogia da caverna: Mostra que apenas alguns poucos, pelas dificuldades inerentes ao processo de compreensão, conseguem atingir o estado divino de episteme. Essa teoria tem conseqüências autoritárias e tradicionalistas (Cf. Leis). Pontos em comum [anamnesis e verdade evidente]: -Impossibilidade de não reconhecimento da verdade se vista (verdade como algo manifesto). -Anamnesis é a raiz do cartesianismo. Relações [Teoria do conhecimento e política]: -Anamnesis resulta num racionalismo utópico, antiautoritário, do tipo cartesiano. -Analogia da caverna resulta em um tradicionalismo autoritário. Pontos em comum [Analogia da caverna, Parmênides e Xenófanes]: -Quando o conhecimento é humano, nunca é certo.
08) SOBRE A ANAMNESIS DO MENO DE PLATÃO: A anamnesis contém as sementes do intelectualismo de Descartes, da teoria da indução de Aristóteles e a de Bacon. [indução (Aristóteles/Bacon): 1.ato de inferir leis universais de casos particulares observados; 2.método para intuir/perceber a essência das coisas. “O Resultado de uma indução – a intuição de uma essência – deveria ser expressado pela definição daquela essência”(Aristóteles)4] A maiêutica socrática é de muita utilidade para ajudar na anamnesis (da mesma forma que a segunda definição de indução), pois que purga a alma de preconceitos, fazendo-nos colocar em dúvida nossas próprias convicções, e assim, se aproxima da dúvida cartesiana, que usa o processo socrático para estabelecer critérios de verdade e obter sabedoria; enquanto, essa última, para Sócrates, consiste na percepção das nossas limitações em matéria de conhecimento.. A maiêutica pode também ser vista como a segunda definição de indução de Aristóteles ou ainda como uma parte fundamental da indução de Bacon.
09)A TEORIA DA INDUÇÃO DE BACON: Métodos de Bacon: Interpretatio Naturae [método verdadeiro]: Interpretação do livro da natureza, no sentido de “a verdadeira leitura do livro aberto da natureza”, nunca à luz de causas não evidentes ou hipóteses. Anticipatio Mentis [método falso]: Preconceito ou superstição da mente ao prejulgar a natureza, que, segundo Bacon, leva a uma interpretação imprópria da natureza. [Método da conjectura ou hipótese => Método defendido por Popper] Devemos nos purificar através da eliminação dos preconceitos, antecipações e conjecturas, para que interpretemos o livro da natureza adequadamente, sem distorções na observação, pois que se não se torna fonte de ignorância.
10) DOUTRINA DA FALIBILIDADE HUMANA: Bacon e Descartes, por mais que tenham sido antiautoritários em relação ao conhecimento vigente em suas épocas, tinham suas epistemologias ainda muito ligadas à autoridade da natureza e dos sentidos no primeiro; e de deus e do intelecto no segundo. Mas não responderam a questão de “como podemos admitir que nosso conhecimento é humano... sem aceitar por implicação, ao mesmo tempo, que ele é feito de arbitrariedade e caprichos individuais?”5. Os gregos e os humanistas6, esses, já nos disseram: “devemos perceber que todos somos falíveis e podemos errar”; o que implica a idéia de “verdade objetiva” como padrão para avaliar o que é falso. Esses últimos, os humanistas, tomaram a doutrina da falibilidade humana (o que os gregos e humanistas nos disseram) como base para a pregação da tolerância. Essa teoria foi adotada como base para a liberdade política de coerção.
11) ERRO: CULPA HUMANA: Bacon e Descartes culparam o ser humano pelos erros, dividindo-o em uma parte superior, fonte do conhecimento verdadeiro, consistindo dos sentidos para o primeiro e do intelecto para o segundo; e uma parte inferior, fonte das opiniões, dos erros e da ignorância. Refutações: -Contra Descartes: Sua física estava errada, embora se baseasse, segundo ele, em idéias claras e distintas; o que as obrigaria a serem verdadeiras, e esse não é o caso. -Contra Bacon: Como diziam muitos dos antigos gregos: “os sentidos não são confiáveis”. Justificação fenomenologista/positivista: Os sentidos não erram, mas nós podemos interpretar o dado sensível erroneamente. O erro na tradução em uma linguagem convencional demonstraria o defeito da linguagem e o acúmulo de preconceitos nela, o que lhe incutiria a culpa dos erros. Mas como ela incorpora a sabedoria e a experiência das gerações passadas, voltamos, nós, a sermos os culpados. Por isso sugere-se que nós que devemos utilizá-la mal, o que facilita a sustentação da autoridade divina de uma fonte pura de conhecimento, mas apenas na medida em que amplia-se a distância entre o homem e essas fontes. Tal oposição baconiana origina-se nos gregos, em sua oposição entre natureza e convenção ou mesmo (em Platão) a oposição entre verdade divina e erro humano. A divindade da natureza e o erro humano (proposto por Bacon) por culpa das convenções humanas, foram idéias que muito influenciaram diversos setores da sociedade.
12) A VERACIDADE DAS PROPOSIÇÕES E SUA ORIGEM: O sentido das palavras e sua origem: Logicamente: As palavras são símbolos, cujos significados foram definidos numa convenção primária. Psicologicamente: As palavras são símbolos, cujos significados se dão no uso. O aprendizado se dá ao aprendermos as palavras pela primeira vez. Em ambos os casos aprendemos as significações corretas de um símbolo através de uma autoridade que já tinha o conhecimento da linguagem; e nisso há preocupação com a origem. Enquanto nas assertivas factuais a compreensão de algo pode ter sido falsa desde a origem. Essencialismo: Teoria que vincula a significação e a verdade. Em Aristóteles e outros essencialistas as definições constituem princípios basilares de qualquer demonstração, fundamentando toda a ciência. [definição: 1.afirmativa da natureza das coisas; 2.indica o sentido de um termo] As definições, no entanto, não contribuem em nada para conhecimento factual da natureza (pois que são tautológicas) e podem ser modificadas por convenções; o que quebraria o vínculo até aqui exposto pelo essencialismo entre origem e verdade.
13)
ATAQUE DE POPPER AO EMPIRISMO: Questões ao empirismo: -É a observação
origem de nosso conhecimento? -Se não, qual seria? Popper pensa que as
indagações que nos fazemos sobre a origem do conhecimento
(justificações para afirmativas) são insatisfatórias e não
necessariamente se baseiam na observação, já que muitas afirmativas se
baseiam na leitura de jornais, periódicos científicos e outros. O
empirista perguntaria de onde, como, os periódicos (ou outros) teriam
obtido a informação. E ele próprio responderia que, através dessa
seqüência, chegaríamos a algum relato das observações de testemunhas.
Refutações: -Para verificar a veracidade de uma notícia um investigador
não se preocupa com as origens daquela nem com o relato de observação
de testemunhas, mas se focará no próprio fato que foi afirmado. -Se o
investigador seguir os passos do empirista, sempre chegará a perguntas
“a respeito das fontes dos elementos do seu conhecimento que não derivam
imediatamente da observação direta”7,
como as relativas à memória e afins. Essa situação leva a um regresso
ao infinito. Sendo assim, o conhecimento fundamentado na pura
observação (se é que existe) é infértil, pois sempre interpretamos, ao
observar, à luz de nosso conhecimento teórico. A história, como um caso
especial, nos leva às fontes, que poderiam ter sido distorcidas ou nem
serem genuínas; contudo não nos leva aos relatos de observação. E
mesmo se levassem, temos muitos casos de testemunhas se enganando no
tribunal. O problema quanto a validade da história nos leva à questões
como: “se podemos aceitar o testemunho unânime dos historiadores ou se
esse testemunho deve ser rejeitado por apoiar-se em fontes comuns mas
espúrias”.8
14) AS FONTES DO CONHECIMENTO E SUA VALIDADE: Segundo Popper, existem muitas fontes de nosso conhecimento (como revistas, periódicos e enciclopédias), embora nenhuma delas tenha autoridade. E esse é o problema das escolas que afirmam a teoria da fonte do conhecimento como legitimadora para validar uma afirmativa. Dessa forma, a questão do empirista sobre (Z)“qual a fonte de uma afirmativa?” é mal formulada e solicita uma resposta autoritária.
15) O RACIONALISMO CRÍTICO: A disputa entre racionalismo e empirismo em relação à resposta da questão (Z), a dizer, o intelecto ou os sentidos respectivamente, leva a pensamentos autoritários, justamente como a questão política “quem deve governar?”. Ambas estão enunciadas de forma errada e levam a respostas paradoxais. Popper sugere a não existência dessa fontes, já que elas podem, em alguma situação, nos induzir ao erro; e sugere também uma nova pergunta para substituir a questão (Z): (Y) “De que forma podemos esperar a identificação e eliminação do erro?”9, para que não confundamos a origem do conhecimento com sua validade. Resposta a (Y): Com a visão do racionalismo crítico, ou seja, através de formulações de testes experimentais e críticas a teorias e opiniões alheias e, se possível, às nossas também. [No caso da história, suas fontes (não finais) entram também na discussão crítica da validade.] Popper fala de seu racionalismo crítico como um toque final na filosofia crítica de Kant, já que este último não abordou em sua epistemologia o princípio de autonomia de sua ética de que não devemos aceitar a ordem de uma autoridade como base para a moral; e no caso específico da epistemologia, como base para o conhecimento, segundo Popper.
16) RESULTADOS EPISTEMOLÓGICOS DA PRESENTE DISCUSSÃO: Não existem fontes últimas do nosso conhecimento; as que existem estão abertas ao exame crítico. A questão epistemológica possível é se a afirmativa concorda com os fatos (examinando-se os próprios fatos), e não se a fonte é verdadeira. Devemos verificar se nossas teorias são coerentes com nossas observações. A tradição é a mais importante fonte de nossos conhecimentos, além daquele que é inato. A tradição nos possibilita o conhecimento, embora ela também possa ser criticada e abandonada, se preciso for. A importância de uma descoberta está no seu poder de modificar as teorias precedentes. O conhecimento vem dessa modificação, não da observação. Não temos critérios de verdade, mas temos alguns critérios que podem nos mostrar o erro e a falsidade. A observação e a razão não são autoridades, servem apenas para o exame crítico das conjecturas apresentadas com as quais exploramos o desconhecido. As palavras só servem para formular teorias. Os problemas de linguagem devem ser sempre evitados. Soluções para problemas levantam outros problemas. Fonte da ignorância: o fato de nosso conhecimento ser sempre finito e nossa ignorância infinita (exemplo disso é olharmos para a vastidão do universo). Enquanto somos diferentes em matéria do que conhecemos, somos sempre iguais em matéria de ignorância. O estado de ignorância conhecida, a dizer, o estado a que leva a maiêutica socrática, pode nos levar à resolução de muitas de nossas dificuldades.
17) UMA ÚLTIMA QUESTÃO: Questão: Há alguma idéia verdadeira nas teorias sobre a fonte última do conhecimento? Exame de duas idéias advindas das teorias sobre a fonte última do conhecimento: (A) Precisamos justificar nosso conhecimento por razões positivas. Objeção popperiana: Isso implica que apelemos “para uma fonte última ou autoritária de conhecimento verdadeiro;[...] que pode ser humana (como a observação e a razão) ou sobre-humana (e portanto sobrenatural)”10 (B) Nenhum homem pode estabelecer a verdade por decreto. Aquiescência popperiana: Devemos nos sujeitar à verdade, pois ela está acima de qualquer autoridade humana. (A) ∩ (B): As duas em conjunto quase nos levam a teorias autoritárias e coercitivas, donde nossa fonte do conhecimento viria de algo sobrenatural.
14) AS FONTES DO CONHECIMENTO E SUA VALIDADE: Segundo Popper, existem muitas fontes de nosso conhecimento (como revistas, periódicos e enciclopédias), embora nenhuma delas tenha autoridade. E esse é o problema das escolas que afirmam a teoria da fonte do conhecimento como legitimadora para validar uma afirmativa. Dessa forma, a questão do empirista sobre (Z)“qual a fonte de uma afirmativa?” é mal formulada e solicita uma resposta autoritária.
15) O RACIONALISMO CRÍTICO: A disputa entre racionalismo e empirismo em relação à resposta da questão (Z), a dizer, o intelecto ou os sentidos respectivamente, leva a pensamentos autoritários, justamente como a questão política “quem deve governar?”. Ambas estão enunciadas de forma errada e levam a respostas paradoxais. Popper sugere a não existência dessa fontes, já que elas podem, em alguma situação, nos induzir ao erro; e sugere também uma nova pergunta para substituir a questão (Z): (Y) “De que forma podemos esperar a identificação e eliminação do erro?”9, para que não confundamos a origem do conhecimento com sua validade. Resposta a (Y): Com a visão do racionalismo crítico, ou seja, através de formulações de testes experimentais e críticas a teorias e opiniões alheias e, se possível, às nossas também. [No caso da história, suas fontes (não finais) entram também na discussão crítica da validade.] Popper fala de seu racionalismo crítico como um toque final na filosofia crítica de Kant, já que este último não abordou em sua epistemologia o princípio de autonomia de sua ética de que não devemos aceitar a ordem de uma autoridade como base para a moral; e no caso específico da epistemologia, como base para o conhecimento, segundo Popper.
16) RESULTADOS EPISTEMOLÓGICOS DA PRESENTE DISCUSSÃO: Não existem fontes últimas do nosso conhecimento; as que existem estão abertas ao exame crítico. A questão epistemológica possível é se a afirmativa concorda com os fatos (examinando-se os próprios fatos), e não se a fonte é verdadeira. Devemos verificar se nossas teorias são coerentes com nossas observações. A tradição é a mais importante fonte de nossos conhecimentos, além daquele que é inato. A tradição nos possibilita o conhecimento, embora ela também possa ser criticada e abandonada, se preciso for. A importância de uma descoberta está no seu poder de modificar as teorias precedentes. O conhecimento vem dessa modificação, não da observação. Não temos critérios de verdade, mas temos alguns critérios que podem nos mostrar o erro e a falsidade. A observação e a razão não são autoridades, servem apenas para o exame crítico das conjecturas apresentadas com as quais exploramos o desconhecido. As palavras só servem para formular teorias. Os problemas de linguagem devem ser sempre evitados. Soluções para problemas levantam outros problemas. Fonte da ignorância: o fato de nosso conhecimento ser sempre finito e nossa ignorância infinita (exemplo disso é olharmos para a vastidão do universo). Enquanto somos diferentes em matéria do que conhecemos, somos sempre iguais em matéria de ignorância. O estado de ignorância conhecida, a dizer, o estado a que leva a maiêutica socrática, pode nos levar à resolução de muitas de nossas dificuldades.
17) UMA ÚLTIMA QUESTÃO: Questão: Há alguma idéia verdadeira nas teorias sobre a fonte última do conhecimento? Exame de duas idéias advindas das teorias sobre a fonte última do conhecimento: (A) Precisamos justificar nosso conhecimento por razões positivas. Objeção popperiana: Isso implica que apelemos “para uma fonte última ou autoritária de conhecimento verdadeiro;[...] que pode ser humana (como a observação e a razão) ou sobre-humana (e portanto sobrenatural)”10 (B) Nenhum homem pode estabelecer a verdade por decreto. Aquiescência popperiana: Devemos nos sujeitar à verdade, pois ela está acima de qualquer autoridade humana. (A) ∩ (B): As duas em conjunto quase nos levam a teorias autoritárias e coercitivas, donde nossa fonte do conhecimento viria de algo sobrenatural.
CONCLUSÃO POPPERIANA (o que devemos fazer): “Se admitimos que em toda província do conhecimento não há qualquer autoridade que possa escapar à crítica, [...] poderemos reter sem perigo a idéia de que a verdade está situada além da autoridade humana”11, que seria aquilo que nos dá padrões objetivos para nossa obtenção de conhecimento.
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1 POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. Tr.: Sérgio Bath. Brasília: UnB. 1982. P. 33
2 POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. Tr.: Sérgio Bath. Brasília: UnB. 1982. P. 35
3 POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. Tr.: Sérgio Bath. Brasília: UnB. 1982. P. 33
4 POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. Tr.: Sérgio Bath. Brasília: UnB. 1982. P. 40
5 POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. Tr.: Sérgio Bath. Brasília: UnB. 1982. P. 43
6 Os gregos são Xenófanes, Demócrito e Sócrates e os humanistas são Nicolau e Erasmo, Montaigne, Locke e Voltaire, John Stuart Mill e Bertrand Russell.
7 POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. Tr.: Sérgio Bath. Brasília: UnB. 1982. P. 51
8 POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. Tr.: Sérgio Bath. Brasília: UnB. 1982. P. 52
9 POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. Tr.: Sérgio Bath. Brasília: UnB. 1982. P. 53
10 POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. Tr.: Sérgio Bath. Brasília: UnB. 1982. P. 58
11 POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. Tr.: Sérgio Bath. Brasília: UnB. 1982. P. 58
http://investigacao-filosofica.blogspot.com.br/2010/07/resenha-de-as-origens-do-conhecimento-e.html
Cinema de cabelo duro
IMS | 17.04.2014, 14:43
Não é todo dia que chega ao Brasil um filme da Venezuela. Menos ainda um filme extraordinário como Pelo malo,
premiado numa porção de festivais mundo afora, muito bem recebido na
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo do ano passado, e que entra
em cartaz nos próximos dias.
Tudo gira em torno de um impasse aparentemente banal: contra a vontade da mãe, um menino de 9 anos, mulato, quer alisar o cabelo para parecer um cantor popular. A faísca produzida por esse atrito doméstico basta para a diretora e roteirista Mariana Rondón iluminar toda uma sociedade, uma época, um país.
Além de querer alisar seu “cabelo ruim”, o pequeno Junior (Samuel Lange Zambrano) gosta de cantar e dançar. Sua mãe (Samantha Castillo), jovem viúva que tenta recuperar o emprego de vigilante particular, vê em tudo indícios de que o filho é – ou está prestes a virar – um maricón. Entre as atitudes que ela toma na esperança de “torná-lo um macho” está a de fazer sexo com o amante diante dos olhos do menino.
O prodígio mais notável do filme é manter em seu centro a tensão da troca de olhares – perplexos, hostis – entre mãe e filho, ao mesmo tempo em que expõe um amplo e vívido painel histórico, social e cultural. Fundo e figura recebem a mesma atenção da câmera, sem que um desfoque ou obscureça o outro.
Caracas é aqui
A Caracas que pulsa na tela, com seu trânsito caótico, seus ônibus lotados, seus ambulantes, suas paredes descascadas e pichadas, seu lixo nas ruas, assemelha-se a qualquer metrópole brasileira. Aqui e ali, entretanto, sobretudo nas breves inserções de programas de TV e rádio, aparecem sinais inequívocos de tempo e lugar: o messianismo popular em torno de Hugo Chávez (então agonizante), a obsessão venezuelana com os concursos de miss.
Parece que Pelo malo foi acusado em seu país de ser “antichavista”, o que mostra que a estupidez não tem fronteiras. O alcance de sua crítica vai muito além de um governo e um regime específicos, atingindo uma configuração histórico-cultural comum a todo o continente, com seus preconceitos, estereótipos e hierarquias de gênero, etnia e classe social.
Miss ou soldado
Uma das passagens mais eloquentes, nesse sentido, é aquela em que Junior vai com uma amiguinha (Maria Emilia Sulbarán) ao fotógrafo para fazerem a 3×4 da carteirinha de escola. O fotógrafo diz que, por uns bolívares a mais, ela pode ser fotografada com uma coroa de miss e ele com uma boina do exército. Não há outras opções.
Assim como equilibra sutileza e contundência na exposição de seus temas, a diretora consegue a proeza de não deixar que a gravidade do drama sufoque a leveza e o humor com que a narrativa é conduzida. A imaginação confusa e o espírito lúdico de Junior – em especial suas tentativas desastradas de alisar o indomável pelo malo – produzem momentos cômicos memoráveis, assim como suas conversas disparatadas com a amiguinha.
Numa cena marcante, as duas crianças estão no corredor externo de seu prédio e se divertem observando os moradores do edifício em frente, um daqueles monstruosos pardieiros com centenas de pequenos apartamentos. Ali eles veem, e vemos junto com eles, que entre as misses e os soldados, há uma gama vertiginosamente variada de existências humanas. O clima ao mesmo tempo triste e divertido dessa cena, espécie de versão terceiro-mundista de Janela indiscreta, impregna todo o belo filme de Mariana Rondón.
Assista o trailer:
Tudo gira em torno de um impasse aparentemente banal: contra a vontade da mãe, um menino de 9 anos, mulato, quer alisar o cabelo para parecer um cantor popular. A faísca produzida por esse atrito doméstico basta para a diretora e roteirista Mariana Rondón iluminar toda uma sociedade, uma época, um país.
Além de querer alisar seu “cabelo ruim”, o pequeno Junior (Samuel Lange Zambrano) gosta de cantar e dançar. Sua mãe (Samantha Castillo), jovem viúva que tenta recuperar o emprego de vigilante particular, vê em tudo indícios de que o filho é – ou está prestes a virar – um maricón. Entre as atitudes que ela toma na esperança de “torná-lo um macho” está a de fazer sexo com o amante diante dos olhos do menino.
O prodígio mais notável do filme é manter em seu centro a tensão da troca de olhares – perplexos, hostis – entre mãe e filho, ao mesmo tempo em que expõe um amplo e vívido painel histórico, social e cultural. Fundo e figura recebem a mesma atenção da câmera, sem que um desfoque ou obscureça o outro.
Caracas é aqui
A Caracas que pulsa na tela, com seu trânsito caótico, seus ônibus lotados, seus ambulantes, suas paredes descascadas e pichadas, seu lixo nas ruas, assemelha-se a qualquer metrópole brasileira. Aqui e ali, entretanto, sobretudo nas breves inserções de programas de TV e rádio, aparecem sinais inequívocos de tempo e lugar: o messianismo popular em torno de Hugo Chávez (então agonizante), a obsessão venezuelana com os concursos de miss.
Parece que Pelo malo foi acusado em seu país de ser “antichavista”, o que mostra que a estupidez não tem fronteiras. O alcance de sua crítica vai muito além de um governo e um regime específicos, atingindo uma configuração histórico-cultural comum a todo o continente, com seus preconceitos, estereótipos e hierarquias de gênero, etnia e classe social.
Miss ou soldado
Uma das passagens mais eloquentes, nesse sentido, é aquela em que Junior vai com uma amiguinha (Maria Emilia Sulbarán) ao fotógrafo para fazerem a 3×4 da carteirinha de escola. O fotógrafo diz que, por uns bolívares a mais, ela pode ser fotografada com uma coroa de miss e ele com uma boina do exército. Não há outras opções.
Assim como equilibra sutileza e contundência na exposição de seus temas, a diretora consegue a proeza de não deixar que a gravidade do drama sufoque a leveza e o humor com que a narrativa é conduzida. A imaginação confusa e o espírito lúdico de Junior – em especial suas tentativas desastradas de alisar o indomável pelo malo – produzem momentos cômicos memoráveis, assim como suas conversas disparatadas com a amiguinha.
Numa cena marcante, as duas crianças estão no corredor externo de seu prédio e se divertem observando os moradores do edifício em frente, um daqueles monstruosos pardieiros com centenas de pequenos apartamentos. Ali eles veem, e vemos junto com eles, que entre as misses e os soldados, há uma gama vertiginosamente variada de existências humanas. O clima ao mesmo tempo triste e divertido dessa cena, espécie de versão terceiro-mundista de Janela indiscreta, impregna todo o belo filme de Mariana Rondón.
Assista o trailer:
http://www.blogdoims.com.br/ims/cinema-de-cabelo-duro/
Depressão
é uma doença psiquiátrica, crônica e recorrente, que produz uma
alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim,
associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança,
baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite.
É importante distinguir a tristeza patológica daquela transitória provocada por acontecimentos difíceis e desagradáveis, mas que são inerentes à vida de todas as pessoas, como a morte de um ente querido, a perda de emprego, os desencontros amorosos, os desentendimentos familiares, as dificuldades econômicas, etc. Diante das adversidades, as pessoas sem a doença sofrem, ficam tristes, mas encontram uma forma de superá-las. Nos quadros de depressão, a tristeza não dá tréguas, mesmo que não haja uma causa aparente. O humor permanece deprimido praticamente o tempo todo, por dias e dias seguidos, e desaparece o interesse pelas atividades, que antes davam satisfação e prazer.
A depressão é uma doença incapacitante que atinge por volta de 350
milhões de pessoas no mundo. Os quadros variam de intensidade e duração e
podem ser classificados em três diferentes graus: leves, moderados e
graves.
Causas
Existem fatores genéticos envolvidos nos casos de depressão, doença que pode ser provocada por uma disfunção bioquímica do cérebro. Entretanto, nem todas as pessoas com predisposição genética reagem do mesmo modo diante de fatores que funcionam como gatilho para as crises: acontecimentos traumáticos na infância, estresse físico e psicológico, algumas doenças sistêmicas (ex: hipotireoidismo), consumo de drogas lícitas (ex: álcool) e ilícitas (ex: cocaína), certos tipos de medicamentos (ex: as anfetaminas).
Mulheres parecem ser mais vulneráveis aos estados depressivos em virtude da oscilação hormonal a que estão expostas principalmente no período fértil.
Sintomas
Além do estado deprimido (sentir-se deprimido a maior parte do tempo, quase todos os dias) e da anedonia (interesse e prazer diminuídos para realizar a maioria das atividades) são sintomas da depressão:
1) alteração de peso (perda ou ganho de peso não intencional); 2) distúrbio de sono (insônia ou sonolência excessiva praticamente diárias); 3) problemas psicomotores (agitação ou apatia psicomotora, quase todos os dias); 4) fadiga ou perda de energia constante; 5) culpa excessiva (sentimento permanente de culpa e inutilidade); 6) dificuldade de concentração (habilidade diminuída para pensar ou concentrar-se); 7) ideias suicidas (pensamentos recorrentes de suicídio ou morte); 8) baixa autoestima, 9) alteração da libido.
Muitas vezes, no início, os sinais da enfermidade podem não ser reconhecidos. No entanto, nunca devem ser desconsideradas possíveis referências a ideias suicidas ou de autodestruição.
Diagnóstico
O diagnóstico da depressão é clínico e toma como base os sintomas descritos e a história de vida do paciente. Além de espírito deprimido e da perda de interesse e prazer para realizar a maioria das atividades durante pelo menos duas semanas, a pessoa deve apresentar também de quatro a cinco dos sintomas supracitados.
Como o estado depressivo pode ser um sintoma secundário a várias doenças, sempre é importante estabelecer o diagnóstico diferencial.
Tratamento
Depressão é uma doença que exige acompanhamento médico sistemático. Quadros leves costumam responder bem ao tratamento psicoterápico. Nos outros mais graves e com reflexo negativo sobre a vida afetiva, familiar e profissional e em sociedade, a indicação é o uso de antidepressivos com o objetivo de tirar a pessoa da crise.
Existem vários grupos desses medicamentos que não causam dependência. Apesar do tempo que levam para produzir efeito (por volta de duas a quatro semanas) e das desvantagens de alguns efeitos colaterais que podem ocorrer, a prescrição deve ser mantida, às vezes, por toda a vida, para evitar recaídas. Há casos de depressão que exigem a associação de outras classes de medicamentos – os ansiolíticos e os antipsicóticos, por exemplo – para obter o efeito necessãrio.
Há evidências de que a atividade física associada aos tratamentos farmacológicos e psicoterápicos representa um recurso importante para reverter o quadro de depressão.
Recomendações
* Depressão é uma doença como qualquer outra. Não é sinal de loucura, nem de preguiça nem de irresponsabilidade. Se você anda desanimado, tristonho, e acha que a vida perdeu a graça, procure assistência médica. O diagnóstico precoce é o melhor caminho para colocar a vida nos eixos outra vez;
* Depressão pode ocorrer em qualquer fase da vida: na infância, adolescência, maturidade e velhice. Os sintomas podem variar conforme o caso. Nas crianças, muitas vezes são erroneamente atribuídos a características da personalidade e nos idosos, ao desgaste próprio dos anos vividos;
* A família dos portadores de depressão precisa manter-se informada sobre a doença, suas características, sintomas e riscos. É importante que ela ofereça um ponto de referência para certos padrões, como a importância da alimentação equilibrada, da higiene pessoal e da necessidade e importância de interagir com outras pessoas. Afinal, trancafiar-se num quarto às escuras, sem fazer nada nem falar com ninguém,está longe de ser um bom caminho para superar a crise depressiva.
http://drauziovarella.com.br/letras/d/depressao/
É importante distinguir a tristeza patológica daquela transitória provocada por acontecimentos difíceis e desagradáveis, mas que são inerentes à vida de todas as pessoas, como a morte de um ente querido, a perda de emprego, os desencontros amorosos, os desentendimentos familiares, as dificuldades econômicas, etc. Diante das adversidades, as pessoas sem a doença sofrem, ficam tristes, mas encontram uma forma de superá-las. Nos quadros de depressão, a tristeza não dá tréguas, mesmo que não haja uma causa aparente. O humor permanece deprimido praticamente o tempo todo, por dias e dias seguidos, e desaparece o interesse pelas atividades, que antes davam satisfação e prazer.
Causas
Existem fatores genéticos envolvidos nos casos de depressão, doença que pode ser provocada por uma disfunção bioquímica do cérebro. Entretanto, nem todas as pessoas com predisposição genética reagem do mesmo modo diante de fatores que funcionam como gatilho para as crises: acontecimentos traumáticos na infância, estresse físico e psicológico, algumas doenças sistêmicas (ex: hipotireoidismo), consumo de drogas lícitas (ex: álcool) e ilícitas (ex: cocaína), certos tipos de medicamentos (ex: as anfetaminas).
Mulheres parecem ser mais vulneráveis aos estados depressivos em virtude da oscilação hormonal a que estão expostas principalmente no período fértil.
Sintomas
Além do estado deprimido (sentir-se deprimido a maior parte do tempo, quase todos os dias) e da anedonia (interesse e prazer diminuídos para realizar a maioria das atividades) são sintomas da depressão:
1) alteração de peso (perda ou ganho de peso não intencional); 2) distúrbio de sono (insônia ou sonolência excessiva praticamente diárias); 3) problemas psicomotores (agitação ou apatia psicomotora, quase todos os dias); 4) fadiga ou perda de energia constante; 5) culpa excessiva (sentimento permanente de culpa e inutilidade); 6) dificuldade de concentração (habilidade diminuída para pensar ou concentrar-se); 7) ideias suicidas (pensamentos recorrentes de suicídio ou morte); 8) baixa autoestima, 9) alteração da libido.
Muitas vezes, no início, os sinais da enfermidade podem não ser reconhecidos. No entanto, nunca devem ser desconsideradas possíveis referências a ideias suicidas ou de autodestruição.
Diagnóstico
O diagnóstico da depressão é clínico e toma como base os sintomas descritos e a história de vida do paciente. Além de espírito deprimido e da perda de interesse e prazer para realizar a maioria das atividades durante pelo menos duas semanas, a pessoa deve apresentar também de quatro a cinco dos sintomas supracitados.
Como o estado depressivo pode ser um sintoma secundário a várias doenças, sempre é importante estabelecer o diagnóstico diferencial.
Tratamento
Depressão é uma doença que exige acompanhamento médico sistemático. Quadros leves costumam responder bem ao tratamento psicoterápico. Nos outros mais graves e com reflexo negativo sobre a vida afetiva, familiar e profissional e em sociedade, a indicação é o uso de antidepressivos com o objetivo de tirar a pessoa da crise.
Existem vários grupos desses medicamentos que não causam dependência. Apesar do tempo que levam para produzir efeito (por volta de duas a quatro semanas) e das desvantagens de alguns efeitos colaterais que podem ocorrer, a prescrição deve ser mantida, às vezes, por toda a vida, para evitar recaídas. Há casos de depressão que exigem a associação de outras classes de medicamentos – os ansiolíticos e os antipsicóticos, por exemplo – para obter o efeito necessãrio.
Há evidências de que a atividade física associada aos tratamentos farmacológicos e psicoterápicos representa um recurso importante para reverter o quadro de depressão.
Recomendações
* Depressão é uma doença como qualquer outra. Não é sinal de loucura, nem de preguiça nem de irresponsabilidade. Se você anda desanimado, tristonho, e acha que a vida perdeu a graça, procure assistência médica. O diagnóstico precoce é o melhor caminho para colocar a vida nos eixos outra vez;
* Depressão pode ocorrer em qualquer fase da vida: na infância, adolescência, maturidade e velhice. Os sintomas podem variar conforme o caso. Nas crianças, muitas vezes são erroneamente atribuídos a características da personalidade e nos idosos, ao desgaste próprio dos anos vividos;
* A família dos portadores de depressão precisa manter-se informada sobre a doença, suas características, sintomas e riscos. É importante que ela ofereça um ponto de referência para certos padrões, como a importância da alimentação equilibrada, da higiene pessoal e da necessidade e importância de interagir com outras pessoas. Afinal, trancafiar-se num quarto às escuras, sem fazer nada nem falar com ninguém,está longe de ser um bom caminho para superar a crise depressiva.
http://drauziovarella.com.br/letras/d/depressao/
These Haunting Photos Capture The Daily Reality Of A Dark Episode In U.S. History
The Huffington Post
| by
Braden Goyette
http://www.huffingtonpost.com/2014/04/16/ansel-adams-manzanar_n_5155579.html?ncid=fcbklnkushpmg00000010
The most famous of the camps, located in California's Owens Valley, was called the Manzanar War Relocation Center.
Starting in the fall of 1943, photographer Ansel Adams chronicled the day-to-day existence of the people held at Manzanar. He was distressed that the lives of American citizens had been uprooted in such a way, and strove to capture on film the humanity of the detainees as they faced dehumanizing circumstances. "Nothing is more permanent about Manzanar than the dust which has lodged in its tar-papered barracks, except the indelible impression incised on the lives of thousands of its inhabitants," Adams wrote.
Adams is mostly remembered for his art photography -- but what's less often remembered are his works of documentary photography during the war.
The photographs were exhibited in 1944 at the Museum Of Modern Art, and published in book form under the title "Born Free And Equal: The Story Of Loyal Japanese-Americans." In the preface to the book, Adams wrote:
This book in no way attempts a sociological analysis of the people and their problem. It is addressed to the average American citizen, and is conceived on a human, emotional basis, accenting the realities of the individual and his environment rather than considering the loyal Japanese-Americans as an abstract, amorphous, minority group... Throughout this book I want the reader to feel he has been with me in Manzanar, has met some of the people, and has known the mood of the Center and its environment -- thereby drawing his own conclusions -- rather than impose upon him any doctrine or advocate any sociological action.The U.S. eventually apologized for the internment of Japanese Americans in 1988, and admitted it was "motivated largely by racial prejudice, wartime hysteria, and a failure of political leadership." Now, more than 70 years after Adams visited Manzanar, we can still take a tour of the camp through his lens.
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Ansel Adams via Library Of Congress
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Ansel Adams via Library Of Congress
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Ansel Adams via Library Of Congress
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Ansel Adams via Library Of Congress
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Ansel Adams via Library Of Congress
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