terça-feira, 17 de março de 2015

A mais maldita das heranças do PT

Mais brutal para o Partido dos Trabalhadores pode ser não a multidão que ocupou as ruas em 15 de março, mas aquela que já não sairia de casa para defendê-lo em dia nenhum

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O maior risco para o PT, para além do governo e do atual mandato, talvez não seja a multidão que ocupou as ruas do Brasil, mas a que não estava lá. São os que não estavam nem no dia 13 de março, quando movimentos como CUT, UNE e MST organizaram uma manifestação que, apesar de críticas a medidas de ajuste fiscal tomadas pelo governo, defendia a presidente Dilma Rousseff. Nem estavam no já histórico domingo, 15 de março, quando centenas de milhares de pessoas aderiram aos protestos, em várias capitais e cidades do país, em manifestações contra Dilma Rousseff articuladas nas redes sociais da internet, com bandeiras que defendiam o fim da corrupção, o impeachment da presidente e até uma aterradora, ainda que minoritária, defesa da volta da ditadura. São os que já não sairiam de casa em dia nenhum empunhando uma bandeira do PT, mas que também não atenderiam ao chamado das forças de 15 de março, os que apontam que o partido perdeu a capacidade de representar um projeto de esquerda – e gente de esquerda. É essa herança do PT que o Brasil, muito mais do que o partido, precisará compreender. E é com ela que teremos de lidar durante muito mais tempo do que o desse mandato.
Tenho dúvidas sobre a tecla tão batida por esses dias do Brasil polarizado. Como se o país estivesse dividido em dois polos opostos e claros. Ou, como querem alguns, uma disputa de ricos contra pobres. Ou, como querem outros, entre os cidadãos contra a corrupção e os beneficiados pela corrupção. Ou entre os a favor e os contra o governo. Acho que a narrativa da polarização serve muito bem a alguns interesses, mas pode ser falha para a interpretação da atual realidade do país. Se fosse simples assim, mesmo com a tese do impeachment nas ruas, ainda assim seria mais fácil para o PT.
Algumas considerações prévias. Se no segundo turno das eleições de 2014, Dilma Rousseff ganhou por uma pequena margem – 54.501.118 votos contra 51.041.155 de Aécio Neves –, não há dúvida de que ela ganhou. Foi democraticamente eleita, fato que deve ser respeitado acima de tudo. Não existe até esse momento nenhuma base para impeachment, instrumento traumático e seríssimo que não pode ser manipulado com leviandade, nem mesmo no discurso. Quem não gostou do resultado ou se arrependeu do voto, paciência, vai ter de esperar a próxima eleição. Os resultados valem também quando a gente não gosta deles. E tentar o contrário, sem base legal, é para irresponsáveis ou ignorantes ou golpistas.
No resultado das eleições ampliou-se a ressonância da tese de um país partido e polarizado. Mas não me parece ser possível esquecer que outros 37.279.085 brasileiros não escolheram nem Dilma nem Aécio, votando nulo ou branco e, a maior parte, se abstendo de votar. É muita gente – e é muita gente que não se sentia representada por nenhum dos dois candidatos, pelas mais variadas razões, à esquerda e também à direita, o que complica um pouco a tese da polarização. Além das divisões entre os que se polarizariam em um lado ou outro, há mais atores no jogo que não estão nem em um lado nem em outro. E não é tão fácil compreender o papel que desempenham. No mesmo sentido, pode ser muito arriscado acreditar que quem estava nos protestos neste domingo eram todos eleitores de Aécio Neves. A rua é, historicamente, o território das incertezas – e do incontrolável.
Na tese do Brasil polarizado, onde ficam os mais de 37 milhões que não votaram nem em Dilma nem em Aécio?
Há lastro na realidade para afirmar também que uma parte dos que só aderiram à Dilma Rousseff no segundo turno era composta por gente que acreditava em duas teses amplamente esgrimidas na internet às vésperas da votação: 1) a de que Dilma, assustada por quase ter perdido a eleição, em caso de vitória faria “uma guinada à esquerda”, retomando antigas bandeiras que fizeram do PT o PT; 2) a de votar em Dilma “para manter as conquistas sociais” e “evitar o mal maior”, então representado por Aécio e pelo PSDB. Para estes, Dilma Rousseff não era a melhor opção, apenas a menos ruim para o Brasil. E quem pretendia votar branco, anular o voto ou se abster seria uma espécie de traidor da esquerda e também do país e do povo brasileiro, ou ainda um covarde, acusações que ampliaram, às vésperas das eleições, a cisão entre pessoas que costumavam lutar lado a lado pelas mesmas causas. Neste caso, escolhia-se ignorar, acredito que mais por desespero eleitoral do que por convicção, que votar nulo, branco ou se abster também é um ato político.
Faz sentido suspeitar que uma fatia significativa destes que aderiram à Dilma apenas no segundo turno, que ou esperavam “uma guinada à esquerda” ou “evitar o mal maior”, ou ambos, decepcionaram-se com o seu voto depois da escolha de ministros como Kátia Abreu eJoaquim Levy, à direita no espectro político, assim como com medidas que afetaram os direitos dos trabalhadores. Assim, se a eleição fosse hoje, é provável que não votassem nela de novo. Esses arrependidos à esquerda aumentariam o número de eleitores que, pelas mais variadas razões, votaram em branco, anularam ou não compareceram às urnas, tornando maior o número de brasileiros que não se sentem representados por Dilma Rousseff e pelo PT, nem se sentiriam representados por Aécio Neves e pelo PSDB.
Esses arrependidos à esquerda, assim como todos aqueles que nem sequer cogitaram votar em Dilma Rousseff nem em Aécio Neves porque se situam à esquerda de ambos, tampouco se sentem identificados com qualquer um dos grupos que foi para as ruas no domingo contra a presidente. Para estes, não existe a menor possibilidade de ficar ao lado de figuras como o deputado federal Jair Bolsonaro (PP) ou de defensores da ditadura militar ou mesmo de Paulinho da Força. Mas também não havia nenhuma possibilidade de andar junto com movimentos como CUT, UNE e MST, que para eles “pelegaram” quando o PT chegou ao poder: deixaram-se cooptar e esvaziaram-se de sentido, perdendo credibilidade e adesão em setores da sociedade que costumavam apoiá-los.
Não há hoje uma figura nacional para ocupar o lugar de representação da esquerda
Essa parcela da esquerda – que envolve desde pessoas mais velhas, que historicamente apoiaram o PT, e muitos até que ajudaram a construí-lo, mas que se decepcionaram, assim como jovens filhos desse tempo, em que a ação política precisa ganhar horizontalidade e se construir de outra maneira e com múltiplos canais de participação efetiva – não encontrou nenhum candidato que a representasse. No primeiro turno, dividiram seus votos entre os pequenos partidos de esquerda, como o PSOL, ou votaram em Marina Silva, em especial por sua compreensão da questão ambiental como estratégica, num mundo confrontado com a mudança climática, mas votaram com dúvidas. No segundo turno, não se sentiram representados por nenhum dos candidatos.
Marina Silva foi quem chegou mais perto de ser uma figura com estatura nacional de representação desse grupo à esquerda, mais em 2010 do que em 2014. Mas fracassou na construção de uma alternativa realmente nova dentro da política partidária. Em parte por não ter conseguido registrar seu partido a tempo de concorrer às eleições, o que a fez compor com o PSB, sigla bastante complicadapara quem a apoiava, e assumir a cabeça de chapa por conta de uma tragédia que nem o mais fatalista poderia prever; em parte por conta da campanha mentirosa e de baixíssimo nível que o PT fez contra ela; em parte por equívocos de sua própria campanha, como a mudança do capítulo do programa em que falava de sua política para os LGBTs, recuo que, além de indigno, só ampliou e acentuou a desconfiança que muitos já tinham com relação à interferência de sua fé evangélica em questões caras como casamento homoafetivo e aborto; em parte porque escolheu ser menos ela mesma e mais uma candidata que supostamente seria palatável para estratos da população que precisava convencer. São muitas e complexas as razões.
O que aconteceu com Marina Silva em 2014 merece uma análise mais profunda. O fato é que, embora ela tenha ganhado, no primeiro turno de 2014, cerca de 2,5 milhões de votos a mais do que em 2010, seu capital político parece ter encolhido, e o partido que está construindo, a Rede Sustentabilidade, já sofreu deserções de peso. Talvez ela ainda tenha chance de recuperar o lugar que quase foi seu, mas não será fácil. Esse é um lugar vago nesse momento.
Há uma parcela politizada, à esquerda, que hoje não se sente representada nem pelo PT nem pelo PSDB, não participou de nenhum dos panelaços nem de nenhuma das duas grandes manifestações dos últimos dias, a de 15 de março várias vezes maior do que a do dia 13. É, porém, muito atuante politicamente em várias áreas e tem grande poder de articulação nas redes sociais. Não tenho como precisar seu tamanho, mas não é desprezível. É com essa parcela de brasileiros, que votou em Lula e no PT por décadas, mas que deixou de votar, ou de jovens que estão em movimentos horizontais apartidários, por causas específicas, que apontam o que de fato deveria preocupar o PT, porque esta era ou poderia ser a sua base, e foi perdida.
O partido das ruas perdeu as ruas porque acreditou que não precisava mais caminhar por elas
A parcela de esquerda que não bateria panelas contra Dilma Rousseff, mas também não a defenderia, aponta a falência do PT em seguir representando o que representou no passado. Aponta que, em algum momento, para muito além do Mensalão e da Lava Jato, o PT escolheu se perder da sua base histórica, numa mistura de pragmatismo com arrogância. É possível que o PT tenha deixado de entender o Brasil. Envelhecido, não da forma desejável, representada por aqueles que continuam curiosos em compreender e acompanhar as mudanças do mundo, mas envelhecido da pior forma, cimentando-se numa conjuntura histórica que já não existe. E que não voltará a existir. Essa aposta arriscada precisa que a economia vá sempre bem; quando vai mal, o chão desaparece.
Fico perplexa quando lideranças petistas, e mesmo Lula, perguntam-se, ainda que retoricamente, por que perderam as ruas. Ora, perderam porque o PT gira em falso. O partido das ruas perdeu as ruas – menos porque foi expulso, mais porque se esqueceu de caminhar por elas. Ou, pior, acreditou que não precisava mais. Nesse contexto, Dilma Rousseff é só a personagem trágica da história, porque em algum momento Lula, com o aval ativo ou omisso de todos os outros, achou que poderia eleger uma presidente que não gosta de fazer política. Estava certo a curto prazo, podia. Mas sempre há o dia seguinte.
Não adianta ficar repetindo que só bateu panela quem é da elite. Pode ter sido maior o barulho nos bairros nobres de São Paulo, por exemplo, mas basta um pequeno esforço de reportagem para constatar que houve batuque de panelas também em bairros das periferias. Ainda que as panelas batessem só nos bairros dos ricos e da classe média, não é um bom caminho desqualificar quem protesta, mesmo que você ou eu não concordemos com a mensagem, com termos como “sacada gourmet” ou “panelas Le Creuset”. Todos têm direito de protestar numa democracia e muitos dos que ridicularizam quem protestou pertencem à mesma classe média e talvez tenham uma ou outra panelinha Le Creuset ou até pagou algumas prestações a mais no apartamento para ter uma sacada gourmet, o que não deveria torná-los menos aptos nem a protestar nem a criticar o protesto.
Nos panelaços, só o que me pareceu inaceitável foi chamar a presidente de “vagabunda” ou de “vaca”, não apenas porque é fundamental respeitar o seu cargo e aqueles que a elegeram, mas também porque não se pode chamar nenhuma mulher dessa maneira. E, principalmente, porque o “vaca” e o “vagabunda” apontam a quebra do pacto civilizatório. É nesses xingamentos, janela a janela, que está colocado o rompimento dos limites, o esgarçamento do laço social. Assim como, no domingo de 15 de março, essa ruptura esteve colocada naqueles que defendiam a volta da ditadura. Não há desculpa para desconhecer que o regime civil militar que dominou o Brasil pela força por 21 anos torturou gente, inclusive crianças, e matou gente. Muita gente. Assim, essa defesa é inconstitucional e criminosa. Com isso, sim, precisamos nos preocupar, em vez de misturar tudo numa desqualificação rasteira. É urgente que a esquerda faça uma crítica (e uma autocrítica) consistente, se quiser ter alguma importância nesse momento agudo do país.
Tão ou mais importante do que a corrupção, que não foi inventada pelo PT no Brasil, é o fato de o partido ter traído algumas de suas bandeiras de identidade
Também não adianta continuar afirmando que quem foi para as ruas é aquela fatia da população que é contra as conquistas sociais promovidas pelo governo Lula, que tirou da miséria milhões de brasileiros e fez com que outros milhões ascendessem ao que se chamou de classe C. Pessoas as quais é preciso respeitar mais pelo seu passado do que pelo seu presente ficaram repetindo na última semana que quem era contra o PT não gostava de pobres nos aeroportos ou estudando nas universidades, entre outras máximas. É fato que existem pessoas incomodadas com a mudança histórica que o PT reconhecidamente fez, mas dizer que toda oposição ao PT e ao governo é composta por esse tipo de gente, ou é cegueira ou é má fé.
Num momento tão acirrado, todos que têm expressão pública precisam ter muito mais responsabilidade e cuidado para não aumentar ainda mais o clima de ódio – e disseminar preconceitos já se provou um caminho perigoso. Até a negação deve ter limites. E a negação é pior não para esses ricos caricatos, mas para o PT, que já passou da hora de se olhar no espelho com a intenção de se enxergar. De novo, esse discurso sem rastro na realidade apenas gira em falso e piora tudo. Mesmo para a propaganda e para o marketing, há limites para a falsificação da realidade. Se é para fazer publicidade, a boa é aquela capaz de captar os anseios do seu tempo.
É também por isso que me parece que o grande problema para o PT não é quem foi para as ruas no domingo, nem quem bateu panela, mas quem não fez nem uma coisa nem outra, mas também não tem a menor intenção de apoiá-lo, embora já o tenha feito no passado ou teria feito hoje se o PT tivesse respeitado as bandeiras do passado. Estes apontam o que o PT perdeu, o que já não é, o que possivelmente não possa voltar a ser.
O PT traiu algumas de suas bandeiras de identidade, aquelas que fazem com que em seu lugar seja preciso colocar máscaras que não se sustentam por muito tempo. Traiu não apenas por ter aderido à corrupção, que obviamente não foi inventada por ele na política brasileira, fato que não diminui em nada a sua responsabilidade. A sociedade brasileira, como qualquer um que anda por aí sabe, é corrupta da padaria da esquina ao Congresso. Mas ser um partido “ético” era um traço forte da construção concreta e simbólica do PT, era parte do seu rosto, e desmanchou-se. Embora ainda existam pessoas que merecem o máximo respeito no PT, assim como núcleos de resistência em determinadas áreas, secretarias e ministérios, e que precisam ser reconhecidos como tal, o partido traiu causas de base, aquelas que fazem com que se desconheça. Muitos dos que hoje deixaram de militar ou de apoiar o PT o fizeram para serem capazes de continuar defendendo o que o PT acreditava. Assim como compreenderam que o mundo atual exige interpretações mais complexas. Chamar a estes de traidores ou de fazer o jogo da direita é de uma boçalidade assombrosa. Até porque, para estes, o PT é a direita.
A síntese das contradições e das traições do PT no poder não é a Petrobras, mas Belo Monte
A parcela à esquerda que preferiu ficar fora de manifestações a favor ou contra lembra que tão importante quando discutir a corrupção na Petrobras é debater a opção por combustíveis fósseis que a Petrobras representa, num momento em que o mundo precisa reduzir radicalmente suas emissões de gases do efeito estufa. Lembra que estimular a compra de carros como o governo federal fez é contribuir com o transporte privado individual motorizado, em vez de investir na ampliação do transporte público coletivo, assim como no uso das bicicletas. É também ir na contramão ao piorar as condições ambientais e de mobilidade, que costumam mastigar a vida de milhares de brasileiros confinados por horas em trens e ônibus lotados num trânsito que não anda nas grandes cidades. Lembra ainda que estimular o consumo de energia elétrica, como o governo fez, é uma irresponsabilidade não só econômica, mas socioambiental, já que os recursos são caros e finitos. Assim como olhar para o colapso da água visando apenas obras emergenciais, mas sem se preocupar com a mudança permanente de paradigma do consumo e sem se preocupar com o desmatamento tanto da floresta amazônica quanto do Cerrado quanto das nascentes do Sudeste e dos últimos redutos sobreviventes de Mata Atlântica fora e dentro das cidades é um erro monumental a médio e a longo prazos.
Os que não bateram panelas contra o PT e que não bateriam a favor lembram que a forma de ver o país (e o mundo) do lulismo pode ser excessivamente limitada para dar conta dos vários Brasis. Povos tradicionais e povos indígenas, por exemplo, não cabem nem na categoria “pobres” nem na categoria “trabalhadores”. Mas, ao fazer grandes hidrelétricas na Amazônia, ao ser o governo de Dilma Rousseff o que menos demarcou terras indígenas, assim como teve desempenho pífio na criação de reservas extrativistas e unidades de conservação, ao condenar os povos tradicionais ao etnocídio ou à expulsão para a periferia das cidades, é em pobres que são convertidos aqueles que nunca se viram nesses termos. Em parte, a construção objetiva e simbólica de Lula – e sua forma de ver o Brasil e o mundo – encarna essa contradição (escrevi sobre isso aqui), que o PT não foi capaz nem quis ser capaz de superar no poder. Em vez de enfrentá-la, livrou-se dos que a apontavam, caso de Marina Silva.
O PT no governo priorizou um projeto de desenvolvimento predatório, baseado em grandes obras, que deixou toda a complexidade socioambiental de fora. Escolha inadmissível num momento em que a ação do homem como causa do aquecimento global só é descartada por uma minoria de céticos do clima, na qual se inclui o atual ministro de Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, mais uma das inacreditáveis escolhas de Dilma Rousseff. A síntese das contradições – e também das traições – do PT no poder não é a Petrobras, mas Belo Monte. Sobre a usina hidrelétrica já pesa a denúncia de que só a construtora Camargo Corrêa teria pagado mais de R$ 100 milhões em propinas para o PT e para o PMDB. É para Belo Monte que o país precisaria olhar com muito mais atenção. É na Amazônia, onde o PT reproduziu a visão da ditadura ao olhar para a floresta como um corpo para a exploração, que as fraturas do partido ao chegar ao poder se mostram em toda a sua inteireza. E é também lá que a falácia de que quem critica o PT é porque não gosta de pobre vira uma piada perversa.
A sorte do PT é que a Amazônia é longe para a maioria da população e menos contada pela imprensa do que deveria, ou contada a partir de uma visão de mundo urbana que não reconhece no outro nem a diferença nem o direito de ser diferente. Do contrário, as barbaridades cometidas pelo PT contra os trabalhadores pobres, os povos indígenas e as populações tradicionais, e contra uma floresta estratégica para o clima, para o presente e para o futuro, seriam reconhecidas como o escândalo que de fato são. É também disso que se lembram aqueles que não gritaram contra Dilma Rousseff, mas também não a defenderiam.
Lembram também que o PT não fez a reforma agrária; ficou aquém na saúde e na educação, transformando “Brasil, Pátria Educadora”num slogan natimorto; avançou muito pouco numa política para as drogas que vá além da proibição e da repressão, modelo que encarcera milhares de pequenos traficantes num sistema prisional sobre o qual o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já disse que “prefere morrer a cumprir pena”; cooptou grande parte dos movimentos sociais (que se deixaram cooptar por conveniência, é importante lembrar); priorizou a inclusão social pelo consumo, não pela cidadania; recuou em questões como o kit anti-homofobia e o aborto; se aliou ao que havia de mais viciado na política brasileira e aos velhos clãs do coronelismo, como os Sarney.
Isso é tão ou mais importante do que a corrupção, sobre a qual sempre se pode dizer que começou bem antes e atravessa a maioria dos partidos, o que também é verdade. Olhar com honestidade para esse cenário depois de mais de 12 anos de governo petista não significa deixar de reconhecer os enormes avanços que o PT no poder também representou. Mas os avanços não podem anular nem as traições, nem os retrocessos, nem as omissões, nem os erros. É preciso enfrentar a complexidade, por toda as razões e porque ela diz também sobre a falência do sistema político no qual o país está atolado, para muito além de um partido e de um mandato.
Há algo que o PT sequestrou de pelo menos duas gerações de esquerda e é essa a sua herança mais maldita. E a que vai marcar décadas, não um mandato. Tenho entrevistado pessoas que ajudaram a construir o PT, que fizeram dessa construção um projeto de vida, concentradas em lutas específicas. Essas pessoas se sentem traídas porque o partido rasgou suas causas e se colocou ao lado de seus algozes. Mas não traídas como alguém de 30 anos pode se sentir traído em seus últimos votos. Este tem tempo para construir um projeto a partir das novas experiências de participação política que se abrem nesse momento histórico muito particular. Os mais velhos, os que estiveram lá na fundação, não. Estes sentem-se traídos como alguém que não tem outra vida para construir e acreditar num novo projeto. É algo profundo e também brutal, é a própria vida que passa a girar em falso, e justamente no momento mais crucial dela, que é perto do fim ou pelo menos nas suas últimas décadas. É um fracasso também pessoal, o que suas palavras expressam é um testemunho de aniquilação. Algumas dessas pessoas choraram neste domingo, dentro de casa, ao assistir pela TV o PT perder as ruas, como se diante de um tipo de morte.
O sequestro dos sonhos de pelo menos duas gerações de esquerda é a herança mais maldita do PT, ainda por ser desvendada em toda a sua gama de sentidos para o futuro
O PT, ao trair alguns de seus ideias mais caros, escavou um buraco no Brasil. Um bem grande, que ainda levará tempo para virar marca. Não adianta dizer que outros partidos se corromperam, que outros partidos recuaram, que outros partidos se aliaram a velhas e viciadas raposas políticas. É verdade. Mas o PT tinha um lugar único no espectro partidário da redemocratização, ocupava um imaginário muito particular num momento em que se precisava construir novos sentidos para o Brasil. Era o partido “diferente”. Quem acreditou no PT esperou muito mais dele, o que explica o tamanho da dor daqueles que se desfiliaram ou deixaram de militar no partido. A decepção é sempre proporcional à esperança que se tinha depositado naquele que nos decepciona.
É essa herança que precisamos entender melhor, para compreender qual é a profundidade do seu impacto no país. E também para pensar em como esse vácuo pode ser ocupado, possivelmente não mais por um partido, pelo menos não um nos moldes tradicionais. Como se sabe, o vácuo não se mantém. Quem acredita em bandeiras que o PT já teve precisa parar de brigar entre si – assim como de desqualificar todos os outros como “coxinhas” – e encontrar caminhos para ocupar esse espaço, porque o momento é limite. O PT deve à sociedade brasileira um ajuste de contas consigo mesmo, porque o discurso dos pobres contra ricos já virou fumaça. Não dá para continuar desconectado com a realidade, que é só uma forma estúpida de negação.
Para o PT, a herança mais maldita que carrega é o silêncio daqueles que um dia o apoiaram, no momento em que perde as ruas de forma apoteótica. O PT precisa acordar, sim. Mas a esquerda também. 
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficçãoColuna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos e do romance Uma Duas. Site:desacontecimentos.com Email: elianebrum.coluna@gmail.com Twitter:@brumelianebrum


http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/16/opinion/1426515080_777708.html

segunda-feira, 16 de março de 2015

Quem Somos


A editora Brejeira Malagueta foi um projeto de um grupo de mulheres, tendo à frente Hanna Korich e Laura Bacellar, que teve início em agosto de 2008 e durou até 2015.
A ideia era dar voz às lésbicas, que em geral não encontram muitas editoras interessadas em publicar obras com esta temática específica. Em 2007, por exemplo, ano anterior à nossa vinda ao mundo, nenhum único título que abordasse o lesbianismo foi publicado no Brasil, traduzido ou nacional, entre os mais de vinte mil novos títulos lançados aquele ano. Há apenas uma centena de títulos em catálogo que falam de mulheres homossexuais, entre mais de quatro milhões de obras disponíveis no mercado...
Publicamos dez títulos (que se encontram à venda aqui no site) de autoras brasileiras, dois de não-ficção e oito histórias de amor em que é possível a felicidade das personagens homossexuais.

Achamos importante tanto falar de lésbicas de maneira aberta, sem discriminação, quanto imaginar alternativas de vida possíveis e felizes. Afinal, nada acontece sem que antes tenha sido imaginado, e se queremos que mulheres homossexuais sejam cidadãs plenas, temos que antes imaginá-las assim.
Fizemos todo o possível para divulgar essa cultura que acreditamos tão necessária: mais de cinquenta eventos gratuitos, em várias cidades do Brasil, para o qual convidamos escritoras lésbicas não só publicadas por nós como por outras editoras e autopublicadas para falar de suas obras e ler trechos.
Convidamos as mulheres presentes a participarem e lerem seus próprios textos em saraus variados.
Fizemos 60 programas de entrevistas e comentários sobre todo tipo de produção cultural lésbica, o canal As Brejeiras.
Convidamos a encontros e discussões em nossa sede em São Paulo. Fizemos brincadeiras e provocações, como participar da Off Flip por dois anos e montar um festival de literatura lésbica na pequena cidade mineira de Gonçalves, também por dois anos.
Só que querer que uma editora de literatura lésbica dê retorno suficiente para se manter talvez seja uma ideia romântica demais para este momento.
Não conseguimos sustentar a editora, ainda que tivéssemos fãs e amigas que muito nos ajudaram.

Assim, vamos dar uma pausa em nossas atividades, na esperança de que as mudanças que estão em curso no Brasil continuem e que venhamos a ter uma cultura diversa e inclusiva, que acolha e sustente artistas e escritores lgbt.Temos fé que muita gente vai fazer coisas lindas também! As lésbicas, afinal de contas, têm fogo nas veias e coragem de montão, a começar por Cassandra Rios, que apostou a vida em histórias de grande visibilidade para nós todos.Temos esperança de que daqui a pouco tempo alguma jovem fique indignada de não ter livros como gostaria de ler e que inicie uma editora fantástica, cheia de personalidade, que caia no agrado de outras jovens leitoras...
Estamos na torcida, vão lá garotas do século 21!
E você que nos lê, por favor atente: quando aparecer algo dirigido a você, feito por uma lésbica que se esforçou em escrever ou criar ou lançar, dê seu apoio. Compre, divulgue, elogie. Só assim haverá mais cultura para nós.


http://www.editoramalagueta.com.br/editora3/index.php/2012-10-31-19-53-36/quem-somos.html

Bauman: “Talvez estejamos em plena revolução”

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Conhecido por seus estudos sobre “modernidade líquida”, sociólogo polonês afirma: interregno que vivemos é transitório; sociedade já procura novos arranjos 
O sociólogo polônes Zygmunt Bauman, em entrevista à MGMagazine traduzida para o português e publicada pelo site Fronteiras do Pensamento, fala, aos 89 anos, sobre o mundo atual e como entende os efeitos da modernidade sobre as pessoas. “As consequências são a austeridade, o aumento do desemprego e, sobretudo, a devastação emocional e mental de muitos jovens que entram agora no mercado de trabalho e sentem que não são bem-vindos, que não podem adicionar nada ao bem-estar da sociedade, porque são uma carga”, diz.
O senhor imaginou que poderia se tornar uma estrela midiática em nível global?
Certamente não. Mas não sou uma estrela. Quando eu morrer, o que provavelmente acontecerá logo, com certeza morrerei como uma pessoa insatisfeita, que não alcançou seu objetivo.
Por quê?
Porque tratei de transmitir certas ideias durante toda a minha vida, que tem sido muito longa. E quando olho pra trás, existe toda uma montanha cinza de esperanças e expectativas que morreram ao nascer ou faleceram muito jovens. Não tenho nada para me gabar. Tento juntar palavras para dizer às pessoas quais são os problemas, de onde eles vêm, onde se escondem, como encontrar ajuda para resolvê-los se for possível. Mas são palavras. E não nego que são poderosas, porque a nossa realidade, o que nós pensamos que é o mundo, esta sala, nossa vida, nossas lembranças, são palavras. Mas, apesar de ter vivido tantos anos, não consegui resolver o problema de transformar as palavras em carne. Hoje, existe uma enorme quantidade de pessoas que querem a transformação, que têm ideias de como tornar o mundo melhor não somente para eles, mas também para os outros, mais hospitaleiro. Mas na sociedade contemporânea, na qual somos mais livres do que nunca, ao mesmo tempo somos também mais impotentes do que em qualquer outro momento da história. Todos sentimos a desagradável experiência de ser incapazes de mudar qualquer coisa. Somos um conjunto de indivíduos com boas intenções, mas entre as intenções e os projetos e a realidade tem muita distância. Todos sofremos agora mais do que em qualquer outro momento pela falta total de agentes, de instituições coletivas capazes de atuar efetivamente.
O que mudou?
Quando eu era jovem, todos os meus contemporâneos, de esquerda, direita ou centro, coincidiam em um ponto: se chegamos ao governo ou fazemos uma revolução, sabemos o que fazer e como fazer através do poder do Estado. Agora, ninguém acredita que o governo pode fazer algo. Os governos são vistos como instituições que nunca cumprem suas promessas. É um grave problema. Porque significa que, embora saibamos como criar uma sociedade mais humana – e no momento abandonamos a esperança de poder projetá-la–, a grande pergunta, para a qual não tenho resposta, é quem vai transformá-la em realidade.
Viver em um mundo líquido, o que isso significa exatamente?
Modernidade significa modernização obsessiva, viciante, compulsiva. Modernização significa não aceitar as coisas como elas são, e sim transformá-las em algo que consideramos que é melhor. Modernizamos tudo. Você pega as suas regulações, seus objetos, e trata de modernizá-los. Não duram muito tempo. Isso é o mundo líquido. Nada tem uma forma definida que dure muito tempo. Deve-se dizer que fundir o que é sólido, transformá-lo em líquido e moldá-lo de novo era uma preocupação da modernidade desde o princípio, mas o objetivo era outro. Arbitrariamente, mas acredito que de forma útil, situo o início da modernidade no ano de 1.775 no terremoto de Lisboa, seguido de um incêndio que destruiu o que restava e em seguida um tsunami que levou consigo tudo para o mar.
Por que nesse terremoto?
Foi uma catástrofe, não só material, mas também intelectual. As pessoas pensavam, até então, que Deus tinha criado tudo, que tinha criado a natureza e disposto leis. Mas, de repente, veem que a natureza é cega, indiferente, hostil com os humanos. Não se pode confiar nela. O mundo tem que estar sob direção humana. Substituir o que existe pelo que se pode projetar. Assim, Rousseau, Voltaire ou Holbach viram que o antigo regime não funcionava e decidiram que tinham de fundi-lo e refazê-lo de novo no molde da racionalidade. A diferença em relação ao mundo de hoje é que não o faziam porque não gostavam do que era sólido, e sim, pelo contrário, porque acreditavam que o regime que existia não era suficientemente sólido. Queriam construir algo resistente para sempre que substituísse o oxidado. Era a época da modernidade sólida. A época das grandes fábricas empregando milhares de trabalhadores em enormes edifícios de tijolos, fortalezas que iam durar tanto quanto as catedrais góticas. No entanto, a história decidiu um caminho muito diferente.
Tornou-se líquida?
Sim. Hoje a maior preocupação da nossa vida social e individual é como prevenir que as coisas sejam fixas, que sejam tão sólidas que não possam mudar o futuro. Não acreditamos que existam soluções definitivas, e não é só isso: não gostamos delas. Por exemplo: a crise que muitos homens têm ao fazer 40 anos. Ficam paralisados pelo medo de que as coisas já não sejam como antes. E o que mais lhes dá medo é ter uma identidade aferrada a eles. Uma imagem que não se pode tirar. Estamos acostumados com um tempo veloz, certos de que as coisas não vão durar muito, de que vão aparecer novas oportunidades que vão desvalorizar as existentes. E isso acontece em todos os aspectos da vida. Há duas semanas, as pessoas faziam filas durante a noite pelo iPhone 5 e agora mesmo estão fazendo pelo 6. Posso garantir que em dois anos aparecerá o 7 e milhões de iPhones 6 serão jogados no lixo. E isso dos objetos materiais funciona da mesma forma com as relações pessoais e com a própria relação que temos conosco mesmos, como nos avaliamos, que imagem temos de nossa pessoa, que ambição permitimos que nos guie. Tudo muda de um momento a outro, somos conscientes de que somos transformáveis e, portanto, temos medo de fixar qualquer coisa para sempre. Provavelmente, seu governo, como o do Reino Unido, convoca seus cidadãos a serem flexíveis.
TEXTO-MEIO
Sim, convoca.
O que significa ser flexível? Significa que você não está comprometido com nada para sempre, mas sim pronto para mudar a sintonia, a mente, em qualquer momento no qual seja requisitado. Isso cria uma situação líquida. Como um líquido em um copo, no qual o mais leve empurrão muda a forma da água. E isso está em todos os lugares.
Quais o senhor acredita que são os efeitos desta nova situação nas pessoas?
Há alguns anos, os jovens iam trabalhar para a Ford ou a Fiat como aprendizes e podiam acabar ficando ali pelos próximos 40 anos se não se embebedavam ou morriam antes. Hoje, os jovens que não perderam a ambição depois de ter amargas experiências de trabalho sonham em ir ao Vale do Silício. É a meca das ambições de todo homem jovem, a ponta da lança da inovação, do progresso. Você sabe qual é a média de um trabalhador de uma empresa do Vale do Silício? Oito meses. O sociólogo Richard Sennet calculou, há uns anos, que o trabalhador médio mudaria de empresa onze vezes durante a sua vida. Hoje, essa quantidade é inclusive maior. As gerações que emergem das universidades em grandes quantidades estão ainda buscando emprego. E se encontram, não tem nada a ver com suas habilidades e expectativas. Estão empregados em trabalhos precários, temporários, sem segurança, sem carreira. Então, a principal maneira pela qual nos conectamos com o mundo, que é a nossa profissão, nosso trabalho, é fluida, líquida. Estamos conectados apenas pela água. E não se pode estar conectado por isso, ocorrem inundações, fugas…
Por isso você diz que passamos do proletariado ao precariado?
Há não muito tempo o precariado era a condição de vagabundos, sem-teto, mendigos. Agora, marca a natureza da vida de pessoas que há 50 anos estavam bem instaladas. Pessoas de classe média. Com exceção do 1% que está acima de tudo, ninguém pode se sentir seguro hoje. Todos podem perder as conquistas alcançadas durante sua vida sem aviso prévio. Não faz tantos anos, seis, o crédito e os bancos entraram em colapso e as pessoas começaram a ser despejadas de suas casas e seus trabalhos. Antes disso, os otimistas falavam de orgia de consumo, as pessoas pensavam que podiam gastar dinheiro que não tinham porque as coisas seriam cada vez melhores, assim como seus rendimentos, mas tudo isso desabou. As consequências são hoje os cortes, a austeridade, o alto nível de desemprego e, sobretudo, a devastação emocional e mental de muitos jovens que entram agora no mercado de trabalho e sentem que não são bem-vindos, que não podem acrescentar nada ao bem-estar da sociedade, que são um peso.
Aumenta o que o senhor chama de vidas desperdiçadas.
Cada vez há mais. Mas é que, além disso, as pessoas que têm emprego experimentam a forte sensação de que existem altas possibilidades de que também virem resíduos. E, mesmo conhecendo a ameaça, são incapazes de preveni-la. É uma combinação de ignorância e impotência. Não sabem o que vai acontecer, mas nem mesmo sabendo seriam capazes de preveni-lo. Ser o resto, um resíduo, é uma condição ainda de uma minoria. No entanto, impacta não somente os empobrecidos, mas também setores cada vez maiores das classes médias, que são a base de nossas sociedades democráticas modernas. Estão atribuladas.
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Zygmunt Bauman fotografado por Carlos González Armesto
As classes médias vão desaparecer?
Estamos em um interregno. A palavra foi usada pela primeira vez na história da Roma Antiga. O primeiro rei lendário foi Rômulo, que reinou por 38 anos. Essa era a expectativa de vida das pessoas, então, quando ele morreu, pouca gente lembrava do mundo sem ele. As pessoas estavam confusas. O que fazer? Rômulo lhes dizia o que fazer. E se houvesse outro, ninguém sabia o que ele lhes pediria. Gramsci atualizou a ideia de interregno para definir uma situação na qual as antigas formas de fazer as coisas já não funcionam, mas as formas de resolver os problemas de uma nova maneira efetiva ainda não existem ou não as conhecemos. E nós estamos assim. Os governos vivem presos entre duas pressões impossíveis de reconciliar: a do eleitorado e a dos mercados. Eles têm medo de que, se não agem como as bolsas e o capital móvel querem, as bolsas quebrarão e o dinheiro irá a outro país. Não se trata apenas de que possa haver corrupção e estupidez entre os nossos políticos, mas sim que essas situações os deixam impotentes. E, por isso, as pessoas buscam desesperadamente novas formas de fazer política.
Como os indignados?
É um bom exemplo. Se o governo não cumpre, vamos à praça pública. Mas é uma boa tentativa que não traz muito resultado. Estamos tentando. Tentando criar alternativas praticáveis para atender às necessidades coletivas. O interregno por definição é transitório. Eu acredito que não viverei para ver o novo arranjo, mas sua vida estará repleta de buscas por essas alternativas. Porque este período de suspensão, no qual muitas coisas vão mal e temos poucas ideias para resolvê-las, não é eternamente concebível.
Será que já não estamos líquidos demais?
As mudanças vêm e vão. Muita gente está hoje convencida de que já existem alternativas, mas que são invisíveis porque ainda estão muito dispersas. Jeremy Rifkin fala da utilidade pública colaborativa. Benjamin Barber publicou o livro Se os prefeitos governassem o mundo, no qual diz que os estados estão acabados, que foram uma boa ferramenta para a separação, a independência e a autonomia, mas que em nossos tempos de interdependência devem ser substituídos. Que as instituições locais são capazes de enfrentar os problemas muito melhor, têm a dimensão adequada para ver e experimentar sua coletividade como uma totalidade. Podem levar adiante lutas muito mais efetivas para melhorar as escolas, a saúde, o emprego, a paisagem. Pede um tipo de Parlamento mundial de prefeitos das grandes cidades. Um Parlamento onde as pessoas falem e compartilhem experiências que são altamente parecidas. E as mudanças podem já estar aqui. Minha tese, quando eu estudava, foi sobre os movimentos operários na Grã Bretanha. Pesquisei nos arquivos do século XIX e nos jornais. Para minha surpresa, descobri que até 1875 não se mencionava que estava acontecendo uma revolução industrial, havia apenas informações dispersas. Que alguém tinha construído uma fábrica, que o teto de uma fábrica desabou… Para nós, é óbvio que estavam no coração de uma revolução, para eles, não. É possível que, quando você for entrevistar alguém dentro de 20 anos, essa pessoa lhe diga: “Quando você entrevistou o Bauman em Leeds, vocês estavam no meio de uma revolução e o senhor perguntava a ele sobre mudanças”.
http://outras-palavras.net/outrasmidias/?p=102739

Zona Cerealista, o paraíso das compras veganas

Zona Cerealista - Abertura
Zona Cerealista é uma região localizada no centro de São Paulo conhecida por suas inúmeras lojas degrãoscereaisfarinhastemperoscastanhasfrutas secaschásprodutos a granel e muito mais. Bem do ladinho do Mercado Municipal, a Avenida Mercúrio e a Rua Santa Rosa são sem dúvidas, o maior shopping de comida vegana da cidade.
Conheci a Zona Cerealista no ano passado, logo depois de começar a frequentar os cursos de alimentação do Centro Cultural Vrinda. Vale muita a pena fazer um curso por lá, você sai cheio de dicas de onde encontrar qualquer coisa na cidade. Antes de ir pela primeira vez, não fazia ideia do paraíso que aquele lugar é pra quem se interessa por alimentação. Lembro que a primeira vez que fui comprei tanta coisa que ainda tem muitas delas vencidas nos meus armários… rs.
Avenida Mercúrio.
Avenida Mercúrio.
A área principal das lojas é a Avenida Mercúrio e a rua Santa Rosa, próximas ao cruzamento com a Avenida do Estado. Pra quem vai de metrô as estações mais próximas são a Pedro II e a São Bento. Saindo das estações você ainda vai andar uns 10, 15 mintutos até chegar nas lojas.
Se você vai de metrô, é sempre bom planejar antes o tanto de coisas que você pretende comprar, pois pra carregar tudo pra casa depois é meio complicado. A melhor dica é levar aqueles carrinhos de feira, quantas vezes já quis ter um destes depois de quase não conseguir andar de tanta sacola. Pra quem vai de carro fica tudo mais fácil, mas sempre rola um trânsito básico por aquela região, principalmente de sábado de manhã.
A Zona Cerealista provocou uma grande revolução nos meus armários da cozinha. Todas aquelas embalagens de produtos de supermercado foram substituídas por saquinhos plásticos de compras a granel. É gente, depois de conhecer aquelas lojas ser vegano vira a coisa mais fácil do mundo.
A diversidade de produtos é tanta que se você não for pra lá com foco é fácil se desviar e gastar horrores sem perceber. Por mais que eu tente, nunca consegui comprar somente o que eu tinha planejado. Você sempre vai achar um fruta seca ou um cereal que nunca tinha visto e vai querer levar. Mas se isto tem um ponto positivo, é que lá os preços são bem mais em conta do que na maioria dos lugares da cidade. Lá acontece uma certa “concorrência” local das lojas e se você tiver paciência de entrar em todas pra comparar vai acabar economizando muito no final. Eu mesmo já fui algumas vezes fazendo a comparação e achei produtos com mais de 5 reais de diferença.
A ideia para este post veio depois que um leitor me sugeriu por email começar uma nova categoria sobre“compras veganas” e logo já pensei na Zona Cerealista para começar. Como seria impossível divulgar todas as lojas, separei as 6 principais que costumo frequentar. Escolhi alguns produtos de cada uma para colocar aqui, mas vale lembrar que você vai encontrar o mesmo produto em várias outras lojas com o preço ligeiramente diferente.
A minha intenção com este post é fazer o primeiro contato de quem ainda não conhece este lugar incrível no meio de São Paulo. Falo isso pois demorei muito tempo pra criar coragem de ir até lá para conhecer, mas depois que fui não consegui mais parar.
Se você é do tipo que gosta de economizar cada centavo, uma dica é fazer uma primeira passada nas lojas anotando os preços e depois voltar fazendo as compras. A minha rota é quase sempre da loja Empório do Arroz Integral até o Empório Santa Filomena. É só seguir reto na Avenida, uma loja do lado da outra, não tem erro. Pelo que me parece, é neste pedaço que se concentra as lojas com mais produtos veganos pra venda varejo. Vale lembrar também que a ZC inclui muitas outras ruas ali por perto que vendem outros tipos de produtos, legumes, vendas no atacado e etc.
Como todo mundo sabe, o centro de São Paulo é sempre aquela loucura. Muita gente pra todos os lados, vendedores gritando e vendendo tudo o que você imaginar, trânsito na rua e por aí vai. A ZC não é diferente, os prédios das lojas são todos bem antigos e simples. A primeira vez pode te parecer estranho pois nada é muito bonito ou organizado e o fluxo de pessoas é grande. Pra virar Nova Dheli só faltam as vacas andando pelas ruas, principalmente de sábado de manhã ou na época do Natal. Mas enfim, se você entra no clima é até bem divertido.
1 – Empório do Arroz Integral
Pra quem vem do metro Pedro II, esta é uma das primeiras lojas que você vai encontrar na Avenida Mercúrio. É uma das mais bonitinhas e organizadas e com bastante diversidade. O movimento é bem variado, de semana é mais fácil de encontrar ela com pouca gente, mas de sábado sempre tem um movimento grande e um pouco de filas no caixa. Uma coisa que você vai notar é que quase todas as lojas são iguais, mas depois de ir algumas vezes já dá para diferenciá-las por alguns produtos exclusivos e diferença de preços, claro.
Empório do Arroz Integral.
Empório do Arroz Integral.
Empório do Arroz Integral .
Empório do Arroz Integral.
O primeiro destaque vai para a barra de chocolate Chocosoy da Olvebra. Eu já comprei algumas vezes pra derreter e fazer cobertura de bolo, fica incrível. Dá pra fazer trufa, pão de melado, bombom ou comer puro mesmo. Muita gente não gosta de chocolate à base de leite de soja, mas eu sinceramente não vejo problemas. Esta é uma das únicas lojas que eu sempre consigo encontrar este chocolate (já encontrei também na Chocolândia). O preço é meio salgado, mas é chocolate pra caramba (1kg).
Chocosoy - Empório do Arroz Integral
Chocosoy – Olvebra.
O segundo destaque vai para o macarrão de mandioca Carpe Diem. Só fui descobrir agora esta iguaria, mas acredito que não faz muito tempo que foi lançado. Pra quem curte dar uma evitada em glúten é uma ótima opção, é super levinho e saboroso, vai bem com qualquer molho.
Macarrão de Mandioca Carpe Diem - Empório do Arroz Integral .
Macarrão de Mandioca – Carpe Diem.
2 – Casa de Saron
Em seguida vem uma das mais tradicionais e conhecidas lojas da avenida, a Casa de Saron. O salão é bem amplo e organizado. O movimento é mais tranquilo e quase nunca pego fila grande no caixa. Costumo passar lá para comparar os preços e caçar novidades nas prateleiras. Pra quem não é de São Paulo também dá pra comprar pela loja virtual.
Casa de Saron - Zora Cerealista
Casa de Saron – Zora Cerealista.
Casa de Saron - Zora Cerealista.
Casa de Saron – Zora Cerealista.
O primeiro destaque vai para a Glutadela da Schillife. Ela existe nos sabores: original, castanha de cajú, azeitona, pimenta e pequi. Curto todos os sabores, mas fico com a de azeitona. É uma ótima solução pra fazer uma versão vegana daquele famoso lanche de mortadela do mercadão. Picada em cubinhos com um limãozinho também cai super bem.
Glutadela sabor original - Schillife.
Glutadela sabor original – Schillife.
O segundo destaque vai para a famosa lecitina de soja em emulsão, este ingrediente mágico que todo vegano está cansado de encontrar nos rótulos dos produtos. Pra quem não conhece, a lecitina é uma substância gordurosa extraída da soja que faz bem pra tudo (se você não é do time anti-soja). Dá pra usar como suplemento alimentar misturando em qualquer bebida, mas a dica vegana é que ela substitui o ovonas receitas. Uma colher de sopa de lecitina pode ser usada no lugar de um ovo em qualquer receita, pães, bolos, tortas e etc.
Leticina de soja - Grings.
Leticina de soja – Grings.
3 – Armazén Paulista
Armazén Paulista é outra loja tradicional da avenida que vale a pena dar uma entradinha. O movimento lá é bem variado, de sábado de manhã perto da hora do almoço dá uma filinha, mas nos outros dias é tranquilo. Bem lá no fundão do salão tem um freezer lotado de produtos veganos.
Armazén Paulista - Zona Cerealista.
Armazén Paulista – Zona Cerealista.
Armazém Paulista - Zona Cerealista.
Armazém Paulista – Zona Cerealista.
Goshen é uma linha de alimentos à base de soja que ficou bem conhecida de uns tempos pra cá. Vale lembrar que a marca possui produtos vegetarianos e veganos, então é bom dar uma conferida na embalagem pois alguns contém ovo e/ou leite. Sempre vem escrito bem destacado na frente pra facilitar a visualização. Os produtos veganos são: a Vegge Salsicha de Soja, a Vegge Linguiça de Soja, o Presunto de Soja Defumado e Natural, a Nata e o Rolinho de Soja, o Tofu Imperial, a Vegge Coxinha de Soja, o Vegge Kibe de Soja e o Vegge Empanadinho de Soja.
Congelados Goshen - Armazén Paulista.
Congelados Goshen – Armazén Paulista.
O segundo destaque vai para os produtos de alfarroba da Carob House. Desde quando descobri esta linha não decidi ainda se gosto mais ou menos do que chocolate. Já sou viciado em todos, principalmente no Creme de Avelã e no Alfarroba com Damasco. A versão em pó eu também costumo usar pra fazer bolos.
Produtos de Alfarroba - Carob House.
Produtos de Alfarroba – Carob House.
4 – Akashia Flora
A Akashia Flora é uma das lojas que eu mais gosto da avenida. Pense no chá mais raro que você já ouviu falar: tanchagem, cavalinha, calêndula, saco-saco araruama, cascarra sagrada, angico, zimbro, etc. Pois é, lá você encontra todos estes e muito mais.
A loja é um grande corredor cheio de prateleiras lotadas de ervas medicinaischás, cascas, capinsflores secasfarinhascondimentos e etc. Tem os mais populares e também os mais raros. Pra quem curte tomar chás exóticos lá é o lugar dos sonhos. Os produtos são vendidos em sacos de diversos tamanhos. E o preço é bem baixo, vale muito a pena. Você vai comprar um sacão de camomila, por exemplo, por pouco mais de um real.
Akashia Flora - Zona Cerealista.
Akashia Flora – Zona Cerealista.
Akashia Flora - Zona Cerealista
Akashia Flora – Zona Cerealista.
Akashia Flora - Zona Cerealista.
Akashia Flora – Zona Cerealista.
Akashia Flora - Zona Cerealista.
Akashia Flora – Zona Cerealista.
Sempre passo lá pra reabastecer meu estoque de chás e comprar algum novo que nunca experimentei. Também compro as algas chlorella spirulina em pó pra colocar no suco verde. O gosto delas não é muito agradável, mas fazem absurdamente bem pra saúde.
Cascarra sagrada - Akashia Flora.
Cascarra sagrada – Akashia Flora.
Canela em pau - Akashia Flora.
Canela em pau – Akashia Flora.
5 – Armazém São Vito
O Armazén São Vito é outra loja bem tradicional da avenida. Quase sempre cheia de gente com fila de sábado. Os preços dos produtos a granel costumam concorrer com os das lojas mais baratas, então para quem for na pira de economizar vale a pena dar uma conferida.
Armazém São Vito - Zona Cerealista.
Armazém São Vito – Zona Cerealista.
Armazém São Vito - Zona Cerealista.
Armazém São Vito – Zona Cerealista.
O primeiro destaque vai para os cookies veganos sem glúten NutriCookie. Essas rosquinhas já saíram no blog no post da NaturalTech e desde então virei um adepto. São super levinhas e por serem sem glúten derretem na boca. Os sabores: cacau, coco, maçã com canela, limão, banana e laranja.
NutriCookies - Natue.
NutriCookies – Natue.
E o segundo destaque vai para goma de mandioca hidratada da Made in Brazil. Não sei se foi devido a revolução do glúten, mas parece que a tapioca virou febre já faz um tempinho. Meio que sem querer querendo também entrei na onda e faço direto em casa.
Pra quem nunca comprou, esta farinha já vem pronta pra ser colocada na frigideira, é muito prático e rápido. Se você quer diminuir o consumo de pão, ela é o substituto perfeito. Eu sempre invento uns sabores exóticos e todos ficam ótimos: hommus com couve refogado, creme de alfarroba com goji berry, strogonoff de soja, Mandiokejo com goibada, doce de banana e etc.
Goma de mandioca hidratada - Made in Brazil.
Goma de mandioca hidratada – Made in Brazil.
5 – Santa Fé Emporium 
Já quase no final da rota, o Santa Fé Emporium é uma loja um pouco menor do que as outras. Quase sempre está tranquila e nunca tem fila. Se você não curtir se enfiar nas lojas mais lotadas, também dá pra fazer uma outra rota entrando em lojas menores e mais calmas.
Emporium Santa Fé - Zona Cerealista.
Emporium Santa Fé – Zona Cerealista.
Emporium Santa Fé - Zona Cerealista.
Emporium Santa Fé – Zona Cerealista.
Foi lá que eu encontrei o tão procurado Tênder Vegetal Defumado no freezer da Goshen. Pois é gente, nem no Natal agora as pessoas tem desculpa pra não fazer uma ceia vegana. Este tênder é ideal pra você levar no almoço de família e contar pra todo mundo que não era carne só depois de terem comido, garanto que ninguém vai perceber.
Tênder Vegetal Defumado - Goshen.
Tênder Vegetal Defumado – Goshen.
O segundo destaque vai para a Carne Vegetal em Tiras também conhecido como bife de seitan ou de glúten da VeganLife. A empresa é de Hortolândia e preza pela produção artesanal dos produtos. Este bife dá  pra comer com arroz, fazer strogonoff, feijoada e etc, vai bem de qualquer jeito.
Carne Vegetal em Tiras - VeganLife
Carne Vegetal em Tiras – VeganLife.
6 – Armazém Santa Filomena
E para terminar a rota já na rua Santa Rosa, chegou a vez da loja mais famosa e mais movimentada da Zona Cerealista: o Armazém Santa Filomena.
A loja é uma das maiores atrações por dois motivos: maior diversidade e melhores preços. Castanhasfrutas secasgrãosfeijõestemperossementespetiscosfarinhassaismacarrõesdocescristalizados,desidratados e etc. Os preços dos produtos a granel sempre estão entre os mais baratos da região. E lá você vai encontrar de tudo, cada vez que vou descubro alguma coisa que nunca tinha visto na vida.
É praticamente impossível encontrar aquele lugar vazio. Durante a semana o movimento é intenso, mas de sábado de manhã até o começo da tarde aquele salão vira um pedaçinho da Índia. Gente transitando de lá pra cá com carrinhos e sacolas, funcionários correndo e gritando de um lado pro outro, painel de senha apitando sem parar e etc. A confusão beira o caos, mas o bom humor dos funcionários é um super diferencial. Todos sempre muito eficientes, rápidos e com boa vontade. Só de pensar no tanto que eles correm o dia todo já fico cansado. Lembro de uma vez que um deles puxou um “parabéns” para algum cliente e a loja inteira começou a cantar.
Empório Santa Filomena - Zona Cerealista.
Empório Santa Filomena – Zona Cerealista.
Empório Santa Filomena - Zona Cerealista.
Empório Santa Filomena – Zona Cerealista.
Empório Santa Filomena - Zona Cerealista.
Empório Santa Filomena – Zona Cerealista.
Como o lugar está quase sempre lotado, uma dica é entrar só pra pegar uma senha e aproveitar o tempo pra ir comprar nas outras lojas. Só não esqueça de fazer uma previsão do tempo que vai demorar pra você voltar na hora certa. Muitas vezes já desisti de comprar lá pois a fila era gigante, mas depois que comecei a fazer este esquema ficou bem mais fácil.
As filas dos caixas, como se pode esperar, também estão sempre grandes. Outra dica: se você estiver com mais alguém vale entrar na fila bem antes de ir embora e ir revezando enquanto cada um faz suas compras.
Os destaques de lá são todos os itens a granel. Tem tanta coisa que foi difícil escolher o que colocar aqui, então segue algumas fotos gerais pra vocês terem ideia de como é.
Frutas secas - Armazém Santa Filomena.
Frutas secas – Armazém Santa Filomena.
Armazém Santa Filomena.
Armazém Santa Filomena.
Banana chips - Armazém Santa Filomena.
Banana chips – Armazém Santa Filomena.
Goji Berry - Armazém Santa Filomena.
Goji Berry – Armazém Santa Filomena.
Você vai encontrar alguns itens interessantes como as misturas prontas desidratadas. Pra quem curte uma praticidade na hora de cozinhar é perfeito. Tem arroz à gregafeijoada vegetariana, paella vegetariana,lentilhada, sopas, e por aí vai.
Armazém Santa Filomena.
Armazém Santa Filomena.
Lentilhada - Armazém Santa Filomena.
Lentilhada – Armazém Santa Filomena.
Ufa, este post foi longo mas espero que tenha conseguido apresentar a tão famosa Zona Cerealista. Pra quem está na pegada de melhorar a alimentação, virar vegetariano ou vegano, é o verdadeiro paraíso. Mesmo quem mora longe, vale muito a pena se programar um dia pra desbravar a Avenida Mercúrio.
Este é um dos lugares que eu mais gosto de São Paulo. Todas as vezes que penso em mudar daqui imagino que iria sentir muita falta de fazer minhas compras por lá. Depois de conhecer a ZC você expande seu horizonte de alimentos veganos em direção ao infinito, descobre que mesmo se você tivesse todas as restrições alimentares do mundo ainda assim conseguiria uma fartura de opções.
OBS: Pra quem não mora aqui e não consegue encontrar estes produtos com facilidade, ainda dá pra comprar quase tudo pela internet. Várias dessas lojas já oferecem o serviço de venda online além de outras que são só virtuais. Seguem algumas delas:
Mais informações:
Empório do Arroz Integral
http://www.emporiodoarrozintegral.com.br/
Av. Mercúrio, 86 – Bras
(11) 3313-2053 / 3326-6770
Casa de Saron
http://www.casadesaron.com.br/
Av. Mercúrio, 146 – Brás
(11)3313-8067 / 3229-7864
Armazén Paulista
http://www.armazenpaulistasp.com.br/
Av. Mercúrio, 154 – Brás
(11) 3313-4256 / 3311-6600
Akashia Flora
Avenida Mercúrio, 162 – Brás
(11) 3227-4056
Armazém São Vito
http://www.armazemsaovito.com.br/
Avenida Mercúrio, 222 – Brás
(11) 3311-8285
Santa Fé Emporium
Rua Santa Rosa, 52 – Brás
(11) 3227-5615
Armazém Santa Filomena
http://www.armazemsantafilomena.com.br/
Rua Santa Rosa, 100 – Brás
(11) 3122-0000

http://rotaveg.com/zona-cerealista-o-paraiso-das-compras-veganas/