quarta-feira, 23 de julho de 2014

 O engodo bem-estarista (Dr. phil. Sônia T. Felipe)



Com certeza, conforme queixa-se um ativista abolicionista logo cedo em sua página, é melhor lidar com os carnistas do que com os bem-estaristas. Concordo. 

Os carnistas não enganam a si mesmos. Elas e eles sabem e admitem que comem carnes e tudo o mais que é tirado dos animais. Comem carne porque foram condicionados a isso, e porque vivem sob a intimidação medicinal de que se não comerem carnes e laticínios não terão as famosas proteínas e o bendito cálcio. Então, seguem essa dieta animalizada por medo de adoecer ou de perder as forças. Vivem aterrorizados com a ideia da abolição desses famosos ou famigerados aminoácidos e minerais que, diga-se de passagem, estão muito e fartamente representados na nossa dieta abolicionista vegana. Mas eles não podem saber disso, porque os meios de comunicação de massa não fazem programas responsáveis para mostrar que há substitutivos vegetais para todos os aminoácidos e minerais (ferro e cálcio), até de melhor biodisponibilidade.

Já os bem-estaristas (pessoas que já estão cientes da dor e do sofrimento dos animais e se dizem condoídas com seu tormento) estão sempre buscando pretextos para se manterem no seu bem-estar dietético, fugindo como dá da decisão abolicionista que afetaria todos os seus manjares feitos com carnes, leite, ovos e mel.

Não bastasse a defesa ferrenha do seu bem-estar e sua posição comodista no que se refere a manter no prato todos os alimentos de origem animal, mesmo sabendo que usar animais como matérias alimentares não é eticamente louvável numa sociedade fartamente suprida de grãos, cereais, frutos, frutas, leguminosas, tubérculos e folhas verdes, ainda por cima usam os animais como máscara para suas ações, dizendo que se preocupam com eles, quando apenas sentem é vergonha de comer suas carnes, leites e ovos, mas os comem alegremente quando veem um rotulozinho escrito "orgânico". Acham que há carne feliz, leite feliz e assim por diante. Não há.

Não existe ovo feliz, carne feliz nem leite ou queijo feliz, a menos que tudo isso seja feito sem passar pelo uso, exploração e morte de qualquer animal.

Pode-se usar a palavra carne para designar a de soja, a de caju ou mesmo qualquer outra matéria sólida, tipo pedaços de coco seco (que costumo comer no almoço, pois sozinho ele tem todos os aminoácidos que formam a base da cadeia proteica), ou outros alimentos que se assemelhem, apenas em sua textura, à carne de animais e requeiram mastigação firme. Queijos podem ser feitos, e já o são, tendo por base os leites vegetais e outras matérias amiláceas, ou como são os queijos veganos (mandioquejo) que fazemos com batata baroa e polvilho, óleo e temperos para compor sabores vários que superam de longe o gosto dos queijos feitos com leite de animais.

Do mesmo modo, não existe batom feliz, shampoo feliz, nem analgésico feliz, se tudo continua a ser testado em animais sempre que apresentar novo ingrediente em sua composição. Nada pode ser produzido tendo por base o bem-estar ou a felicidade de seres sencientes, afetados diretamente pelos testes de toxicidade, mutagenicidade e letalidade.

Não há e nunca haverá bem-estar num ser preso em aparelhos de experimentação, enjaulado em laboratórios, por mais que esses sigam as normas internacionais de manejo. Somos todos animais sencientes. E basta imaginarmo-nos sendo sequestrados e levados para um lugar desses, recebendo doses de tudo que é substância que jamais colocaríamos em nossa pele, boca ou estômago voluntariamente. Mesmo que recebêssemos comidinha balanceada, água e temperatura ambiente invariável (bem-estar), onde estaria o bem que teriam surrupiado de nós ao nos confinar nesse local?

Por que ainda há quem pense que falar do bem-estar animal é defender os interesses dos animais? Não é. Quando alguém defende o bem-estarismo está a defender seu bem-estar, esse conforto de continuar com a díaita (palavra grega que designa modo de viver) que não requer a abolição de nenhum uso dos animais para seu benefício, mas inventa a história de que se os animais forem "bem tratados" está tudo legal. Pode estar legal. Aliás, o que não nos faltam são leis bem-estaristas, justamente porque elas não abolem nada, só legalizam, legitimam, reforçam o uso dos animais para tudo que é finalidade. Enfim, a pessoa pode achar legal. Mas não é ético. Nenhum animal nasce para servir a qualquer propósito humano a não ser que o propósito dessa vida seja o de uma vida humana. Então os outros animais que não nascem na configuração humana devem ficar de fora, em paz.

Só os cházinhos da vovó eram felizes e curavam praticamente tudo: de indigestão à insônia, sem jamais terem sido testados em animais. E vovó usava batom, maquiava-se, usava talcos (a que tive a alegria de conhecer nasceu em 1891) e perfumes. E tudo isso jamais havia sido testado em animais. Não se pensava em por substâncias tóxicas em nada que fosse para aplicar no corpo. E quando uma pessoa tinha reação de vermelhidão ou coceira, ela não usava aquele produto e pronto. Hoje, mesmo com milhões de animais sendo mortos para testagem de tudo o que se inventou para maquiar a cara humana, ainda há reações alérgicas e a pessoa também tem que parar de usar aquele produto.

Então, os testes devem sim, ser feitos caso a caso. E para isso não precisa prender as mulheres ou homens em um laboratório, nem forçá-los a ingerir quantidade imensas dos ingredientes tóxicos ou passar esses produtos ou ingredientes nos olhos deles a ponto de deixá-los cegos.

Cada loja deveria ter um testador disponível para cada produto final vendido ali. E se eu quiser um produto, passo lá, uso uma gota dele na pele atrás da orelha (aprendi isso no consultório de uma dermatologista, quando lhe disse que desde há vinte anos nunca usei o tal do filtro solar porque quando o apliquei pela primeira vez tive alergias feias no rosto) e sigo para o cinema, para as compras ou para um lanche. Se não houver reação alérgica nos próximos minutos ou horas, provavelmente esse produto é tolerado por minha pele. Volto no dia seguinte e o compro.

E quanto a substâncias venenosas que poderiam causar estragos fatais no médio e longo prazo? Minha pergunta é: diante das centenas de milhares de ingredientes já conhecidos e testados, por que pensar que precisamos de um tão venenoso que possa produzir câncer? Para quê? Para exibir um tom falso de pele, de lábios, de cílios?

Ora, os animais não têm nada a ver com essas vaidades humanas. Então, quem precisa muito e quer muito usar substâncias esdrúxulas em sua pele, que as aplique por conta e risco, que se ofereça como cobaia das grandes indústrias para testagem dessas substâncias potencialmente tóxicas ou lesivas.

E bem-estarista acha que testando tudo isso nos olhos, pele e estômago dos animais é algo que possa ser feito mantendo o bem-estar do animal. Não é. Só mantém o bem-estar da consciência da consumidora ou do consumidor, que compra tudo isso sem pensar na agonia pela qual os animais passaram para produzir tanta futilidade.

Do mesmo modo que não haverá fim da caça ao elefante (por conta do marfim), enquanto não houver o fim da compra de qualquer joia ou objeto feito com o marfim, a vivissecção não acabará enquanto as pessoas não se conscientizarem de que não é ético manter um papo bem-estarista para justificar o consumo de produtos de beleza ou de higiene que acarretam dor, sofrimento e extermínio de todos os animais usados longe das nossas vistas para testagem.

Se abolirmos o consumo de tudo que é cosmético testado em animais, as empresas logo logo adotarão testagens não animalizadas em cada um desses produtos. Mas, enquanto houver consumidora comprando inconscientemente tudo isso, elas sempre farão corpo mole na busca de métodos substitutivos ao uso de animais para testagem de produtos de todo tipo. Pare a compra. As empresas se moverão. Continue comprando. As empresas se acomodarão. Simples assim. É assim que funciona. Cada um busca o seu bem-estar. E os animais não têm proveito algum do bem-estar nosso.


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Sônia T. Felipe | felipe@cfh.ufsc.br
Sônia T. Felipe, doutora em Teoria Política e Filosofia Moral pela Universidade de Konstanz, Alemanha (1991), fundadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Violência (UFSC, 1993); voluntária do Centro de Direitos Humanos da Grande Florianópolis (1998-2001); pós-doutorado em Bioética - Ética Animal - Univ. de Lisboa (2001-2002). Autora dos livros, Por uma questão de princípios: alcance e limites da ética de Peter Singer em defesa dos animais (Boiteux, 2003); Ética e experimentação animal: fundamentos abolicionistas (Edufsc, 2006); Galactolatria: mau deleite (Ecoânima, 2012); Passaporte para o Mundo dos Leites Veganos (Ecoânima, 2012); Colaboradora nas coletâneas, Direito à reprodução e à sexualidade: uma questão de ética e justiça (Lumen & Juris, 2010); Visão abolicionista: Ética e Direitos Animais (ANDA, 2010); A dignidade da vida e os direitos fundamentais para além dos humanos (Fórum, 2008); Instrumento animal(Canal 6, 2008); O utilitarismo em foco (Edufsc, 2008); Éticas e políticas ambientais (Lisboa, 2004); Tendências da ética contemporânea (Vozes, 2000).
Cofundadora da Sociedade Vegana (no Brasil); colunista da ANDA (Questão de Ética) www.anda.jor.br; publica no Olhar Animal (www.pensataanimal.net); Editou os volumes temáticos da RevistaETHIC@,www.cfh.ufsc.br/ethic@ (Special Issues) dedicados à ética animal, à ética ambiental, às éticas biocêntricas e à comunidade moral. Coordena o projeto: Ecoanimalismo feminista, contribuições para a superação da discriminação e violência (UFSC, 2008-2014). Foi professora, pesquisadora e orientadora do Programa Interdisciplinar de Doutorado em Ciências Humanas e do Curso de Pós-graduação em Filosofia (UFSC, 1979-2008). É terapeuta Ayurvédica, direcionando seus estudos para a dieta vegana. 



http://www.blogdaluka.org/2014/07/o-engodo-bem-estarista-dr-phil-sonia-t.html?m=1

A verdadeira história de Gaza: um artigo de Robert Fisk




GAZA
Publicado originalmente no Independent.
POR ROBERT FISK

OK, só nessa tarde, o escore de dois dias de mortes é 40 mortos palestinos e nenhum morto israelense. Passemos agora à história de Gaza de que ninguém falará nas próximas horas.
É terra. A questão é terra. Os israelenses de Sderot estão recebendo tiros de rojões dos palestinos de Gaza, e agora os palestinos estão sendo bombardeados com bombas de fósforo e bombas de fragmentação pelos israelenses. É. Mas e como e por que, para início de conversa, há hoje 1 milhão e meio de palestinos apertados naquela estreita Faixa de Gaza?
As famílias deles, sim, viveram ali, não eles, no que agora é chamado Israel. E foram expulsas – e tiveram de fugir para salvar suas vidas – quando foi criado o estado de Israel.
E – aqui, talvez, melhor respirar fundo antes de ler – o povo que vivia em Sederot no início de 1948 não eram israelenses, mas árabes palestinos. A vila palestina chamava-se Huj. Nunca foram inimigos de Israel. Dois anos antes de 1948, os árabes de Huj até deram abrigo e esconderam ali terroristas judeus do Haganah, perseguidos pelo exército britânico. Mas quando o exército israelense voltou a Huj, dia 31/5/1948, expulsaram todos os árabes das vilas… para a Faixa de Gaza! Tornaram-se refugiados. David Ben Gurion (primeiro primeiro-ministro de Israel) chamou a expulsão de “ação injusta e injustificada”). Pior, impossível. Os palestinos de Huj, hoje Sderot, nunca mais puderam voltar à terra deles.
E hoje, bem mais de 6 mil descendentes dos palestinos de Huj – atual Sderot – vivem na miséria de Gaza, entre os “terroristas” que Israel mente que estaria caçando, e os quais continuam a atirar contra o que foi Huj.
A história do direito de autodefesa de Israel é a história de sempre. Hoje, foi repetida e a ouvimos mais uma vez. E se a população de Londres estivesse sendo atacada como o povo de Israel? Não responderia? Ora bolas, sim. Mas não há mais de um milhão de ex-moradores de Londres expulsos de suas casas e metidos em campos de refugiados, logo ali, numas poucas milhas quadradas cercadas, perto de Hastings!
A última vez em que se usou esse falso argumento foi em 2008, quando Israel invadiu Gaza e assassinou pelo menos 1.100 palestinos (escore: 1.100 mortos palestinos, a 13 mortos israelenses). E se Dublin fosse atacada por foguetes – perguntou então o embaixador israelense? Mas nos anos 1970s, a cidade britânica de Crossmaglen no norte da Irlanda estava sendo atacada por foguetes da República da Irlanda – nem por isso a Real Força Aérea britânica pôs-se a bombardear Dublin, em retaliação, matando mulheres e crianças irlandesas.
No Canadá em 2008, apoiadores de Israel repetiram esse argumento fraudulento: e se o povo de Vancouver ou Toronto ou Montreal fosse atacado com foguetes lançados dos subúrbios de suas próprias cidades? Como se sentiriam? Não. Os canadenses nunca expulsaram para campos de refugiados os habitantes originais dos bairros onde hoje vivem.
Passemos então para a Cisjordânia. Primeiro, Benjamin Netanyahu disse que não negociaria com o ‘presidente’ palestino Mahmoud Abbas, porque Abbas não representava também o Hamás. Depois, quando Abbas formou um governo de unidade, Netanyahu disse que não negociaria com Abbas, porque ‘unificara’ seu governo com o “terrorista” Hamas. Agora, está dizendo que só falará com Abbas se romper com o Hamas – quando, então, rompido, Abbas não representará o Hamas…
Enquanto isto, o grande filósofo da esquerda israelense, Uri Avnery – 90 anos e, felizmente, cheio de energia – ataca a mais recente obsessão de seu país: a ameaça de que o ISIS mova-se para oeste, lá do seu ‘califato’ iraquiano-sírio, e aporte à margem leste do rio Jordão.
“E Netanyahu disse”, segundo Avnery, que “se não forem detidos por uma guarnição permanente de Israel no local (no rio Jordão), logo mostrarão a cara nos portões de Telavive”. A verdade, claro, é que a força aérea de Israel esmagaria qualquer ‘ISIS’, no momento em que começasse a cruzar a fronteira da Jordânia, vindo do Iraque ou da Síria.
A importância da “guarnição permanente”, contudo, é que se Israel mantém seu exército na Jordânia (para proteger Israel contra o ISIS), um futuro estado “palestino” não terá fronteiras e ficará como enclave dentro de Israel, cercado por território israelense por todos os lados. “Em tudo semelhante aos bantustões sul-africanos” – diz Avnery.
Em outras palavras: nenhum estado “viável” da Palestina jamais existirá. Afinal, o ISIS não é a mesma coisa que o Hamas? É claro que não é.
Mas Mark Regev, porta-voz de Netanyahu, diz que é! Regev disse à Al Jazeera que o Hamas seria “organização terrorista extremista não muito diferente do ISIS no Iraque, do Hezbollah no Líbano, do Boko Haram…” Sandices. O Hezbollah é exército xiita que está lutando dentro da Síria contra os terroristas do ISIS. E Boko Haram – a milhares de quilômetros de Israel – não ameaça Telavive.
Vocês entenderam o ‘espírito’ da fala de Regev. Os palestinos de Gaza – e esqueçam as 6 mil famílias palestinas cujas famílias foram expulsas pelos sionistas das terras onde hoje está Sederot – são aliados das dezenas de milhares de islamistas que ameaçam Maliki de Bagdá, Assad de Damasco ou o presidente Goodluck Jonathan em Abuja.
Sim, mas… Se o ISIS está a caminho para tomar a Cisjordânia, por que o governo sionista de Israel continua a construir colônias ali?! Colônias ilegais, em terra árabe, para civis israelenses… na trilha do ISIS?! Como assim?!
Nada do que se vê hoje na Palestina tem a ver com o assassinato de três israelenses na Cisjordânia ocupada, nem com o assassinato de um palestino na Jerusalém Leste ocupada. Tampouco tem algo a ver com a prisão de militantes e políticos do Hamas na Cisjordânia. E nem o que se vê hoje na Palestina tem algo a ver com foguetes. Tudo, ali, sempre, é disputa por terra dos árabes.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-verdadeira-historia-de-gaza-um-artigo-de-robert-fisk/

segunda-feira, 21 de julho de 2014

LUÍS FRANCISCO CARVALHO FILHO

Feiura paulistana

Temos um novo Plano Diretor e a beleza
da cidade não fez parte do debate que
cercou sua aprovação
A revista "Monolito" dedicada a Higienópolis, bairro central de São Paulo, não mostra
só o tom modernista de um movimento arquitetônico capaz de erguer lindos prédios e,
como diria Caetano, destruir belas casas. Permite observar a perturbação estética
causada pela fiação exposta, pelas grades desproporcionais e por uma medonha rede de
cercas elétricas instaladas para iludir moradores.
O edifício Louveira, desenhado por Artigas e Cascaldi, mantém a transparência original
da fachada e nem por isso seus habitantes são assolados por invasões.
Grades gigantescas e redes eletrificadas são inúteis porque assaltos em condomínios
não são cometidos por transeuntes e saltadores. A paranoia da violência enfeia a
paisagem.
Já a quantidade assombrosa de postes e fios que aumenta todos os dias, praga urbana
que mutila as árvores e polui o olhar, é fruto da tolerância e da corrupção do poder
público.
Temos um novo Plano Diretor e a beleza da cidade não fez parte do debate que cercou
sua aprovação.
Maluf é muito mais do que um minuto na TV em período eleitoral. Fixou um estilo
assimilado por todos partidos políticos, sem exceção: governar é fazer obras para o
sistema viário. O Minhocão é o marco destruidor.
Tudo pelo automóvel, nada pelo pedestre.
No site da prefeitura as calçadas têm dois metros de largura: setenta centímetros
reservados para serviços (iluminação, árvores, floreiras, lixeiras, telefones, bancos), um
metro e vinte de faixa livre, sem desnível ou obstáculo. Quem anda a pé, além de
verificar a sujeira e a falta de conservação, sabe que é mentira.
Ampliar ruas, diminuir calçadas, surrupiar espaços de horizonte e convivência, anistiar
irregularidades. É assim que se governa São Paulo.
Para onde se olha, é feiura. Vejam o que foi feito da avenida Santo Amaro e das
margens dos rios. A rua Angelina Maffei Vita atravessa as laterais do Shopping
Iguatemi, do Clube Pinheiros e do Hebraica, três símbolos da elite paulistana, mas um
cadeirante ou um carrinho de bebê não tem como contornar aqueles quarteirões: há
trechos, ao lado do Clube Hebraica, em que a distância entre muro e poste é pouco
maior do que uma régua escolar. Pedestre não é bem vindo.
Automóvel é pior que cigarro, mas a politica de benefícios fiscais para a indústria
automobilística, inspirada no jeito Maluf de gerir, despeja milhões de veículos em
cidades que deles precisariam se livrar. Se os ônibus são mais rápidos nos corredores,
os coletivos e as calçadas que dão acesso às paradas são destinados à mobilidade de
gente pobre, que, na visão dos administradores, deve se contentar com porcarias e
desconforto.
A aparência de São Paulo é horrorosa e poderia ser diferente. A beleza, sim, é valor
democrático. A chave da recuperação estética da cidade passa por atitudes singelas e
drásticas. Habitações populares podem não ser áridas. Obrigar o enterramento de fios.
Aumentar calçadas, reduzir locais de estacionamento, desalojar postos de gasolina,
multar mais, muito mais: transformar a vida de quem se locomove com o próprio carro
em um saudável inferno.
É preciso exorcizar este "malufinho" que existe em nós e que inspira de síndicos a
criadores de políticas públicas.
lfcarvalhofilho@uol.com.br

"Não importa se a arte é comercial ou não, basta comunicar", dizem Osgêmeos

Leonardo Rodrigues
Do UOL, em São Paulo

Grafiteiros Osgêmeos recebem famosos e anônimos em exposição "A Ópera da Lua"19 fotos

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29.jun.2014- Grafiteiros Osgêmeos, Gustavo e Otávio Pandolfo estreiam a nova exposição, "A Ópera da Lua", na galeria Fortes Vilaça, zona oeste de São Paulo, Os artistas, conhecidos internacionalmente com trabalhos em vários países da Europa, Estados Unidos e Cuba, são os responsáveis pelos grafites no avião que transporta a Seleção Brasileira durante a Copa Leia mais Reinaldo Canato/UOL
Na primeira sala, uma vila de cores e retalhos, justaposta a um misterioso vórtex de madeira. Na segunda, um boneco amarelo de seis metros de altura, que em sua barriga guarda um carrossel de baleias girando em luzes estroboscópicas. No último espaço, uma espécie de casa de cortiço, acanhada, mas com telão psicodélico que convida os visitantes a interagir.
"A Ópera da Lua", nova e onírica exposição da dupla Osgêmeos, marca uma discreta mudança de perspectiva no trabalho dos artistas. Antes mais ligados a paisagens urbanas, com traços dotados de crítica social, os grafiteiros decidiram agora imergir em um universo que descrevem como mais simbólico e espiritual.
"Começamos a trabalhar nessa exposição há mais de um ano e meio. Cada nova exposição é um grande desafio para nós —gostamos disso, de nos desfiar com os projetos mais loucos possíveis", dizem em entrevista ao UOL, por e-mail, com respostas que assinam juntos.
A sintonia de Gustavo e Otávio Pandolfo é total, e a inspiração parece vir de tudo.  De pessoas, viagens, trabalhos anteriores. Muitas vezes, do próprio suporte no qual a arte está inserido, como no caso do amplo galpão da galeria Fortes Vilaça, que abriga a mostra. Até o dia 16 de agosto, praticamente todo o espaço, na Barra Funda, ficará tomado pelas pinturas, esculturas e instalações da dupla.

Num espaço expositivo, você tem um quadrado em branco, limpo, que te possibilita uma infinidade de coisas. É onde podemos recriar o nosso universo Osgêmeos

"A estética de algumas obras feitas na rua pode até ser similar com a que usamos para galerias e museus, mas o grafite está na rua. E essa obra terá uma relação direta com a paisagem em que está inserida. Já num espaço expositivo, você tem um quadrado em branco, limpo, que te possibilita uma infinidade de coisas. É onde podemos recriar o nosso universo."
Hoje estrelas quase pop do ainda sisudo meio das artes brasileiro, Osgêmeos começaram a carreira no fim dos anos 1990, grafitando nos muros do bairro do Cambuci, na região central São Paulo. Com traços fortes e enormes bonecos cabeças amarelas, fizeram com que a arte das ruas fosse aceita também em galerias. O prestígio internacional veio simultaneamente, com exibições em 15 países, incluindo grandes instituições do mundo, como a galeria Tate Modern, em Londres, e do Museu do Louvre, em Paris.

Recebemos todos os tipos de projetos. Independentemente de ser um projeto comercial ou não, o importante é o artista poder escolher trabalhar com pessoas e projetos que sejam próximos do que gosta, que tenham uma energia bacana Osgêmeos

Na abertura da nova exposição, na semana passada, levaram cerca 1.300 pessoas ao espaço, um recorde para a galeria Fortes Vilaça. A toda essa popularidade somam-se produtos lançados em parceria com Nike, Hermès e Louis Vuitton. Mais recentemente, foram convidados a grafitar o avião da seleção brasileira na Copa, o que rendeu críticas e até comparações com Romero Britto.
"Recebemos todos os tipos de projetos. Independentemente de ser um projeto comercial ou não, o importante é o artista poder escolher trabalhar com pessoas e projetos que sejam próximos do que gosta, que tenham uma energia bacana", dizem.
"As coisas na verdade são muito simples, as pessoas é que complicam, com essa tendência de colocar tudo em 'gavetas'. Não importa se a arte é comercial ou não, o que importa é a verdade que ela traz, o que ela comunica às pessoas e como as fazem sentir."
Atualmente, após um ano e meio trabalhando na sinestésica "Ópera da Lua", Osgêmeos já estão com o pensamento voltado para a próxima exposição. Como de costume, mantida em absoluto sigilo. Dizem apenas que, neste mês, estarão no Pavilhão Brasil da Bienal de Vancouver, no Canadá, com uma literalmente grande novidade.
"Estamos muito animados com esse projeto, pois não só será nosso primeiro trabalho no país, mas também será talvez o maior mural já realizado em nossas carreiras."

http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2014/07/11/nao-importa-se-a-arte-e-comercial-ou-nao-basta-comunicar-dizem-osgemeos.htm
Tudo aconteceu rápido demais. Num domingo, sabíamos que Vange Leonel estava doente. No domingo seguinte, sabíamos que estava internada e bastante mal. Hoje é segunda-feira, e sabemos que ela morreu.
Pelo imenso amor que sinto pela Vange e pela esposa dela, a Cilmara Bedaque, venci alguns dos meus fantasmas e fui ao hospital, e me intrometi nas horas farpudas dos dois últimos dias, com meu jeito desengonçado de lidar com a morte – e com a vida.
Vi e beijei a Vange no domingo, antes da final da Copa do Mundo que infelizmente a Argentina não levou (a Vange, personificação da elegância, esperou a Copa do Brasil acabar para nos comover). Ela me olhou com um olhar comprido, pontudo, achei que amedrontado – e quem há de não se amedrontar nessa hora, nessas horas?
Hoje, vi, beijei e falei um milionésimo do que tinha para falar para a Vange. À minha própria revelia, fui me intrometer entre familiares que não são meus, assim que se espalhou para os amigos a inviabilidade do que estava por vir. Vi e beijei (beijei?) a Cilmara, quando a Vange ainda vivia e depois que a Vange não vivia mais. Tentei cuidar um tiquinho da Cilmara, com meu jeito desastrado, e ainda quero muito mais.
Entre umas e outras dessas horas, fiquei por ali desajeitado, desengonçado, destrambelhado, enfiando a cara na tela do celular, querendo viver e querendo fugir de viver o que estava acontecendo.
Pois olhe, eu queria lhe contar, o que vi com meus olhos de jornalista que finge o tempo todo não fazer parte da notícia explodiu minhas retinas como uma demonstração eloquente de grande beleza, força, serenidade e profundidade – as mesmas que eu ouvia em algumas músicas do grupo Nau (“Linha Esticada”, “Barcas”, “Bom Sonho”), as mesmas que eu ouvia nas músicas & letras de Vange & Cilmara (“Passeio Distraído”,  ”Esse Mundo”, “Mil Anos”, “Mulher Lobo”, “Vida Vida Vida”, “Vermelho”).
Vi o momento maravilhoso em que a Cilmara trouxe as roupas da Vange e pediu ajuda para atar o nó da gravata que a Vange vai usar, já está usando. Vange usava, usa e usará gravata. Mulher da gravata florida, minha deusa do céu, que gravata mais linda, olha os detalhes da gravata da Vange. Respeite a gravata da Vange.
Com medo do mundo ali do meu ladino, olhei para dentro e vi a mim mesmo no ano da minha chegada a São Paulo, 1991, o mesmo do lançamento do clássico pop “Noite Preta” e do primeiro álbum da Vange, que eu simplesmente adorava (meu deus, minhas deusas, será que eu falei isso para ela com todas as silabas e entonações?, ou fiquei esperando, como sempre, até quando não desse mais tempo?).
Aquela de 1991 é uma cena real que até hoje eu vejo como um filme: eu sozinho no ponto de ônibus da meia-noite até amanhecer, porque venci os pânicos de garoto durango kid recém-chegado do interior do Paraná e fui ao show da Vange sem me tocar que era véspera de Páscoa e que não haveria ônibus na madrugada para voltar para casa.
Aquela minha calada noite preta eu passei no abrigo dos passageiros do transporte coletivo, sozinho, amedrontado, talvez com um olhar comprido e pontudo semelhante ao da Vange ontem antes do jogo. Tanta coisa sucedeu daquele tempo para cá. Naquela noite, nem sonhava que dentro de três anos eu começaria a virar jornalista e, mais especificamente, uma coisa pavorosa chamada “crítico”,  ”crítico musical”, nem que viria até a escrever (muito pouco, e muito mal) sobre a obra da Vange (e da Cilmara).
Essa historinha do ponto de ônibus eu contei e relembrei para a Vange algumas vezes nos últimos anos, inclusive hoje, na hora do cochicho antes da hora do sopro. Também consegui (ou tentei) falar, mal e mal, como achava ela talentosa, brilhante, importante, fundadora, referencial – por que tão tarde, meus orixás?, por que a dificuldade tão grande de falar para os vivos o que sai tão fácil da boca quando eles, elas, já não estão mais vivas?
Vi hoje, no hospital, o lindo, profundo, emocionado e sábio abraço que a Cilmara trocou com o Esper Leon, o amigo virtual que virou real e com o quem a Cilmara e a Vange viveram intensamente, há um ano menos três dias, a morte também precoce do esposo do Esper, o Senshô, extraordinária figura twitteriana cujo brilho nos apaixonou às legiões e cuja morte comoveu uma comunidade virtual-e-real que, até então, nem sabíamos que existíamos. Respeitemos as comunidades colaborativas, a competição já não está mais com aquela bola toda.
Enquanto eu próprio não conseguia chorar (como é árduo chorar, depois que pranteamos nossa mãe e nosso pai), vi os olhos vermelhos da moçada que desabou às dezenas hoje no hospital. Moçada mesmo, todos muito jovens, as Vanges e Cilmaras de hoje, amanhã e depois de amanhã. Nesses últimos anos, e com intensidade reforçada depois da morte avassaladora do Senshô, a casa da Cilmara e da Vange virou uma espécie de entreposto de comunicação entre o mundo virtual e o real, o Twitter e o bar Tubaína da queridíssima Veronica Goyzueta. Vange e Cilmara eram e são comunicadoras de qualidade ímpar. Respeite a verdadeira comunicação, sr. (tu)barão-das-comunicações, não aguentamos mais, não há mais tempo-espaço para tanto simulacro.
A Cilmara, polinizadora, tem se revelado mestra na arte de cavar o túnel de fuga (e de encontro) em que o virtual desemboca no real. A Vange, coelhinha de toca, via tudo com um olhinho de lado, picaresco, maroto, de quem se diverte a valer com o movimento ao redor, mas tem o domínio de poder voltar para a toca quentinha sempre que lhe desse vontade. A esse respeito, eu me sentia meio gêmeo da Vange.
Sou imensamente ruim em lembrar a cronologia das coisas da vida, mas hoje voltei para dentro de mim e revi o momento em que me aproximei física-e-virtualmente da Vange, pelas mãos malucas da minha grande amiga também artista também genial também jornalista também escritora Marcia Bechara, que hoje vive do outro lado do oceano, qual sereia parisiense de Leonel. Não sei a cronologia exata das coisas das vidas, mas foi no hoje também falecido Orkut que a Marcia fundou a comunidade Mitorama, que a Vange adorava, e foi a partir dali que tudo (re)começou.
Acho que na época a Cilmara não era de Orkut, como até hoje odeia “o Face” (e nisso tem meu apoio e minha concordância). A Bechara hoje não esteve presente fisicamente, mas participou de tudo tintim por tintim, pelo “Face” e por todas as redes sociais e anti-sociais que você possa imaginar. As páginas do Mitorama, querida Vange, sobrevivem mornas, quentes e quentíssimas no berço úmido de mãe Bechara do Gantois. Ela até quis me mostrar um pouco dos nossos papos públicos de anos atrás (como soava louco e novo conversar em público e por escrito, apenas tão poucos anos atrás), mas eu ainda não tive coragem de ver.
Pensando a partir do pouquíssimo que escrevi sobre a Vange quando atuava como, ~gasp~, “crítico cultural” na Folha de São Paulo e depois na CartaCapital, eu até diria que a mídia tratou, tratamos, muito mal a Vange. É uma meia verdade: a mídia tratou e trata muito mal, com pedradas e pauladas, não só a Vange, mas quase todo mundo que existe, exceto um reduzidíssimo grupo de escolhidos, favorecidos, mimados, ludibriados. A mídia não respeita ninguém, nem mesmo aqueles pouquíssimos que ela julga (ela, a julgadora) respeitar.
Respeite a Vange, mesmo que a mídia não diga para você respeitá-la ou diga, silenciosamente, para você não respeitá-la. Não gosto de verbos imperativos, mas hoje peço licença: não seja covarde, mesmo que a mídia exija isso de você. Nós não aguentamos mais tanta pusilanimidade, tantos críticos de música cultura cinema futebol economia política. A Vange não aguentava, ninguém aguenta mais, passou da hora de vocês pararem.
Por falar em parar ou continuar, em vaiar ou aplaudir. A Vange gostava de me pegar de cantinho e me elogiar, franca, transparente e desarmadamente. Eu ficava transtornado, foradessi, não sabia onde enfiar a cara, embora evidentemente adorasse ouvir o que ela falava. Como era gentil e generosa e amorosa, santo zeus, alá e a deusa de todos os ateus! Ela me desnorteava, e desconfio que sabia e se divertia com isso. Uma artista elogiando um crítico, que diabo era isso? Como poderia um crítico que vivia de esculhambar descer do trono da própria jumentice para elogiar uma raríssima artista que não tinha pejo de elogiar um crítico que (não) vivia (mais) de esculhambar tudo e todos e todas? E, que diacho, será que eu retribuí os elogios com 1% da intensidade que eu precisava e que ela merecia?
Este é um texto naturalmente confuso e desconexo, mas acho que consigo explicar algo sobre o parágrafo anterior. Se você me permite apenas um auto-elogio, acho que eu soube comunicar à Vange, ao menos num aspecto, o quanto ela era importante para mim. Em algum momento que não sei precisar, senti a necessidade de ser menos covarde com relação à minha própria sexualidade e de militar pela identidade gay, que me pertence e à qual pertenço. Achei que precisava encontrar um meio, mesmo que com muitas e muitas limitações, mas um meio que tivesse nome, nome do meio e sobrenome. Ser gay com nome, nome do meio e sobrenome é algo que a mídia onde eu trabalhava e eu próprio jamais permitimos a mim (nem a ninguém), e uma bolha que queria, carecia, precisava estourar.
Quando eu vi que não dava mais para não estourar a bolha, foi à Vange que eu recorri. Nos papos mais despretensiosos que tínhamos, comecei a trazer esse tema à tona. Me queixei da minha covardia, disse que queria mudar, e foi ela, a Vange, quem me orientou e me dedicou mais uma enxurrada de palavras e ideias positivas, construtivas, amorosas.
Não sei reproduzir os caminhos que ela indicou, o que ela disse ou as histórias que contou – mas ela me contou grandes histórias, sobre essa viagem, a do reconhecimento de identidade, que ela fez muito antes de mim, de modo pioneiro, valente, corajoso, absolutamente sensacional. Que baita saudade dos seus textos na revista gay que todo mundo fingia que não lia, querida Vange que não pode mais me escutar. Tenho essas revistas guardadas, quando tiver coragem vou espiar.
Tanta coisa preciosa eu ouvi da Vange nesses não tantos anos de convívio virtual-e-real. Ela me contou sobre como é dolorido ser gay (não que eu não saiba de cor e salteado), ser lésbica, ser militante lésbica, ser feminista, ser militante feminista nas ruas na passeata na parada gay no passeio distraído divino maravilhoso assustador intimidador.
Conversamos sobre as dores, mas sobre muito mais do que as dores. Foi muito com ela que aprendi que se opor a alguma coisa não equivale a desrespeitar essa coisa. Que se opor a uma ideia não equivale a se opor a quem defende tal ideia, muito menos a desejar o extermínio de qualquer ideia – e de qualquer pessoa.
Conversamos muito sobre etapismo, uma ideia de que ela muito gostava: não adianta querer tudo ao mesmo tempo agora, é uma coisa de cada vez, e o fato de a causa X triunfar hoje é um indício muito potente de que a causa Y pode vir a triunfar amanhã e depois de amanhã.
Conversamos sobre afobismo, uma ideia de que eu gostava – não adianta querer tudo para AGORA, menina e menino, porque simplesmente não vai rolar.
Conversamos até amanhecer, eu e ela e a Cilmara, sobre cultura e política e identidade e identidade sexual e medo e coragem e respeito. Respeitem a Vange e a coragem dela, meus camaradinhas, até porque o que a vida quer da gente é coragem.
Por falar em coragem, e em parar ou continuar, e em vaiar ou aplaudir, e em desistir ou persistir. A Vange viveu com grande gosto e intensidade a vinda da Dilma Rousseff à presidência do Brasil. Diferentemente de uma minoria ruidosa de militantes gays (reais ou de fachada), a Vange não caiu na cilada de acusar uma mulher presidenta de homofóbica nem de perder a confiança nela por causa desta ou daquela concessão. Respeite a presença feminina no poder, sr. machão, até porque elas (se) governam muito melhor do que nós.
A Vange soube de modo pleno, como muitos de nós, que Dilma no poder somos nós todos no poder. Que Dilma e Lula (Lulidilma, Dilmilula), no poder, somos ela, Vange, no poder, sem nenhum afobismo e com muito etapismo. Que, enquanto estivermos no poder um nordestino, mulher, preto, índia, japonês, palestina, gay, lésbica, travesti, transexual, bissexual, simpatizante, trabalhadora, operário etc., estaremos TODAS no poder – e exiba a antena verde de extraterrestre quem não pertencer com algum orgulho a pelo menos uma das categorias citadas acima.
Hoje, quando a Cilmara e todos nós já íamos indo embora do hospital, vi quando uma mulher bonita, altiva, elegante chegou e a acolheu em seus braços. Estava serena como a Cilmara também está (guardadas as inúmeras limitações das horas farpadas). Era Eleonora Menicucci, a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da senhora presidenta Rousseff. Companheira de Dilma na tortura e no presídio Tiradentes, Eleonora é militante altiva de todas as causas de que estamos falando, e certamente de outras tantas mais.
Nesse abraço, vi a grandeza da Vange se espelhar nas grandezas da Eleonora, da Cilmara, das muitas mulheres e (por que não) dos homens que estávamos presentes no tchau transitório à Vange. Que luxo vivermos no Brasil em que vivemos!, como pode alguém, em pleno 2014, desrespeitar este Brasil frondoso que estamos vivendo e fazendo?
Para encerrar esse texto confuso e desconexo (e crítico, de modo avesso aos da tradição, família, propriedade e Instituto Millenium), venho te dizer que hoje vi o ambiente descarnado de hospital ser inundado por um mar morno de serenidade, sabedoria, elegância, poesia e beleza. Não houve cenas teatrais (ou musicais, cinematográficas, televisivas, jornalísticas) de desespero ou destempero. “Nossa, Pedro, cê tá achando isso tudo muito normal”, espantou-se a Bechara na DM do #Facebook – é porque, querida Bechara, isso tudo é muito normal mesmo, e hoje foi a vez da nossa amada Vange, e é hora de festejá-la à nossa própria maneira, longe do catastrofismo e do sensacionalismo abjetos que nos impõem, que nos impomos, dia após dia, nas arenas em que os tigresos podem mais do que as leoas.
A esta altura do campeonato mundial, sabemos que ficamos mais fortes e morenos, mesmo quando nos arrancam pedação de nós mesmos que aqui ainda vivemos. Já sabemos que vêm mais flores e frutos por aí, germinados tanto dos pedaços que permanecem quanto dos que se vão. Vange Leonel vem aí. A moçada de olhos vermelhos é a Vange ainda viva, sempre viva, com tudo que ela aprendeu e ensinou em músicas, peças, livros, textos, mitoramas, tweets. A Vange Leonel é e será uma escola, uma enciclopédia, um dicionário, um jardim coberto de flores e de gravatas floridas dependuradas nos pescoços.

Nada aconteceu rápido demais, tudo está acontecendo.

http://farofafa.cartacapital.com.br/2014/07/15/vange-leonel/
Ver todos os arquivos guardados no Feice

ALEXANDRE ARAGÃO
DE SÃO PAULO
14/07/2014   02h00

Aonde você estava na manhã do dia 14 de julho de 2012, há dois anos? A
lembrança pode demorar a vir na sua memória, mas há boas chances de que o
Facebook tenha a resposta na ponta da língua –e até compartilhe, com você e
com anunciantes.
Desde outubro de 2010 há uma ferramenta que permite a usuários baixar as
informações armazenadas sobre seus perfis. O arquivo inclui mensagens,
postagens de mural, fotos, vídeos e até cutucadas.
Entretanto, o mais surpreendente são as informações que vêm de
"metadados" –de onde, a que horas e de que endereço IP a rede foi acessada,
por exemplo– que o Facebook extrai. Há dados como as palavras-chave
usadas para colocar anúncios, além de uma lista de todos os banners já
clicados.
Uma parte desses arquivos é usada pela empresa para construir perfis
publicitários mais apurados. Se um cliente quiser anunciar para jovens de
uma região determinada de qualquer cidade, que tenham gostos bastante
específicos, o Facebook é capaz de acertar o alvo dada a grande massa de
informação.
Sem ter "curtido" uma página ou pesquisado um tema, é possível ser ligado a
ele. A rede faz juízos de valor não só a partir das "curtidas" e do que é
publicado, como o tamanho da roupa usado pelo usuário, mas também de
gostos que não estão diretamente ligados ao que usuários publicaram
expressamente.
Até a última sexta-feira (11), o Facebook não respondeu aos questionamentos
feitos pela reportagem.
O QUE COMPARTILHAM
Boa parte da política de privacidade do Facebook mudou desde sua criação,
bem como a interface do site. Essas mudanças têm influência na quantidade e
no modo como usuários compartilham, argumenta Alessandro Acquisti,
professor da Universidade Carnegie Mellon (EUA).
Os motivos para as alterações não são claros. "Como pesquisadores, não
sabemos as motivações por trás de uma ou outra mudança", diz Acquisti.
"Entretanto, podemos mostrar como certas escolhas de design podem afetar
sutilmente o comportamento dos usuários, sejam intencionalmente ou não."
Mesmo assim, Acquisti descobriu algo esclarecedor. Ele analisou as
informações públicas de 5.076 perfis entre 2005 e 2011. Apesar de a amostra
não ser representativa, o pesquisador aponta que quanto mais usam a rede, as
pessoas tendem a compartilhar menos informações publicamente.
Tem uma pegadinha: aumenta a quantidade de informações para grupos mais
restritos. E mesmo que somente os amigos mais próximos possam ver o local
em que o usuário está, por exemplo, o Facebook também pode.

Enquanto isso, grupos de pressão tentam obrigar empresas de internet a
disponibilizarem ainda mais informações aos usuários.
Como a EFF (Electronic Frontier Foudantion), um dos principais. "Não
sabemos se o Facebook apaga informações que 'aprendeu' ou se usa certos
aspectos desindexados de um perfil mesmo após a saída do dono", diz Adi
Kamdar, porta-voz da fundação.

O QUE A EQUIPE DE "TEC" DESCOBRIU AO BAIXAR SEUS
DADOS...

O dia em que o Facebook me convenceu a comprar um sofá
Navegar no mar de dados que o Facebook me devolveu de forma compactada
me mostrou o que era um achismo: como eu rejeito pedidos de amizades!
Mas, uma vez a pessoa no meu rol, tenho pudores de excluí-la –foram apenas
duas em quatro anos.
Nessa mesma linha, porém, sou usuária pesada da geladeira. É bem longa a
listas cujas publicações eu escolhi não ver mais.
Longuíssima listagem é também a de locais de acesso, que comprova o vício
em acessar o tempo todo.
E no quesito garimpar interesses, não é que o Facebook identificou e registrou
meu atual interesse por reformas e acertou em cheio ao exibir um anúncio de
sofás? Cliquei no bendito e comprei.
CAMILA MARQUES, editora de "Tec"
Ele me acha depressivo, mas não temos um relacionamento sério
Eu e Facebook nunca tivemos um relacionamento sério. Larguei-o pela 13ª
vez há uma semana. É complicado.
Quando baixei tudo o que guardou sobre nós, o Face expôs minhas
preferências –os dias e horários favoritos de login eram segundas e quintas
entre as 11h e as 12h. Lembrou ainda que troquei 49.776 mensagens em sua
presença.
E os juízos de valor? Entre as categorias de anúncios atribuídas ao meu perfil
está "depressão nervosa" (em inglês, "major depressive disorder"), como se eu
estivesse triste com o nosso romance.
Ele também armazenou alguns endereços que frequentei, como o do hotel em
que fiquei em Curitiba, a trabalho, em dezembro. Não gosto de me relacionar
com alguém tão controlador.
ALEXANDRE ARAGÃO
Rede social nos rouba o direito de esquecer e de ser esquecido
Tenho mais de 200 ex-amigos no Facebook. Gente com quem me indispus ou
pessoas que não faziam parte da minha vida e nunca deveriam ter tido acesso
a minhas informações pessoais. Há também algumas 'baixas de guerra'
–inocentes feridos em batalhas que findaram relações amorosas. O número é
próximo ao da minha lista de amigos atuais, de 299 pessoas.
Ao dificultar a exclusão de amigos e fotos, e registrar indefinidamente nomes,
sobrenomes e datas de início e fim da 'amizade virtual' e mais um amontoado
de dados, o Facebook me faz criar um laço perene que me rouba uma das
coisas mais importantes que o mundo real precisa para funcionar: o direito de
esquecer e ser esquecido.
ALEXANDRE ORRICO
Passado maníaco no Farmville, mas vida adulta Jedi estabelecida
Acessar o histórico do meu Facebook estampou na minha tela um tempo em
que ele tinha uma única utilidade para mim: jogar "Farmville". Entre 2009 e
2010, minha linha do tempo foi um amontoado de pedidos por tábuas,
pregos, porcos e patos.
Antes disso, em 2008, eu praticamente não existia na rede. Hoje, apareço
bem mais no Face, mas com pelo menos 400 laços cortados depois de parar e
ver exatamente quem fazia parte da minha lista de 'amigos'.
Já o super algoritmo da rede mostrou conclusões reais sobre mim: fui
enquadrada em vida adulta estabelecida (tenho quase 30), e recebi 19
menções a "Star Wars" para definir anúncios que são exibidos, revelando meu
fanatismo.
STEFANIE OLIVEIRA


1) No menu superior à direita, escolha Configurações. Logo na primeira página, abaixo de "Idioma", clique em "Baixe uma Cópia dos seus dados do Facebook"

2) Na página seguinte, clique em "Abrir meu Arquivo". O Facebook vai pedir sua senha e, depois, lhe enviará um e-mail.

3) Você receberá um e-mail, em inglês, com um novo link - que tem duração temporária. Na nova página, o Facebook pedirá sua senha mais uma vez e, só então, começará a baixar o arquivo.



A culpa por ser pobre e não ter estudado é totalmente sua

Leonardo Sakamoto

A culpa por você ser pobre é totalmente sua.
A frase acima raramente traduz a verdade. Mas é o que muita gente quer que você acredite.
Aí a gente liga a TV de manhã para acompanhar os telejornais por conta do ofício e já se depara com histórias inspiradoras de pessoas que não ficaram esperando o Maná cair do céu e foram à luta. Pois a educação é a saída, o que concordo. E está ao alcance de todos – o que é uma besteira. E as cotas por cor de pele, que foram fundamentais para o personagem retratado na reportagem alcançar seu espaço e mudar sua história, nem bem são citadas.
Pra quê? No Brasil, não temos racismo, não é mesmo? Até porque o negro não existe. É uma construção social…
Quando resgato a história do Joãozinho, os meus leitores doutrinados para acreditar em tudo o que vêem na TV ficam loucos. Joãozinho, aquele self-made man, que é o exemplo de que professores e alunos podem vencer e, com esforço individual, apesar de toda adversidade, “ser alguém na vida”.
(Sobe música triste ao fundo ao som de violinos.)
Joãozinho comia biscoitos de lama com insetos, tomava banho em rios fétidos e vendia ossos de zebu para sobreviver. Quando pequeno, brincava de esconde-esconde nas carcaças de zebus mortos por falta de brinquedos. Mas não ficou esperando o Estado, nem seus professores lhe ajudarem e, por conta, própria, lutou, lutou, lutou (contando com a ajuda de um mecenas da iniciativa privada, que lhe ensinou a fazer lápis a partir de carvão das árvores queimadas da Amazônia), andando 73,5 quilômetros todos os dias para pegar o ônibus da escola e usando folhas de bananeira como caderno. Hoje é presidente de uma multinacional.
(Violinos são substituídos por orquestra em êxtase.)
Ao ouvir um caso assim, não dá vontade de cantar: Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amoooooooor?
Já participei de comissões julgadoras de prêmios de jornalismo e posso dizer que esse tipo de história faz a alegria de muitos jurados. Afinal, esse é o brasileiro que muitos querem. Ou, melhor: é como muitos querem que seja o brasileiro.
Enfim, a moral da história é:
“Se não consegue ser como Joãozinho e vencer por conta própria sem depender de uma escola de qualidade, com professores bem capacitados, remunerados e respeitados, e de um contexto social e econômico que te dê tranquilidade para estudar, você é um verme nojento que merece nosso desprezo. A propósito, morra!''
Uma vez, recebi reclamações da turma ligada a ações como “Amigos do Joãozinho”. Sabe, o pessoal cheio de boa vontade genuína e sincera, mas que acredita que o problema da escola é que falta gente para pintar as paredes. Um deles me disse que acreditava na “força interior'' de cada um para superar as suas adversidades. E que histórias de superação são exemplos a serem seguidos.
Críticas anotadas e encaminhadas ao bispo, que me lembrou de que eu iria para o inferno – se o inferno existisse, é claro.
O Brasil está conseguindo universalizar o seu ensino fundamental, mas isso não está vindo acompanhado de um aumento rápido na qualidade da educação. Mesmo que os dados para a evolução dos primeiros anos de estudo estejam além do que o governo esperava no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), grande parte dos jovens de escolas públicas têm entrado no ensino médio sabendo apenas ordenar e reconhecer letras, mas não redigir e interpretar textos.
Enquanto isso, o magistério no Brasil continua sendo tratado como profissão de segunda categoria. Todo mundo adora arrotar que professor precisa ser reconhecido, mas adora chamar de vagabundo quando eles entram em greve para garantir esse direito.
Ai, como eu detesto aquele papinho-aranha de que é possível uma boa educação com poucos recursos, usando apenas a imaginação. Aulas tipo MacGyver, sabe? “Agora eu pego essa ripa de madeira de demolição, junto com esses potinhos de Yakult usados, coloco esses dois pregadores de roupa, mais essa corda de sisal… Pronto! Eis um laboratório para o ensino de química para o ensino médio!''
É possível ter boas aula sem estrutura? Claro. Há professores que viajam o mundo com seus alunos embaixo da copa de uma mangueira, com uma lousa e pouco giz. Por vezes, isso faz parte do processo pedagógico. Em outras, contudo, é o que foi possível. Nesse caso, transformar o jeitinho provisório em padrão consolidado é o ó do borogodó.
Pois, como sempre é bom lembrar, quem gosta da estética da miséria é intelectual, porque são preferíveis escolas que contem com um mínimo de estrutura. Para conectar o aluno ao conhecimento. Para guiá-lo além dos limites de sua comunidade.
“Ah, mas Sakamoto, seu chato! Eu achei linda a história da Ritinha, do Povoado To Decastigo, que passa a madrugada encadernando sacos de papel de pão e apontando lascas de carvão, que servirão de lápis, para seus alunos da manhã seguinte. Ela sozinha dá aula para 176 pessoas de uma vez só, do primeiro ao nono ano, e perdeu peso porque passa seu almoço para o Joãozinho, um dos alunos mais necessitados. Ritinha, deu um depoimento emocionante ao Globo Repórter, dia desses, dizendo que, apesar da parca luz de candeeiro de óleo de rato estar acabando com sua visão, ela romperá quantas madrugadas for necessário porque acredita que cada um deve fazer sua parte.''
Ritinha simboliza a construção de um discurso que joga nas costas do professor a responsabilidade pelo sucesso ou o fracasso das políticas públicas de educação. Esqueçam o desvio do orçamento da educação para pagamento de juros da dívida, esqueçam a incapacidade administrativa e gerencial, o sucateamento e a falta de formação dos profissionais, os salários vergonhosamente pequenos e planos de carreira risíveis, a ausência de infraestrutura, de material didático, de merenda decente, de segurança para se trabalhar. Esqueçam o fato de que 10% do PIB para a educação estar longe de sair do papel.
Joãozinho e Ritinha são alfa e ômega, os responsáveis por tudo. Pois, como todos sabemos, o Estado não deveria ter responsabilidade pela qualidade de vida dos cidadãos.
Vocês acham sinceramente que “a pessoa é pobre porque não estudou ou trabalhou''?
Acreditam que basta trabalhar e estudar para ter uma boa vida e que um emprego decente e uma educação de qualidade é alcançável a todos e todas desde o berço?
E que todas as pessoas ricas e de posses conquistaram o que têm de forma honesta?
Acham que todas as leis foram criadas para garantir Justiça e que só temos um problema de aplicação?
Não se perguntam quem fez as leis, o porquê de terem sido feitas ou questiona quem as aplica?
Sabem de naaaaada, inocentes!
Como já disse aqui, uma das principais funções da escola deveria ser produzir pessoas pensantes e contestadoras que podem colocar em risco a própria estrutura política e econômica montada para que tudo funcione do jeito em que está. Educar pode significar libertar ou enquadrar – inclusive libertar para subverter.
Que tipo de educação estamos oferecendo?
Que tipo de educação precisamos ter?
Uma educação de baixa qualidade, insuficiente às características de cada lugar, que passa longe das demandas profissionalizantes e com professores mal tratados pode mudar a vida de um povo?
O Joãozinho e a Ritinha acham que sim. Mas eu duvido.

http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2014/07/18/a-culpa-por-ser-pobre-e-nao-ter-estudado-e-totalmente-sua/

  Economia

As multinacionais que controlam o agronegócio

Relatório internacional 
Por Darío Aranda
Do Pagina 12
monsanto-vancouver2Três empresas controlam 53% do mercado mundial de sementes, seis empresas de agrotóxicos dominam 76% do setor, e dez corporações controlam 41% do mercado de fertilizantes. Com nomes próprios e cifras de lucros, um relatório internacional lança dados concretos sobre as multinacionais do agronegócio.
"A concentração de poder corporativo das corporações e privatização da pesquisa devem ser discutidas como temas principais na busca de soluções para o problema de quem nos alimentará", afirmou Kathy Jo Wetter, coordenador da pesquisa dos EUA, ao destacar uma das principais "falácias" do agronegócio: "É uma grande mentira que este modelo agroindustrial pode lutar contra a fome no mundo." E levantou a necessidade de acabar com os oligopólios e fortalecer outro modelo.
O Grupo ETC é uma referência no estudo das corporações do agronegócio. Com três décadas de trabalho e escritórios no Canadá, EUA e México, emite periodicamente artigos sobre todos os cinco continentes com base em cruzamentos de informações oficiais de governos e empresas. "Sementes, solos e camponeses. Quem controla os insumos agrícolas? ", resume o estado de coisas das multinacionais do agronegócio.
Estudo
Ele detalha que três empresas controlam mais da metade (53%) do mercado mundial de sementes. Trata-se da Monsanto (26%), DuPont Pioneer (18,2%) e Syngenta (9,2%). As três empresas faturam 18 bilhões de dólares por ano. Entre o quarto e décimo lugar aparecem a companhia Vilmorin (do grupo francês Limagrain), Winfield, a alemã KWS, Bayer, Dow AgroSciences e as japonesas Sakata e Takii.
O relatório observou que as grandes empresas já compraram a maior parte das outras empresas que forneciam as sementes em seus países de origem. Ele observa que a nova estratégia é adquirir e estabelecer parcerias com empresas da Índia, África e América Latina. Citam, como exemplo, o caso da estadunidense Arcadia Biosciences e a argentina Bioceres.
O Grupo ETC alerta que o cartel de sementeiro promove a privatização das sementes pela "proteção mais rigorosa da propriedade intelectual", e o desencorajamento da prática tão antiga quanto a agricultura: guardar sementes da colheita para usar nas próximas plantações.
O quadro legal impulsionado pelo agronegócio e governos se chama UPOV 91 (União Internacional para a Proteção das Obtenções Vegetais), que proíbe a troca de variedades entre agricultores.
Agrotóxicos
A indústria de agroquímicos também está em poucas mãos. Dez empresas controlam 95% do setor. Syngenta (23% de participação no mercado e 10 bilhões de faturamento anual), a Bayer CropScience (17% e 7,5 bilhões), a BASF (12% e 5,4 bilhões de dólares), a Dow AgroSciences (9,6% e 4,2 bilhões de dólares) e Monsanto (7,4% e 3,2 bilhões de dólares por ano).
Entre o sexto e décimo lugar estão a DuPont, Makhteshim (adquirida pela chinesa Agroquímicos Empresa), a australiana Nufarm e as japonesas Sumitomo Chemical e Arysta LifeScience. As dez empresas faturam 41 bilhões por ano.
O relatório observa o crescimento exponencial de agrotóxicos nos países do sul. Os autores questionam o aumento da exposição a produtos químicos e impactos na saúde pública.
"O oligopólio invadiu todo o sistema alimentar", resumiu Kathy Jo Wetter, do escritório do Grupo ETC nos EUA, e defendeu "implementar regulamentações nacionais em matéria de concorrência e estabelecer medidas que defendam a segurança alimentar global."
Criticou o discurso empresário que promete acabar com a fome baseado no modelo agrícola atual: "é uma grande mentira argumentar que intensificando a produção industrial com as tecnologias do Norte (sementes transgênicas, agrotóxicos e genética animal promovidas pelas corporações) a população mundial terá comida para sobreviver. "
Fertilizantes
Em relação aos fertilizantes, dez empresas controlam 41% do mercado e faturam 65 bilhões de dólares. Trata-se das empresas Yara (6,4%), Agrium Inc (6,3), a empresa Mosaic (6.2), PotashCorp (5.4), CF Industries (3.8), Sinofert Holdings (três , 6), K + S Group (2,7), Israel Chemicals (2,4), Uralkali (2.2) e Bunge Ltd (2%).
O Grupo ETC também analisou a indústria farmacêutica animal: sete empresas têm 72% do mercado global. Quanto ao setor dedicado à indústria de genética animal, quatro empresas dominam 97% das pesquisas e desenvolvimento em aves (frangos de engorda, galinhas poedeiras e perus).
Silvia Ribeiro, diretora da América Latina do Grupo ETC, reforçou a necessidade de outro modelo agrícola: "A rede camponesa de produção de alimentos é largamente ignorado ou invisível para os formuladores de políticas que tratam de questões em relação à alimentação, agricultura e crise climática. Isto tem de mudar, os agricultores são os únicos que realmente têm a capacidade e a vontade de alimentar os que sofrem com a fome."
Para reduzir a concentração
O Grupo ETC alerta que a concentração do mercado de alimentos gerou uma alta vulnerabilidade no sistema alimentar global. "É hora de desempoleirar tirar o pó das regulamentações nacionais em matéria de concorrência e começar a considerar medidas internacionais para garantir a segurança alimentar mundial", exige o relatório.
Recomenda que, para a alimentação e agricultura, o nível de concentração de quatro empresas não deve exceder uma cota de 25% do mercado e uma só empresa não deve ter mais de 10%. Propõe proibir qualquer empresa a venda de sementes cuja produtividade depende de agrotóxicos da mesma empresa.
Recomenda aos governos implementar políticas de concorrência que incluam fortes disposições antitruste combinadas com ações concretas para proteger os pequenos produtores e os consumidores. Solicita a Comissão de Segurança Alimentar da ONU avalie seriamente a capacidade do modelo industrial (agronegócio) e fortaleça com medidas concretas a rede de alimentos dos camponeses, “a fim de garantir com êxito a segurança alimentar."

Para ler legendas e créditos, passe o mause sobre a imagem

http://www.carosamigos.com.br/index.php/economia-2/4186-as-multinacionais-que-controlam-o-agronegocio
SENSHO

https://senshosp.wordpress.com/2011/07/

Sofia Coppola assina filme do novo perfume de Marc Jacobs

O vídeo tem a mesma estética do longa “As Virgens Suicidas”. Play já!
Redação | 28/06/2014 11:55

A parceria de Sofia Coppola com Marc Jacobs já não é novidade, a novidade é que a a cineasta assinou o filme da campanha do novo perfume de Jacobs, “Daisy Dream”.O filme da fragrância foi inspirado e tem a mesma estética de “As Virgens Suicidas”, primeiro longa da cineasta. A modelo escolhida para protagonizar a campanha foi Antonia Wesseloh e a trilha sonora é da dupla Sleigh Bells.Aperta o play!


quinta-feira, 10 de julho de 2014

ANDAR OU CORRER


Existe de fato esta dúvida?
Será que existem pessoas que teriam aptidão física para correr e resolvem que andar é melhor? Com certeza a grande maioria das pessoas que fazem a caminhada como atividade física habitual são aquelas que se tentarem correr e manter a corrida continuamente, sem interrupção, serão obrigadas a interromper a atividade por  intolerância.
A caminhada é um exercício quase sem contraindicação e pode ser muito bem tolerada até por indivíduos de baixa aptidão física. Na medida em que o ritmo da caminhada pode ser facilmente graduado, existe uma ampla perspectiva de adequação a diferentes níveis de tolerância.
Por outro lado, o correr, mesmo em ritmo bem lento, já exige um nível de produção de energia que requer um mínimo de aptidão para poder ser mantido de forma contínua e ininterrupta. O correr tem um “charme” e dá um certo status ao praticante, quase um atestado de boa aptidão.
Costumamos dizer que o correr é a pós-graduação do andar. Quase todo mundo que não seja limitado por problemas ortopédicos, doenças com limitação funcional ou idade muito avançada pode se candidatar a esta “pós-graduação”.
Para os iniciantes em caminhada, existe sempre a perspectiva de fazer a transição para a corrida. Tudo depende de um planejamento adequado e principalmente de uma aderência ao programa. Qualquer evolução proposta deve começar gradualmente com progressiva estratégia de intercalar caminhada com corrida.
No início, os períodos de corrida devem ser curtos, nunca ultrapassando o limite da boa tolerância. Na medida em que os exercícios se tornem regulares, naturalmente, vai ocorrendo uma melhora à tolerância aos períodos de corrida, fruto da melhora do condicionamento físico, permitindo aumentar a duração do correr e diminuir os períodos de andar, até que a corrida possa ser contínua e ininterrupta dentro do limite da boa tolerância.

http://drturibio.com/2012/12/03/andar-ou-correr/

Você esquece as coisas com frequência? Veja mitos e verdades sobre memória

Chris Bueno
Do UOL, em São Paulo


Conheça alguns mitos e verdades sobre a memória15 fotos

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A capacidade de armazenamento de informações da memória é limitada. PARCIALMENTE VERDADE: "A capacidade de armazenamento da memória é limitada quanto ao número de informações isoladas e independentes (exemplos, nomes, números, séries de figuras ou objetos) que o sujeito tem que memorizar de uma vez, variando de sete a 12 itens, dependendo da pessoa; mas é ilimitada quanto ao que a pessoa pode memorizar/aprender ao longo da vida, mesmo o idoso", explica Benito Damasceno, professor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp Thinkstock/Arte UOL
Quem nunca esqueceu onde deixou as chaves ou estacionou o carro? O nome de um conhecido ou ainda de pagar aquela conta no dia certo? Com um dia a dia cada vez mais corrido e atarefado é muito comum esquecer alguma coisa pelo caminho. Mas, às vezes, esses esquecimentos frequentes podem ser sinal de um nível mais grave de estresse, ou então de depressão, e até mesmo de alguma doença neurológica.

A memória é o armazenamento de informações e fatos obtidos por meio de experiências vividas ou até mesmo ouvidas. Ela está intimamente ligada à aprendizagem e também ao emocional – por isso algumas memórias são mais marcantes do que outras.

Existem duas formas pelas quais o cérebro adquire e armazena informações: a memória de procedimento e a declarativa. A de procedimento, também chamada de memória implícita, armazena informações não verbalizadas, como habilidades motoras, sensitivas ou intelectuais, por meio da repetição de uma atividade que segue sempre o mesmo padrão. Esse é o caso, por exemplo, de andar de bicicleta ou nadar. Os dados armazenados nessa memória não dependem da consciência, por isso é possível executar essas tarefas pensando em outras coisas, como se estivesse no "piloto automático".
Os sentidos estão intimamente ligados à memória. Isso porque é por meio deles que experimentamos os fatos e informações que ficarão armazenados na memória. Além disso, de acordo com um estudo do Instituto Nacional de Neurociências de Turim, na Itália, publicado em 2010 na revista "Science", a mesma parte do cérebro que é responsável pela elaboração dos sentidos também atua no armazenamento da memória.
Assim, um cheiro, uma música ou uma imagem pode evocar as mais diversas lembranças. Um exemplo clássico é a obra-prima do escritor francês Marcel Proust, "Em Busca do Tempo Perdido", em que o cheiro de madeleine, um tradicional doce francês, fez com que o autor relembrasse sua infância e, a partir daí, desenvolvesse a história.

Estresse e ansiedade

A memória é fortemente influenciada por fatores afetivos e psicológicos. Assim, os estados afetivos, o humor ou a emoção alteram o processamento das informações. Se estamos bem, podemos nos concentrar melhor – o que influencia na retenção da informação. Mas se estamos preocupados, distraídos, com várias coisas na cabeça, então será mais difícil receber e registrar as informações.

O estresse e a ansiedade são dois grandes inimigos da memória. O excesso de estresse não apenas dificulta a concentração e a atenção, como também interfere no próprio processo de aquisição e formação de novas memórias. A ansiedade também pode alterar este processo, principalmente por comprometimento da atenção.

Some-se a isso as cobranças intensas da vida moderna, associadas a longas jornadas de trabalho e sono de baixa qualidade, e o resultado é que fica muito mais difícil lembrar nomes de pessoas, o que devemos fazer em seguida e até mesmo onde deixamos as chaves ou o celular, por exemplo.

"Podemos dizer que o excesso de demanda da química necessária para manter o corpo e a mente ativados se 'esgotam' em algum momento", alerta o psiquiatra Sergio Klepacz, do Hospital Samaritano de São Paulo. As consequências mais imediatas são falta de atenção, perda de concentração e dificuldade de memória.

Envelhecimento

O envelhecimento pode trazer um pequeno deficit de atenção, de concentração, de armazenamento de dados atuais. Mas isso não significa que todas as pessoas mais velhas tenham problemas de memória. O envelhecimento saudável, mantendo-se ativo, contribui muito para que a memória também se conserve saudável e ativa.

"A diminuição da memória na terceira idade é normal, principalmente a episódica, para fatos e informações recentes do dia a dia (lembrar-se de nomes de pessoas, lugares onde guardou seus pertences ou seu carro etc.), que acontecem apenas de vez em quando, não persistem e não interferem ou atrapalham as atividades cotidianas", explica o neurologista Benito Damasceno, professor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.


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Você sabe cultivar sua memória?

A palavra memória vem do latim e significa a faculdade de reter ou readquirir conhecimentos captados anteriormente. E você, como está neste quesito? Se anda esquecendo o número do próprio celular, é bom fazer o teste abaixo, com a máxima sinceridade, para saber até que ponto tem relaxado na ativação dessa faculdade mental
Sinal de alerta

No entanto, nem sempre os esquecimentos são apenas fruto do estresse, da distração ou da ansiedade. Quando os esquecimentos são muito frequentes, especialmente quando a pessoa passa a esquecer fatos e informações que costumava lembrar com facilidade, é bom ficar atento, pois pode ser um sinal de síndrome demencial.

As síndromes demenciais são a perda ou redução progressiva das capacidades cognitivas – ou seja, do processo que envolve atenção, percepção, raciocínio e linguagem, e especialmente a memória.

A demência mais comum é a doença de Alzheimer. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a doença afeta atualmente entre 24 e 37 milhões de pessoas no mundo todo. O alzheimer é uma doença neurodegenerativa, ou seja, que destrói os neurônios progressivamente. Essa degeneração começa no hipocampo, área que processa a memória, e com o tempo se espalha por outras regiões do cérebro.

"Esquecimentos persistentes de fatos recentes, recados, compromissos, dificuldades com planejamento de atividades, cálculos, controle das finanças, desorientação no tempo e no espaço, dificuldade de executar tarefas rotineiras e alterações de comportamento são os primeiros sinais da doença de Alzheimer", explica o psiquiatra Cássio Bottino, professor do Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP.

Caso esse quadro se repita com frequência, é importante buscar ajuda especializada. Afinal, um diagnóstico precoce muitas vezes pode fazer toda a diferença no sucesso do tratamento.

Porém, existem também outras doenças que podem afetar a memória. "Os 'derrames' ou isquemias, diabetes, abuso de álcool e outras drogas, deficit de vitaminas (hipovitaminose b12), doenças da tireoide (hipotiroidismo), infecções do cérebro, doenças do fígado e rim, e mesmo excesso de medicamentos que a pessoa usa (anti-hipertensivos, antibióticos, anticolinérgicos etc.) podem afetar a memória", aponta Damasceno.

Ativando a memória

Para ativar a memória é preciso mantê-la ativa. Ou seja: quanto mais você exercita a memória, mais ela fica "afiada". Ler é um dos melhores exercícios, mas não é o único. Outras atividades que estimulem o cérebro a pensar também contribuem para estimular a memória como xadrez, jogos de cartas, dama, palavras cruzadas, caça-palavras, videogames e quebra-cabeça, entre outros.

Conversar e expressar opiniões também é importante: durante a atividade argumentativa, o cérebro é requisitado para opinar e replicar, e essa argumentação colabora para a memorização. Por isso a socialização tem um importante papel na memória. "É fundamental a sociabilização para a memória, a saúde e o bem-estar do ser humano", afirma o neurologista Custódio Michailowsky Ribeiro, do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho.

Manter o corpo saudável também contribui muito para a saúde da memória. Ter uma alimentação balanceada, praticar exercícios regularmente, evitar o estresse e procurar ter uma boa qualidade de sono são fundamentais. "Ter paciência, bom humor, organização, saber distribuir o seu tempo diário com trabalho, descanso e lazer. Bons hábitos e uma boa noite de sono com muitos sonhos também ajudam, pois, neste período, o cérebro faz sua limpeza das impurezas produzidas pela atividade neuronal realizada durante o dia", recomenda Ribeiro.

http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2014/05/07/voce-esquece-as-coisas-com-frequencia-veja-mitos-e-verades-sobre-a-memoria.htm
Veja 4 características de pessoas que não mudam

(Corporativo)

Na semana passada, eu dava uma palestra sobre “Como vencer o estresse e a adversidade”, no Fórum de Secretariado e Assistentes de Alta Direção, quando uma participante perguntou o seguinte:
- Como eu faço para mudar um gerente que trata mal outras pessoas?
Ela explicou ainda que, como era a secretária do presidente, não era vítima desses maus-tratos, mas que outras pessoas sofriam um bocado. E essa era a razão de querer ajudar esse executivo a mudar.
Sem dúvida, um propósito muito nobre.
Entretanto, quantas vezes você já tentou mudar alguém? E qual foi sua taxa de sucesso?
Um grande problema que enfrentamos é que as pessoas querem ajudar outras a mudar seus comportamentos, mas não têm critérios para selecionar a quem oferecer ajuda. Sentem-se frustradas, desgastadas, impotentes e, em casos mais extremos, tentam conviver com essas pessoas, se traumatizam e adoecem.
A causa disso é que desconhecem que há pessoas que não podem ser desenvolvidas e que, portanto, não podem ser ajudadas. Uma boa solução, portanto, é perguntar, antes de qualquer coisa: “O que devo considerar para selecionar a quem ajudar a mudar o comportamento?”
Você deve identificar se essa pessoa possui uma ou mais das características abaixo e, em caso positivo, desista. Pois são indivíduos que não podem ser mudados:
1)        Pessoas que não se responsabilizam pelo resultado de suas ações. Alguém que faz algo que dá errado e responsabiliza a tudo e a todos pelo erro, exceto a si mesmo, não tem como ser desenvolvido.
2)        Pessoas com doenças psicológicas. Indivíduos com síndrome do pânico, depressão, fobias e outras patologias de caráter psicológico devem ser tratadas por profissionais habilitados para tanto. Ou seja, psicólogos e médicos. O melhor que você pode fazer, nesses casos, é sugerir e insistir para que essas pessoas procurem auxílio desses profissionais.
3)        Pessoas de má índole. Você não tem como mudar alguém que se comporta como um bandido.
Nesse caso, você deve procurar se afastar dessa pessoa, ou restringir sua presença a ela ao mínimo possível. Sempre com muita burocracia e registrando tudo que for combinado. Não se pode mudar alguém que é mau-caráter.
4)        Pessoas que não querem ser mudadas. Essencialmente pessoas que não desejam sua ajuda.
Um indivíduo, para se desenvolver, deve ser treinável, isto é, aceitar feedback e críticas de outras pessoas, processá-las, aprender e aprimorar-se continuamente. Quem não está disposto a fazer isso não tem como ser desenvolvido.
Portanto, cuidado com sua nobre intenção de querer ajudar as pessoas. Você deve focar sua energia e atenção somente naquelas que desejam mudar, e não naquelas que precisam mudar.
É claro que você deve sempre instigar as pessoas a se aprimorar, mas não considere que todas estejam dispostas a isso.
O importante é que você use sua energia com indivíduos que valham a pena. E apoiá-los a vencer em suas carreiras e vida, mesmo que tenham de disputar com aqueles que não respeitam as regras do jogo, são doentes ou irresponsáveis demais para amadurecer.

Vamos em frente!

http://olhardigital.uol.com.br/pro/colunistas/silvio_celestino/2014/5#post_42275