Se alguém planejasse, não armaria tantas trapalhadas para que tantas coisas dessem errado em tão pouco tempo
A eleição do deputado Eduardo Cunha para a presidência da Câmara foi apenas um detalhe na trajetória de um governo que parece ter feito uma opção preferencial pela trapalhada. Vale a pena atrasar o relógio.
A doutora Dilma ainda estava de férias e, em seu nome, saiu do Planalto a bala perdida que acertou a testa do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Levou-o a um recuo público desnecessário, apenas humilhante, por causa de um comentário genérico sobre o salário mínimo. Pouco depois, veio outra bala perdida, desta vez na direção do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por ter dito que os critérios do seguro-desemprego estavam ultrapassados, coisa já anunciada pelo seu antecessor. Isso num governo que pretende carregar a bandeira de uma "Pátria Educadora" e cortou verbas do Ministério da Educação. Deu-se um apagão no sistema elétrico, e o ministro de Minas e Energia prontamente informou que foi um acidente. A área técnica do governo desmentiu-o no ato.
Nenhuma dessas coisas precisava ter acontecido. "Pátria Educadora" é conversa fiada. O Planalto não precisa atirar nos seus próprios ministros. O doutor das Minas e Energia não precisava dizer o que disse. Finalmente, se Eduardo Cunha tinha uma "ascendência irreversível" na Casa, a doutora deveria ter percebido que iria para frigideira com o petista Arlindo Chinaglia. Quem seria preferível para presidir a Casa: um petista, ou qualquer um? Conseguiu-se o milagre de dar conteúdo oposicionista ao doutor Cunha. Se a desarticulação política do Planalto e do PT tornavam a derrota inevitável, o ronco de poder emitido pelo comissariado nas últimas semanas foi apenas uma opção preferencial pela trapalhada. Um miado de leão, rugido de gato.
Essas foram iniciativas equivalentes à do sujeito que resolve atravessar a rua para escorregar na casca de banana da outra calçada. Verdadeira mágica, porque do outro lado da rua havia só a banana de Cunha. Na calçada em que anda o Planalto há cachos. O ano de 2014 fechou com o maior deficit das últimas décadas, desmentindo 12 meses de sucessivas lorotas. A Petrobras teve seu crédito rebaixado e suas ações valem menos que dois cocos em Ipanema. Isso e mais a certeza de que a Operação Lava Jato vai desentranhar as contas do PT. (A regulamentação da Lei Anticorrupção está engavetada há um ano.)
O governo resolveu inflar seus desastres porque, na batalha da comunicação, egocentrismo e megalomania abafam a rotina. Mesmo assim, nem tudo são espinhos. Esse mesmo governo mandou passear o lobby das concessionárias de energia que pretendia espetar na Viúva uma conta de R$ 2,5 bilhões. Mandou passear também os clubes de futebol com suas dívidas de pelo menos R$ 1,5 bilhão. Muito justamente reduziu o crédito estudantil para jovens com desempenho pouco acima do medíocre no Enem. Contrariou os barões das escolas privadas, mas conteve a privatização de seus recursos. Essa batalha ainda não terminou, como ainda não entrou em cena a das operadoras de saúde, começada nos dias das festas de fim de ano.
Resta à doutora Dilma um consolo. Na oposição, a única novidade é que Aécio Neves deixou a barba crescer.
Falta-nos apreço pela ‘coisa pública’, pelo bem
comum. Mas não é só o combate à corrupção que vai nos fortalecer. É a
radicalização da democracia pelo processo de inclusão
Até o fim da ditadura militar, a história digamos oficial se
esmerava numa autocongratulação do Brasil. A Independência e a
Proclamação da República eram algumas das datas marcantes. Tanto que, um
dia em 1972, o ditador Médici convocou uma cadeia de televisão para uma
declaração importante - e muitos esperaram, ansiosamente, que fosse uma
anistia ou o fim de pelo menos parte das sanções odiosas que o governo
impunha à sociedade. Não. A solenidade era para informar que Portugal
aceitara dar ao Brasil o corpo de Dom Pedro I, até então sepultado no
Porto.
Datas, solenidades, desfiles, são vazios se não tiverem um conteúdo forte a preenche-los.
Um pouco depois, quando fui bolsista na França, lembro de ter
contado a um amigo estrangeiro como era a ditadura no Brasil. Ele,
candidamente, me perguntou: “Mas seu País é uma república?”. Eu me
escandalizei, “claro que sim!”, e só depois percebi que república não é
só uma palavra, é um conjunto de significados. De fato, há vários anos
que opero uma distinção entre democracia e república, que aqui resumo.
República é uma expressão romana (res publica, coisa pública)
que designa a finalidade, o propósito de uma organização política. Seu
cerne não é como o poder é atribuído no Estado, mas sim para o que ele -
ele Estado, ele poder - existe. Já democracia é uma palavra grega que
se traduz como “poder do povo” e se refere, sim, ao modo como o poder é
atribuído. Só pode ser pelo voto de todos, o que implica que haja sempre
uma maioria de pobres. Daí que toda democracia tenha um forte
componente social. Não existe, ao contrário do que quis Hannah Arendt,
política democrática sem o fator social. Toda democracia conhece a forte
demanda dos pobres, da multidão, por uma distribuição melhor da
riqueza. Por isso, democracia é mais radical, ou de esquerda, que
república. Essa última pode até ser aristocrática. Na verdade, em linhas
gerais, a república se aproxima do que chamamos Estado de Direito,
enquanto a democracia exige hoje o Estado Democrático de Direito.
São dois conceitos diferentes, mas indispensáveis para o que
chamo a boa política de nosso tempo. Ela exige a separação do público e
do privado. Por isso, seu inimigo não é a monarquia (uma forma de
atribuição do poder, apenas), mas a corrupção e seu sobrinho
latino-americano, o patrimonialismo. O governante republicano deve ser
austero, honesto, incorruptível. A república também exige a valorização
da dimensão pública, e por isso mesmo não cabe numa privatização
generalizada, thatcheriana, do âmbito político.
A democracia atual é fecunda. Ela se expande o tempo todo.
Constantemente a ONU gera declarações de novos direitos. Aos direitos
humanos habituais se somaram outros, específicos para um gênero
(mulheres), faixas etárias (jovens e idosos), condições de vida
(habitação, saúde) - e isso continua. Em nosso tempo, pela primeira vez
na História, a miséria se tornou algo a abolir, e a pobreza também,
ainda que numa etapa posterior. Raros são os que defendem, de público,
que existam pobres. Mesmo quem aceita a desigualdade social quer que a
base da pirâmide tenha um nível de vida acima da pobreza.
Fiquemos na República, que ora se comemora. O regime
introduzido em 1889 pode ser chamado de republicano? Representou ele um
avanço sobre o Segundo Reinado? No Império, na verdade com Pedro II,
tivemos um regime parlamentarista, com partidos nacionais e uma certa
liberdade de imprensa. Já a Primeira República, entre 1891 e 1930, foi o
reinado incontido das oligarquias estaduais. Provavelmente nunca
tivemos regime mais podre no Brasil, tanto pela corrupção dos dinheiros
públicos quanto, sobretudo, a corrupção dos costumes. Não havia limites
aos desmandos dos oligarcas, federais, estaduais, locais. Talvez esse
fato tenha desmoralizado por muito tempo a ideia de república em nosso
país. Busca do bem público? Moralidade dos governantes? Um espaço comum
acima dos partidos? Não.
Na comparação com o Segundo Reinado, a Primeira República
parece até pior. E olhem que as eleições parlamentares do Império eram
fraudadas. A monarquia conviveu com a escravatura e acabou junto com
ela. Então, quando começa o espirito republicano no Brasil? Terá sido
com as conspirações da década de 1920, culminando na Revolução de 1930?
Mas os “tenentes” da época, se defendiam a honestidade e, além disso, o
voto secreto, eram autoritários. E o governo instituído em 1930 foi
ditatorial.
Para resumir, temos pouca experiência histórica tanto de
república (a busca do bem comum) quanto de democracia (o povo, os
pobres, tomando a palavra). Nossa sociedade não tem tanto respeito pelo
direito (o mundo da república) ou pelos direitos sociais (o mundo da
democracia). Não é fortuito que, das três grandes profissões
tradicionais - advocacia, medicina e engenharia - estejamos vivendo,
nestes anos, uma grande decepção com as duas primeiras. Um dia um juiz
consegue condenar uma agente de trânsito porque ela lhe disse “o senhor
não é Deus”, outro dia um médico, por sinal crítico acerbo do programa
Mais Médicos, só assina o ponto na repartição e vai embora em seguida. A
grande maioria dessas profissões é honesta, mas qual é a crítica exata a
esses profissionais? Qual crítica está sempre presente na indignação
com juízes e médicos? É que não visam à coisa pública. É que se
apropriam do bem público para uso privado - a carteirada num caso, o
dinheiro sem trabalho no outro.
Vamos aqui discutir o que nos falta de república, em seu
sentido preciso, o de um Estado que tenha por fim a coisa pública, o bem
comum. Seu maior inimigo é a corrupção, mas essa palavra perdeu alcance
desde os romanos. Para eles, a corrupção era a dos costumes, em
especial, a autocomplacência, a busca dos prazeres, a preferência dada a
interesses ou desejos privados. Mulheres, seres dos sentimentos, não
seriam capazes de autocontenção, portanto seus gostos - por exemplo,
pelo luxo - eram incompatíveis com a austeridade republicana. Isso
mudou. O que eles chamavam de corrupção dos costumes, coisa péssima,
para nós é liberdade individual (próxima à “liberdade dos modernos”, de
que fala Benjamin Constant), coisa ótima. Descartar as mulheres virou
preconceito ridículo. Uma peça publicitária, anos atrás, tratou disso
com humor: víamos uma mulher enfrentando as dores do parto enquanto uma
voz masculina dizia que elas são fracas, não suportam dor, outras
bobagens. A república deixou de ser viril. E com isso mudou a coisa
pública: não é mais algo transcendente, uma pátria acima de seus
componentes, à qual eles se sacrificam, mas o tesouro público, o
dinheiro do Estado. Vemos hoje o Estado não como um valor, um ideal, mas
só como a caixa do condomínio. Por isso fica difícil, desde meados do
século 20, o ideal de morrer pela pátria. Praticamente não faz mais
sentido, tanto que os exércitos dos países ricos, os que realmente
entram em guerra, são compostos em boa parte de soldados pagos,
mercenários. Também por isso, para nós corrupção é só furto. O corrupto é
um ladrão. Insisto há anos, com vários outros, que o furto do dinheiro
público é mais do que o furto do dinheiro privado, porque mata gente por
falta de hospitais, escolas e tudo o mais. Mas essa tese persuade
poucos. Talvez por isso a corrupção acabe sendo impossível de extirpar.
Existe aqui, mas também nos Estados Unidos, França, Reino Unido, as três
pátrias da democracia moderna.
Mas pode ser que o conceito de coisa pública esteja se
ampliando numa nova direção - que seria a república se democratizar.
Estão se introduzindo na coisa pública, ao longo dos últimos séculos,
valores como liberdade, igualdade, fraternidade. Muitos dos que
estudaram a República Romana pensam que ela desabou porque não conseguiu
resolver a questão social, isto é, a exclusão dos pobres. Quando os
senadores assassinaram os irmãos Graco, defensores da reforma agrária,
prepararam o caminho para décadas de guerra civil, finalmente levando ao
advento do império populista, com Júlio César e Otávio Augusto. As
repúblicas modernas passaram ou passam por esse desafio. Estados Unidos e
França talvez tenham sofrido mais dores no processo de inclusão social
dos deserdados do que no advento de uma república inicialmente patrícia.
É a inclusão social que dá sustentabilidade à república. Sem isso, ela
pertence só a uma pequena minoria. O Brasil passa hoje por essa crise.
Há quem queira manter a república em mãos de poucos, e há os que a
querem ampliar. Se a inclusão prosperar, teremos um país desenvolvido,
sem miseráveis e mesmo pobres; se não, nada disso.
Há uma série de demandas inicialmente democráticas, como
saúde, educação, transporte e segurança, mal atendidas pelo setor
público. Quem tem dinheiro paga esses serviços no mercado privado. Quem
não tem depende de um Estado que não os fornece em qualidade suficiente.
A exigência de qualidade é popular. Nós da classe média e os mais ricos
não precisamos do Estado para tanto, mesmo que reclamemos de pagar
impostos e ter pouco em troca. Mas essa demanda do povo, dos pobres, do
demos grego, se torna condição para a república não morrer. Deixa de ser
uma exigência só democrática para se tornar necessidade republicana. É
nesse sentido que a corrupção deixa de ser mero furto para se tornar
assassinato, à medida que faltam escolas, hospitais, etc. A república
falha em sua meta, a coisa pública, porque essa não é apenas o erário, é
aquilo para que serve o erário.
A ampliação da coisa pública vem com um fato pouco notado. Até
alguns anos atrás, a assistência aos mais pobres era caridade, palavra
essa que perdeu valor, ficando associada a uma condescendência de cima
para baixo, a algo não sustentável. Os programas de inclusão social
iniciados com Itamar Franco, desenvolvidos por FHC e fortemente
incrementados nas gestões petistas acabaram com a cesta básica, dada aos
mais pobres como uma esmola, que servia aos caciques políticos, sendo
substituídos por informação trabalhada em redes. O Bolsa Família é
atribuído pelo cruzamento de várias informações, de modo a ser mais
justo e, sobretudo, atender a todo o público visado. Narro uma história.
Na República Velha, Humberto de Campos, senador e escritor, se
impressiona com um leprosário no Maranhão e procura o presidente para
pedir-lhe cem contos. Washington Luiz nega: “Nem cinco! Se der para um,
todos os Estados hão de querer igual”. Pano rápido. Nas décadas
seguintes os governos porão, sim, dinheiro em hospitais e todo o resto,
mas muitas vezes a escolha é de sofia: financia-se um ou outro, até por
pressões políticas, mas o cobertor não dá para todos. Ora, desde que
temos um sistema fortemente informatizado, a meta passa a ser a de
atender a todos. Por um lado, há uma focalização da ajuda nos mais
necessitados, mas, por outro, nenhum desses deve ficar fora. Essa é a
novidade. É o fator técnico que permite que atender a necessidades dos
mais carentes, tema tipicamente democrático, se torne um tema
republicano. Uma sociedade sem pobres se torna um novo e decisivo
conteúdo da res publica.
*
Renato Janine Ribeiro, professor titular de Ética e
Filosofia Política da USP, é autor de A Sociedade Contra o Social: o
Alto Custo da Vida Pública no Brasil (Companhia das Letras) http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,a-republica-como-deficit,1593113
Desenvolva estes 6 hábitos e participe da revolução da EMPATIA, por Roman Krznaric
Roman Krznaric é um pensador cultural e autor do livro Sobre a Arte de Viver.
É fundador e professor da The School of Life. NaOxfam e na ONU já atuou como conselheiro sobre como usar a empatia e a conversação para criar mudanças sociais.
Foi eleito pela Observer como um dos melhores filósofos de “lifestyle” do Reino Unido.
“Primeiro,
eu achava que só poderíamos mudar a sociedade por meio de partidos
políticos. Mas então eu comecei a entender que a melhor forma de
transformar a sociedade era mudando a maneira como as pessoas se
relacionam”
RK:
Três coisas aconteceram. A primeira é que quando eu tinha 25 anos eu
fui para a Guatemala e trabalhei com refugiados na selva indígena. Eu vi
o sofrimento, a pobreza e a violência. Eles tinham que lidar com isso
diariamente. Havia uma Guerra civil acontecendo. E eu percebi que
precisava entender vidas que eram diferentes da minha. Isso me abriu
completamente para a empatia, ver a pobreza e o sofrimento deles.
A
segunda coisa foi na época em que eu era Professor Universitária de
Ciências Políticas. Há 10 anos eu, de repente percebi, que a maneira que
você muda uma sociedade não é mudando a política, ou partidos, ou leis,
é mudando relacionamentos. É através de empatia, através de uma
conversa por vez, com as pessoas entendendo as outras.
A
terceira coisa que aconteceu comigo, foi que um dia, uns 6 ou 7 anos
atrás eu estava pensando em como a morte da minha mãe, quando eu tinha
10 anos de idade, me afetou. Eu percebi que depois que ela morreu, eu
perdi a minha vida emocional. Eu não conseguia chorar ou amar, ou me
preocupar com as pessoas. Então eu percebi que o meu interesse em
empatia vinha de eu tentar recuperar o meu eu empático que perdi quando
era criança.
Como você começou a trabalhar com isso? Foi depois da Guatemala?
RK:
O que aconteceu é que quando eu percebi que a sociedade muda através da
empatia, e não da política, eu parei de dar aulas na Universidade e
decidi me dedicar a estudar empatia. E eu comecei a dirigir uma
organização para a OxfordMuse e comecei a fazer projetos práticos para
fazer a empatia acontecer, projetos de massa.
Eu
organizei refeições de conversas, comecei a colocar 100 empresários
sentados diante de 100 sem-tetos, coloquei menus de conversação diante
deles com perguntas como: – Que tipos de amor você vivenciou? – Como
você gostaria de ser mais corajoso? E eram conversas de 2 horas, não
aquelas de “speed dating” de 2 minutos.
Foi
assim que eu comecei a fazer a empatia acontecer, entre pobres e ricos,
jovens e velhos, gente de diferentes religiões. Fiz diferentes projetos
para testar a empatia no mundo real.
Você acredita muito que empatia também é uma questão de hábito. Pode descrever pra gente quais são os principais hábitos?
RK:
1) Cultive a curiosidade diante dos estranhos.
As
pessoas altamente empáticas têm uma curiosidade enorme sobre o outro.
Eles conversam, por exemplo, com a pessoa sentada ao lado deles no
ônibus, como se tivessem aquela curiosidade de criança, aquela
curiosidade que a sociedade é tão boa em tirar da gente. Eles acham as
outras pessoas mais interessantes do que eles mesmos. O historiador oral
Studs Terkel diz: “Não seja um examinador, faça perguntas e mostre
interesse”
2) Desafie preconceitos e procure coisas em comum
Nós
todos temos “achismos” e sempre colocamos rótulos nas pessoas:
“fundamentalista islâmico” “do lar”, entre outros. Isso nos faz deixar
de apreciar a particularidade de cada pessoa. As pessoas altamente
empáticas procuram passar por cima dos preconceitos e tentam encontrar
algo em comum com outros, em vez de segregá-los.
3) Tente viver a vida de outra pessoa
As
pessoa altamente empáticas desenvolvem a empatia tentando viver a vida
de outra pessoa. Como diz o provérbio americano “ande uma milha com o
mocassim de uma pessoa, antes de criticar a vida dela”
O
George Orwell é a maior inspiração para isso. Ele se vestiu de mendigo e
morou junto a eles em Londres, para depois escrever “Down and Out in
Paris and London” e mudar suas crenças, prioridades e relacionamentos.
4) Ouça muito e se abra
É
necessário, para que você seja uma pessoa altamente empática, que
consiga ouvir o outro e tentar entender o que ele está sentindo naquele
exato momento, seja um amigo que acabou de ser diagnosticado com câncer,
ou o seu companheiro que está bravo por ter que trabalhar até tarde de
novo.
Mas, ouvir apenas não é
suficiente. Temos que nos fazer vulneráveis, remover as nossas máscaras e
revelar os nossos sentimentos para criar um laço com as pessoas.
5) Inspirar ações de massa e a mudança social
A empatia também pode ser um fenômeno de massa e pode trazer a mudança social.
As redes sociais tem que aprender a espalhar não apenas informação, mas também conexão empática.
6) Desenvolva uma imaginação ambiciosa
Precisamos
desenvolver empatia não apenas com pessoas marginalizadas, mas também
com pessoas com crenças diferentes das nossas, ou com os nossos
“inimigos”.
Se você faz campanha para diminuir o aquecimento global, que tal tentar se colocar no lugar de um executivo de uma petrolífera?
Empatizar
com a adversidade também é um caminho para a tolerância social. Foi
isso que Ghandi passou durante os conflitos entre muçulmanos e hindus,
que levou à independência da Índia, em 1947, quando ele declarou: “eu
sou um muçulmano, eu sou um hindu, eu sou um cristão, eu sou um judeu.”
No
ano de 1206, aos 23 anos, Giovanni Bernadone, filho de um rico
comerciante, fez uma peregrinação à Basílica de São Pedro, em Roma. Ele
não pôde deixar de notar o contraste entre a opulência e prodigalidade
dentro-os mosaicos brilhantes, as colunas-e em espiral a pobreza dos
mendigos sentados do lado de fora. Ele convenceu um deles para trocar de
roupa com ele e passou o resto do dia em trapos pedindo esmolas. Foi
uma das primeiras grandes experiências de empatia na história humana.
Este episódio foi um ponto de viragem na vida do jovem. Ele logo fundou
uma ordem religiosa cujos irmãos trabalhavam para os pobres e leprosos, e
que desistiu de seus bens materiais para viver na pobreza como aqueles
que serviram. Giovanni Bernadone, conhecido por nós agora como São
Francisco de Assis, é lembrado por declarando: “Concedei-me o tesouro da
pobreza sublime: permitir que o sinal distintivo do nosso fim de ser
que ele não possui nada de sua própria sob o sol, para a glória do seu
nome, e que não tem nenhum outro patrimônio do que mendigar. “
“Josep Benlliure Gil43″, de José Benlliure y Gil. Crédito da foto Wikimedia Commons .
Amor no cérebro > “Quando duas pessoas consideram-se atraentes, seus
corpos estremecem sob um jato de FEA (feniletilamina), molécula
responsável pela aceleração do fluxo de informações entre as células
nervosas. Substância química semelhante a uma anfetamina, a FEA mergulha
o cérebro em um frenesi de excitação, por este motivo nós, amantes, nos
sentimos eufóricos, rejuvenescidos, otimistas, cheios de energia,
felizes por passarmos a noite inteira conversando ou fazendo sexo
durante horas a fio.
Visto ser a sensação de velocidade um vício, inclusive aquela produzida
naturalmente pelo corpo, algumas pessoas tornam-se aquilo que Michael
Liebowitz e Donald Klein, do Instituto de Psiquiatria de Nova York,
chamam de “viciados em sedução”, desejosas de um relacionamento
romântico para que possam sentir-se entusiasmadas com a vida. O desejo
lança-as de alto a baixo, em um ciclo exaustivo e divertido de excitação
e depressão.”
Trecho do livro Uma história natural do amor, de Diane Ackerman
É preciso avaliar quando um parceiro está prejudicando a sua vida
Todos nós temos defeitos. E, para fazer uma relação afetiva dar certo,
precisamos aprender a lidar com eles –os nossos e os do par. Alguns
tipos de comportamento, porém, costumam não só testar os limites da
paciência como transformam a rotina diária em um verdadeiro campo
minado. As atitudes do parceiro problemático acabam prejudicando a vida
do casal de uma forma que, em muitos casos, ela se torna insustentável.
Cabe à parte mais equilibrada emocionalmente decidir se segue ou não em
frente com a história. Não estamos falando aqui de casos que envolvem
problemas de saúde, como depressão e dependência química ou alcoólica,
mas, sim, de questões como endividamento, consumismo, mania de grandeza,
dependência excessiva dos pais. Perturbações que, em princípio, podem
ser toleráveis, mas que, com a convivência, passam a envenenar os
envolvidos. Muitos casos podem ser revertidos ou tratados, mas a pessoa
precisa querer mudar.
Para a terapeuta de casal e psicopedagoga Mônica Hoehne Mendes, de São
Paulo (SP), conviver com uma pessoa problemática é bastante complexo.
"Sugiro, antes de mais nada, perguntar a si mesmo qual a disponibilidade
e estrutura emocional que se tem para conviver com as questões do
outro", diz. Como exemplo, ela cita alguém que tem dificuldade para se
manter no emprego, pois está sempre sonhando alçar voos maiores: quem
vive com essa pessoa tem ou quer ter condições e disposição para bancar a
vida a dois?
Oito sinais revelam que você está em uma relação só por comodismo9 fotos
1 / 9
Você
vive mesmo um relacionamento satisfatório ou ao avaliar o assunto de
maneira sincera acaba pesando prós e contras que nada têm a ver com o
amor? Especialistas apontam as situações mais comuns que indicam que o
comodismo tomou conta da sua vida amorosa (e que o futuro do seu
relacionamento depende de circunstâncias que não incluem,
necessariamente, o afeto). Por Heloísa Noronha, do UOL, em São Paulo Bianca Lucchesi/UOL
Os problemas nem sempre causam incômodo no início do relacionamento,
quando tudo é movido pela atração e pela emoção. Com o arrefecimento da
paixão, a relação entra em uma rotina e os casais precisam encarar as
mazelas do dia a dia. O encantamento some e cede lugar à realidade,
revelando os defeitos. Ceder e aprender a lidar com parte menos bonita
do par é primordial para a convivência, mas quando há questões como
consumismo desenfreado e pavio curto, altas doses de abnegação,
compreensão e doação serão exigidas.
A tolerância é elástica, ainda mais porque, de acordo com a psicóloga
Heloisa Schauff, de São Paulo (SP), a maioria de nós busca por um par.
"Preferimos fazer parte de um casal a estarmos sós. Por isso que, mesmo
percebendo que a relação não está legal, muitos ficam unidos. As pessoas
cultivam a fantasia de que seu amor e dedicação podem mudar o outro, e
que, assim, conseguirão adaptá-lo ao seu mundo", fala.
Para a psicóloga e sexóloga Jussania Oliveira, de Americana (SP), o ser
humano é extremamente adaptável e dotado de inteligência suficiente
para ser capaz de reconhecer quando e por quais motivos precisa mudar.
"Mas o maior empecilho é, na maioria das vezes, desejar de fato essa
mudança. É necessário muita disciplina e determinação para conseguir o
êxito", fala.
Não ter recebido uma educação com limites na infância gera
consequências desastrosas para a vida a adulta, como a dificuldade de se
livrar de comportamentos prejudiciais aos outros. "Por isso é bom
sempre avaliar a importância do relacionamento em sua vida, para
analisar se vale a pena o investimento no parceiro, uma vez que os
resultados podem ser demorados e, em alguns casos, frustrantes", diz
Jussania.
Seu relacionamento dá sinais de que acabou?
Descubra
se a sua relação ainda tem chances de dar certo fazendo o teste
elaborado com a consultoria de Frederico Mattos, psicólogo clínico pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie e autor do livro "Como Se Libertar
do Ex" (Matrix Editora).
A psicóloga e psicodramatista Adelsa Cunha, co-organizadora do livro
"Por Todas as Formas de Amor – O Psicodramatista Diante das Relações
Amorosas" (Ed. Ágora), lembra que as pessoas mudam, sim, mas não de
acordo com as expectativas alheias. "Elas podem melhorar, mas não se
transformam em outras pessoas. O comportamento aprendido, o temperamento
e a dinâmica emocional podem ser melhor administrados, mas não
abandonados", explica.
O recomendável, quando o par problemático resolve passar por um
processo de mudança, é apoiá-lo e aceitá-lo como ele é hoje, sem a
ilusão de que mudará radicalmente. "Mas lembre sempre de se questionar:
'eu quero que o outro mude, mas e eu? Qual é a minha parte nisso?'. Sua
conduta também vai ter de ser modificada", diz Heloisa Schauff.
Segundo os especialistas, a pessoa deve investir até onde acreditar que
pode dar certo. Esgotadas todas as possibilidades, talvez seja a hora
de colocar o amor próprio em primeiro lugar e partir para outra. É
importante considerar, por exemplo, o quanto o comportamento do outro
vem prejudicando sua vida, os reais sentimentos e se, apesar de todos os
seus esforços e sua compreensão, a pessoa não faz nada para mudar.
Esse rompimento, no entanto, deve ser gradual, de acordo com Mônica.
"Se você entrou na relação e durante um tempo conviveu com um parceiro
problemático, precisa ter consideração na hora de partir. É preciso
explicar que tentou de todas as formas, que acreditava que poderia
suportar as fragilidades alheias, mas que a convivência se tornou
insustentável. Não simplesmente para fazer a mala e ir embora. A
separação precisa ser construída, para que a pessoa que será deixada não
fique ainda mais desestruturada", fala a terapeuta.
O paradoxo para essa geração niilista e hedonista
herdeira do trauma da cultura hiperinflacionária é que o fim do mundo
não aconteceu. Depois de 30 anos muita coisa mudou no Brasil que o
espaço aqui dessa postagem não permite descrever Por Wilson Roberto Vieira Ferreira, do Cinegnose
Fazendo
caras feias e rostos vincados, roqueiros dos anos 80 se zangam e
protestam dizendo que 30 anos depois, nada mudou no País. Artistas e
bandas de rock que na década de 1980, inspirados no punk e pós-punk, se
opunham ao regime militar e reivindicavam pelas Diretas Já e democracia.
Hoje, queixam-se para uma mídia ávida por declarações conservadoras não
só contra o Governo e o PT, mas contra a própria instituição da
Política e dos políticos. Por que só depois de 30 anos descobriram que o
País “só patina ou piora”? Oportunismo em meio de carreiras em
declínio? Forma de ganhar visibilidade midiática adotando o
neoconservadorismo? Talvez a explicação não seja tão simples: por trás
do niilismo e pessimismo fashion desses roqueiros talvez exista a
repetição do trauma de uma geração que cresceu sob o impacto da cultura
hiperinflacionária dos anos 80. Presos a essa cena de décadas atrás, de
contemporâneos tornaram-se extemporâneos.
Em foto promocional do 18° discos dos Titãs, o grupo posa com caras
de maus e vestidos de preto sobre lambretas. “São as caras feias de um
Brasil que, vira e mexe não muda”, dá legenda o jornal O Globo.
E na matéria o guitarrista (e colunista do próprio jornal) Tony
Bellotto, 53, fuzila: “é uma merda pensar como o Brasil há 30 anos ou
patina, ou piora”.É recorrente a leva de roqueiros dos anos 80 como
Lobão, Roger, Dinho Ouro Preto, Léo Jaime entre outros que não só
desfilam opiniões catastrofistas e de descrédito não só ao Governo
Federal e ao PT, mas em relação à própria instituição da Política em
redes sociais e grande mídia.
A ânsia em se portarem como críticos politicamente incorretos algumas
vezes beira ao protofascismo como no episódio da “pegadinha” do
colunista da Folha Antônio Prata que, simulando ter aderido ao
neoconservadorismo, escreveu sobre uma suposta conspiração de “gays,
vândalos, negros, índios e maconheiros” no Brasil do PT. O roqueiro
Roger do “Ultraje a Rigor” caiu na “pegadinha” e no twitter congratulou o
articulista por “ter culhões”. Roger não entendeu a ironia, na
ansiedade de fazer parte da onda neoconservadora na grande mídia.
Em todos esses roqueiros sobreviventes dos anos 1980 dois traços em
comum: a carreira em baixa por não conseguirem se reinventar e a
paralela conquista de espaços na grande mídia como colunistas de
revistas e jornais, repórteres de programas vespertinos como Vídeo Show da TV Globo, banda de apoio a talk showsde stand ups neoconservadores ou jurados de realityshow musicais.
E os espaços alternativos que ganham na grande mídia crescem na
proporção direta em que se expõem como estrelas neoconservadoras que
participam da grande editoria que unifica a todos: “o Brasil é uma
merda!”. Para quem foi contemporâneo dessa
geração como esse autor que traça essas linhas, é a princípio
surpreendente esse posicionamento neoconservador. Uma geração cujas
bandas participavam de programas alternativos de TV como Perdidos da Noite (1985-89) de Fausto Silva ou Fábrica do Som (1983-84) do vídeo makerTadeu
Jungle onde exibiam músicas furiosas e discursos críticos contra a
ditadura militar e reivindicações viscerais pelas Diretas Já e a
democracia na Política.
O que é marcante nesse discurso neoconservador é não só o ódio pelo
PT, mas, principalmente, a descrença niilista da própria instituição da
Política e da representatividade partidária pela qual reivindicaram há
30 anos.
Como explicar essa guinada ideológica de artistas e bandas de rock
que, embalados pelos ventos do punk e pós-punk que sopravam da cultura
pop, usaram essa força estética para protestarem contra o regime
autoritário e a restrição a eleições diretas para presidente? E também
como explicar por que só depois de 30 anos descobriram que o Brasil “ou
patina, ou piora”?
Oportunismo? Artistas decadentes que procuram um lugar ao sol da
grande mídia conservadora quando veem que suas carreiras estão em
declínio? Acredito que a resposta talvez não seja assim tão simplista,
mas resida no perfil psicocultural de uma geração que cresceu sob o
impacto da hiperinflação da década de 1980 A cultura da hiperinflação
Ainda está por ser escrita uma história do legado que a
cultura hiperinflacionária desse período deixou como mácula para toda
uma geração. E essa história poderia começar a ser escrita a partir da
forma como os expoentes artísticos dessa geração se entregam atualmente e
de forma tão voluntariosa à onda neoconservadora e retrofascista que
está em crescimento no País com linchamentos, ódio, intolerância e a
sedução por “soluções finais” do tipo “golpe militar” ou “colocar uma
bomba no Congresso”
A Nova República que se instalou no Brasil no início de 1985 deveria
ser o princípio de uma transição democrática com o fim do regime
militar. Mas o resultado foi que o País chegava a 1990 com inflação de
82% ao mês e aos inimagináveis 4.922% ao ano. Na atualidade, jovens na
faixa dos 20 anos não conseguem imaginar o que era em um país onde o
dinheiro que se tinha só dava para comprar a metade do que se poderia
adquirir 30 dias antes.
O overnight (aplicação financeira que rendia taxas de juros
diárias, e não mensais como habitualmente acontece hoje em dia) que
acabou virando referência para o aumento dos preços virou o símbolo de
uma cultura do “salve-se quem puder”, da ausência de expectativas em
relação ao futuro e do viver cada dia como se fosse o último.
Partindo dos estudos das relações entre cultura e inflação feitas
pelo cientista político Elias Canetti, Bernd Widdig no seu livro Culture and Inflation in Weimar Germanypropõe
um interesse enfoque cultural do dinheiro ao propor uma “semiótica da
cultura inflacionária”. Tomando como objeto de análise a histórica
hiperinflação da Alemanha no período entre guerras ela vai afirmar que a
linguagem do dinheiro é o mais importante medium através do qual a sociedade moderna se comunica. O que acontece quando esse medium perde
a confiabilidade e parte-se em pedaços? Que espécies de ansiedades são
criadas? Quais energias antes ocultas são liberadas?
Canetti no seu curto ensaio Inflation and The Crowd discorre
sobre três dinâmicas culturais inter-relacionadas: a circulação,
massificação e depreciação como componentes de um sentimento geral de
degradação de si mesmo: quanto maior a aceleração da circulação do
dinheiro, mais se incrementa o sentimento de massificação (efeitos de
manada, pânico etc.) e tanto maior a depreciação não apenas monetária,
mas do próprio indivíduo e do futuro, criando uma razão cínica niilista e
hedonista.
Por isso, na crise hiperinflacionária acaba-se criando uma paradoxal
convivência de perdedores, poderosos, luxo e ostentação, um mix
traumático que acabou produzindo na Alemanha tanto as vanguardas
artísticas como o nazifascismo. Dez anos a mil
No Brasil, psicanalistas como Jurandir Freire Costa em seu texto Narcisismo em Tempos Sombrios de
1988 fazia um diagnóstico do que ele chamou de “pânico narcísico”: o
fortalecimento de uma cultura da razão cínica marcada pelo niilismo (a
negação do futuro) e hedonismo (a busca de um eterno presente de prazer
imediatista e descompromissado). A hiperinflação corroía todas as
esperanças de que a transição para a democracia naturalmente levaria o
País para o melhor dos mundos. A poética das bandas de rock dos
anos 80 reflete esse cinismo em relação ao futuro em versos como “é
melhor viver dez anos a mil do que mil anos a dez” (Décadence Avec Élégance do Lobão) ou “devemos nos amar como se não houvesse amanhã” (Pais e Filhos do Legião Urbana) ou o niilismo do Barão Vermelho em Ideologia.
O Punk e o pós-punk chegam atrasados no Brasil (a virada punk dos Titãs com o disco Cabeça Dinossauro ocorre dez anos depois da explosão pop dos Sex Pistols).
A estética “No Future” ou “DIY” (Do It Yourself – faça você mesmo) do
punk é despolitizada e incorporada à atmosfera sombria de descrença em
relação ao futuro e das próprias instituições políticas: “Ladrão por
ladrão, vote no Faustão”, caçoava Fausto Silva no programa Perdidos na Noite enquanto a banda Titãs tocava “Lugar Nenhum” – “Não sou brasileiro, não sou estrangeiro. Sou de lugar nenhum”.
Nessa específica edição do Perdidos na Noite, questionados
pelo apresentador Fausto Silva sobre a preferência de candidatos à
presidência, os componentes dos Titãs se revezam entre a indiferença e o
cinismo ao propor como candidatos Hermeto Paschoal e Jorge Mautner –
veja vídeo abaixo. Dilemas de uma geração
Se a depreciação e massificação produzidas pela hiperinflação
alemã na cultura produziu a despolitização (a descrença em relação às
instituições de representação e negociação política) que resultou na
sedução pelas “soluções finais” e pelo nazifascismo, no Brasil a
descrença generalizada na Política nos trouxe o sebastianismo do
“caçador de marajás”: a aposta suicida em alguém “diferente de tudo que
está aí” e sedução por soluções diretas e sem negociações, representada
pela figura trágica de Collor de Mello.
O paradoxo para essa geração niilista e hedonista herdeira do trauma
da cultura hiperinflacionária é que o fim do mundo não aconteceu –
afinal de contas, o fim do mundo não foi o fim do mundo, parafraseando a
música do Lobão. Depois de 30 anos muita coisa mudou no Brasil que o
espaço aqui dessa postagem não permite descrever.
Mas o psiquismo dessa geração parece ainda estar preso na cena
traumática do passado, repetindo ainda 30 anos depois na cabeça a mesma
cena da depreciação, do niilismo e do cinismo. Todos esses roqueiros,
agora traduzidos como “neoconservadores”, parecem conviver com os
seguintes dilemas:
(a) o mundo não acabou, o País mudou, mas ainda tentam manter o
discurso da revolta cínica e desesperançada com a qual chegaram ao
estrelato na cultura da hiperinflação da década de 1980.
(b) suas carreiras começaram a entrar em declínio por não conseguirem
se reinventar diante da mudança de cenário social e político. De contemporâneos tornaram-se extemporâneos.
(c) por isso, tornaram-se presas fáceis para o discurso
neoconservador atual alimentado pela grande mídia. Em cada coluna de
revista, artigo ou declaração para a grande mídia ávida por confirmar
sua pauta primordial (o Brasil é uma merda!), seus discursos
extemporâneos são repetidos como farsa, como repetição neurótica da
velha cena do trauma localizada há 30 anos.
Psicoterapeuta critica consumismo e vaidade de 'executivos ostentação'
14/12/2014
-
02h02
|
ANDRÉ CABETTE FÁBIO
DE SÃO PAULO
6,6 mil10366
Acostumado a atender empresários de sucesso, o psicoterapeuta Flávio
Gikovate tem um alerta para quem sonha com riqueza: "felicidade tem
pouca relação com o dinheiro e os bens materiais, a não ser no que diz
respeito à satisfação das necessidades básicas da pessoa".
Autor do livro "Mudar –Caminhos para a Transformação Verdadeira" (MG
Editores), ele diz que os mais bem-sucedidos no Brasil são "muito mais
elitistas e segregadores do que em outros países mais desenvolvidos".
Competição excessiva, consumismo e isolamento são problemas desse público.
Jorge Araujo/Folhapress
O psicoterapeuta Flávio Gikovate, para quem competição demais destrói laços de amizade
Veja abaixo reflexões do psicoterapeuta sobre as ciladas pessoais em que empresários de sucesso caem.
EQUIPE DE FOMINHAS
O custo da competição é danoso para a empresa e para os funcionários
sempre que ela vier prejudicar demais o clima de cooperação.
É como num time de futebol: todos querem se destacar, ganhar espaço, ir
para a seleção; porém, antes de mais nada é preciso que o grupo consiga
ser organizado e cooperativo para que bons resultados beneficiem o grupo
como um todo, criando condições para que os mais talentosos acabem por
se destacar mais naturalmente.
Esse é o maior desafio, empreitada difícil no esporte competitivo de caráter coletivo e também numa empresa.
O custo pessoal quando o ambiente é essencialmente competitivo tem a ver
com o estresse e o esfacelamento dos elos de amizade e companheirismo
que tão bem fazem a todos os humanos, especialmente àqueles que passam
mais de um terço de suas vidas no ambiente de trabalho.
ESPELHO, ESPELHO MEU
O consumismo é um outro tipo de competição um tanto vazio, posto que os
prazeres ligados ao consumo exagerado só costumam ter a ver com a
vaidade e não com o real usufruto de determinados bens.
A vaidade tem a mesma origem etimológica que "vão", ou seja, "vazio":
trata-se de algo efêmero e um tanto pobre em termos de resultado para a
autoestima da pessoa e também para a efetiva felicidade, ou seja, para
um bem estar razoavelmente estável e duradouro.
Essa competição envolve não apenas os executivos mas suas famílias e
principalmente os empresários, que cada vez mais desejam se destacar
pelo que consomem ao invés de se orgulharem do que são capazes de
produzir.
Além disso, o consumo é sem fim, de modo que sempre ficam faltando coisas mesmo para os que compram de modo compulsivo.
Quando penso nisso, lembro do Epiteto (filósofo romano do início da Era
Cristã) que dizia: "rico não é quem tem tudo e sim aquele que não deseja
nada".
Felicidade tem pouca relação com o dinheiro e os bens materiais, a não
ser no que diz respeito à satisfação das necessidades básicas da pessoa.
DINHEIRO NÃO COMPRA
Não tenho visto a saúde negligenciada em termos de visita ao médico: em
muitas empresas os exames regulares são mais ou menos obrigatórios.
Mas percebo uma certa negligência nas medidas preventivas, ou seja, na
prática regular de exercícios, no consumo de alimentos saudáveis e uma
vida mais serena e com menos ambição e estresse.
Isso tem a ver até mesmo com o estilo de vida, muitas vezes envolvendo
viagens, refeições em restaurantes em horários não tão recomendados,
ingestão de bebida alcoólica em dose um tanto exagerada até mesmo para
conseguir relaxar...
BRIGA PELO TRONO
A rivalidade entre pai e filho homem competente é quase que inevitável. É
um tipo de tensão que nasce com a criança, uma vez que a mãe é objeto
de amor de ambos!
Afora isso, é claro que os empreendedores têm muita dificuldade de
abandonar o comando do barco, mesmo quando o filho está pronto para
assumir suas funções; a única solução é a transferência da função
executiva para o filho, sendo que o pai se retira para um conselho (real
ou fictício), passando a agir mais como um observador, dando sugestões e
conselhos quando achar necessário.
Isso atenua o conflito, mas não faz com que desapareça completamente,
posto que ainda assim existirão tensões. São poucos os que conseguem
esse convívio com razoável harmonia e respeito mútuo.
É bem mais fácil quando o pai tem outros interesses e consegue ir se
desligando da empresa e se dedicando a suas outras atividades; porém,
essa não é a regra, posto que os mais bem sucedidos não costumam ser
pessoas ricas em hobbies.
MEU CASTELO, MINHA VIDA
As condições de segurança pública fazem com que quase todas as pessoas
com boa condição financeira no Brasil se protejam contra assaltos
vivendo dentro de muralhas, exatamente como eram as cidadelas na Idade
Média.
Condomínios fechados cercados por altos muros e com portaria rigorosa
são a regra em países onde a desigualdade social é grande e onde o nível
cultural e ético é baixo (Brasil, África do Sul...).
Afora isso, no nosso país o sucesso raramente desperta admiração,
sentimentos positivos (como é o usual nos Estados Unidos) e sim
hostilidade e inveja.
Em virtude disso, as pessoas mais bem sucedidas também se afastam de seus antigos amigos e mesmo de certos parentes.
A vida se torna mais rica, porém bastante menos interessante e
interativa do que a qualidade de vida dos que vivem em bairros mais
populares.
Em cidades como Londres, Paris e Nova York os mais ricos e bem sucedidos
também andam a pé, vão aos cinemas e esperam na fila como todo o mundo.
Os mais bem-sucedidos aqui no Brasil gostam sempre de tratamento
diferenciado, de modo que detestam filas, não vão ao cinema por ser
atividade muito popular. Em uma frase, são muito mais elitistas e
segregadores do que em outros países mais desenvolvidos culturalmente.
Assim, nem todo o "encastelamento" tem a ver com segurança; uma parte do
processo diz respeito ao gosto mais forte de viver uma vida elitizada,
mais distante da grande maioria da população.
Como é de costume, a Google Play liberou a lista com os melhores
aplicativos do ano. São 67 opções de apps de jogos, notícias,
entretenimento e outras categorias. Confira abaixo as escolhas da loja
de apps do Android para 2014: 1. Wunderlist Organizador
que ajuda usuários a criar listas de tarefas, compromissos e notas. O
app permite compartilhar os documentos criados, adicionar tags para
organizar cada uma das tarefas e inserir PDFs e imagens. 2. TED
App oferece ao usuário mais de 1.700 vídeos de palestras da famosa fundação de especialistas de diversas áreas e nacionalidades.
SwiftKey
é um teclado alternativo para Android que permite que o usuário digite
rapidamente mensagens de texto, SMS, e-mails e chats. Ele possibilita a
inclusão de emojis e é compatível com mais de 60 idiomas.
Software identifica músicas e programas de TV em execução através de trechos.
7. IFTTT Permite
criar conexões usando declarações do tipo "se isso acontecer, então
faça aquilo". O app combina duas contas de diferentes sites ou redes
sociais para que sejam executadas juntas.
Possibilita
ao usuário escolher o que vai aparecer na tela de fundo. É possível
selecionar, por exemplo, as principais manchetes de jornais de temas
selecionados.
Espécie
de "máquina do tempo" para o usuário resgatar conteúdo antigo da linha
do tempo. É possível selecionar datas exatas e voltar dias, meses e até
anos.
Aplicativo traz as últimas notícias dos EUA e do mundo.
30. Onefootball Plataforma
com as notícias de futebol do dia. Ele permite selecionar um time
favorito e traz estatísticas e artigos em tempo real das principais
ligas do mundo.
31. Carousel Galeria que permite visualizar todas as fotos salvas no Dropbox. O app sincroniza automaticamente os arquivos.
Aplicativo que traz os últimos destaques do jornal NY Times.
36. Secret Plataforma que permite a publicação anônima.
37. SoundHound App capaz de identificar músicas pelo trecho reproduzido.
38. edjing DJ Mixer Music Player Com o edjing DJ o usuário pode mixar faixas. É possível sincronizar contas do Deezer e do Spotify.
39. Craftsy Classes Traz
mais de 500 aulas online de fotografia, decoração do bolo, culinária,
pintura, desenho, quilting, tricô, costura, entre outros.
40. Mailbox App une e-mails de diferentes contas em uma plataforma só.
41. 5by Oferece
mais de 100 canais de vídeo e funciona como uma rede social: nele é
possível conversar sobre os arquivos audiovisuais e encontrar amigos com
os mesmos interesses.
42. Dailymotion Com esse app é possível acessar todo o conteúdo de vídeos da plataforma Dailymotion.
43. LINK Rede social permite a criação de perfis e possibilita a busca por região.
47. Frontback Capta e compartilha imagens das câmeras frontal e traseira do celular rapidamente, unindo-as.
48. Obscure Funciona
nos mesmos moldes do Snapchat. Além de permitir fotos enviadas com
adesivos e textos incluídos, deixa os destinatários solicitarem a foto
original.
49. Google Fit Ajuda o usuário a realizar e monitorar atividades físicas, exibe recomendações de atividades e permite a definição de metas.
50. lettrs Permite a criação de cartas e mensagens de voz e o compartilhamento via e-mail, Facebook, Linkedin, Twitter e Instagram.
51. Monki Chinese Class O app traz lições de chinês para crianças em 3 níveis de dificuldade. 52. Telegram Aplicativo de mensagens que funciona como o WhatsApp. 53. Samba: Vídeos + Reações Para o usuário enviar vídeos aos amigos e gravar suas reações.
54. (OFFTIME) Com
o (OFFTIME) é possível restringir o acesso a todos os aplicativos, além
de criar perfis que bloqueiam chamadas, mensagens e notificações.
55. Child Mode & Time Education Funciona
de duas maneiras: bloqueia determinados aplicativos e funções do
celular e oferece um timer para que o tempo de jogo das crianças seja
controlado.
Traz as principais informações da cobertura espanhola de futebol, Fórmula 1, boxe e outros esportes. 58. Skype QikCom o Skype Qik é possível enviar aos amigos vídeos curtos. 59. Viadeo Trata-se de uma rede social profissional. 60. Camera ZOOM FX Adiciona à câmera do Android diversos recursos e melhora a qualidade das fotos tiradas. 61. Bitmoji Permite que o usuário crie seu próprio emoji.
62. Ultimate Guitar Tabs & ChordsCom esse app é possível acessar partituras e acordes para violão e ukulelê, além das letras das músicas. 63. Golfshot: Golf GPS Traz mapeamentos GPS de campos de golfe, informações sobre o tempo e cartões de pontuação. 64. Amazing World Atlas App
desenvolvido para crianças com idade entre 9 e 11 anos. Ele mostra os
principais mapas do mundo de maneira divertida e interativa.
65. Watchup Reúne as principais notícias em vídeo para o usuário, baseado em seus interesses e canais de notícia favoritos.
66. Windfinder Traz informações sobre o vento, ondas, tempo e marés global para kitesurf, windsurf e surf. 67. Strive Aplicativo para quem procura empregos. Com o app é possível filtrar locais, áreas e cargos.
A dimensão filosófica da mediação: a mediação é a relação, o «entre». A
filosofia da acção subjacente à mediação é a da «relação» (rapport). A
relação não é uma qualquer coisa ou uma pessoa, é o entre-dois pelo
qual há “ dois ”, é o espaço intermediário. Quando é accionada, a
relação significa dinamismo, confrontação recíproca, acção. A relação
entre os seres humanos, os grupos deve ser vitalizada, cultivada,
desabrochada. A relação não suprime mas pelo contrário preserva a
separação entre as pessoas. Na mediação já não estamos numa relação de
forças binária em que um termo predomina sobre o outro, mas numa relação
de igualdade onde se mantém a alteridade, onde se preserva a identidade
de cada um dos dois pólos e onde os fazemos concertar, ser, falar, agir
conjuntamente e permanecendo eles próprios. A mediação não é somente um
laço a recriar – como no caso de um conflito ou de uma dissensão – mas
sim de uma forma eminentemente positiva, criação de novos laços que não
existiam ou são frágeis...seria interessante que todas as pessoas
entrassem em mediação consigo mesmas, a reconciliar-se consigo, a
construir projectos de futuro, a reflectir sobre as suas relações com os
outros e a decidir melhorá-las(Six, J-F, 2002:110-111)
Distopia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Distopia ou antiutopia é o pensamento, a filosofia ou o processo discursivo baseado numa ficção cujo valor representa a antítese da utopia ou promove a vivência em uma "utopia negativa"1 . As distopias são geralmente caracterizadas pelo totalitarismo, autoritarismo, por opressivo controle da sociedade. Nelas, "caem as cortinas", e a sociedade mostra-se corruptível; as normas criadas para o bem comum mostram-se flexíveis. A tecnologia é usada como ferramenta de controle, seja do Estado, seja de instituições ou mesmo de corporações.
Distopias são frequentemente criadas como avisos ou como sátiras,
mostrando as atuais convenções sociais e limites extrapolados ao
máximo. Nesse aspecto, diferem fundamentalmente do conceito de utopia,
pois as utopias são sistemas sociais idealizados e não têm raízes na
nossa sociedade atual, figurando em outra época ou tempo ou após uma
grande descontinuidade histórica.
Uma distopia está intimamente conectada à sociedade atual. Um número considerável de histórias de ficção científica que ocorrem num futuro próximo do tipo das descritas como "cyberpunk", usam padrões distópicos de uma companhia de alta tecnologia dominando um mundo em que os governos nacionais se tornaram fracos.
O primeiro uso conhecido da palavra 'distopia' apareceu num discurso ao ParlamentoBritânico por Gregg Webber e John Stuart Mill, em 18682 . Nesse discurso, Mill disse: "É, provavelmente, demasiado elogioso chamá-los utópicos; deveriam em vez disso ser chamados dis-tópicos ['dis-' do grego antigo δυσ, translit. dys: 'dificuldade, dor'] ou caco-tópicos ['caco-', do grego κακός, translit. kakós: 'mau, ruim']. O que é comumente chamado utopia é demasiado bom para ser praticável; mas o que eles parecem defender é demasiado mau para ser praticável."
Portanto, Mill se referia a um lugar mau, ao oposto de utopia.
Em grego, a partícula δυσ (translit. "dis" ou "dys") exprime
'dificuldade, dor, privação, infelicidade'; a palavra τόπος (translit., topos) significa 'lugar'. Portanto, 'distopia' quer dizer 'lugar infeliz, ruim'. Já a palavra 'utopia' se compõe de ου (translit. ou, latinizado como u-), advérbio de negação, e τόπος, 'lugar'. Assim, utopia significa 'lugar nenhum', e distopia significa 'lugar ruim'.
Traços comuns de uma sociedade distópica
A maioria das distopias tem alguma conexão com o nosso mundo, mas frequentemente se refere a um futuro imaginado ou a um mundo paralelo no qual a distopia foi engendrada pela ação ou falta de ação humana, por um mau comportamento ou por ignorância.
A literatura distópica costuma apresentar pelo menos alguns dos seguintes traços:
Tem conteúdo moral, projetando o modo como os nossos dilemas morais presentes figurariam no futuro.
Oferecem crítica social e apresentam as simpatias políticas do autor.
Exploram a estupidez coletiva.
O poder é mantido por uma elite, mediante a somatização e consequente alívio de certas carências e privações do indivíduo.
Discurso pessimista, raramente "flertando" com a esperança.