domingo, 8 de janeiro de 2023

Milly Lacombe se posiciona contra Bozo Nazi - eleição 2022

Milly Lacombe se posiciona contra Bozo Nazi - eleição 2022 


Excelente! Explica didaticamente o que foi o governo fascista mesmo ela não sendo de esquerda.

Contribuiu para a derrota apertada do bozo fascista.


https://www.instagram.com/p/CjYBA_Zp-TD/?igshid=ZWFiZDJlMTg%3D

O último tigre-da-Tasmânia conhecido foi encontrado em um armário de museu

 

O último tigre-da-Tasmânia conhecido foi encontrado em um armário de museu

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Pele de tilacino em exposição no Museu e Galeria de Arte da Tasmânia. (Créditos: Museu e Galeria de Arte da Tasmânia)

Traduzido por Julio Batista
Original de Carly Cassella para o ScienceAlert

Acreditava-se que o corpo do último tigre-da-Tasmânia vivo estivesse perdido para sempre, mas pesquisadores redescobriram a pele e o esqueleto preservados do animal em um armário de museu na Tasmânia.

Listrado como um tigre, com um corpo um tanto canino, o tigre-da-Tasmânia – ou tilacino (Thylacinus cynocephalus) – é na verdade um grande marsupial, mais aparentado com quolls e mirmecóbios. Mamíferos marsupiais já foram encontrados em toda a Austrália, embora no início do século 20 seu alcance fosse limitado à Tasmânia.

Agora sabemos que os restos mortais do último tilacino em cativeiro foram acidentalmente incluídos em um programa educacional que viajava de escola em escola, ensinando aos alunos sobre a anatomia dessas criaturas há muito tempo perdidas.

Partes da pele do espécime ainda mostram pelo achatado onde as crianças podiam acariciá-lo. Ninguém percebeu o que eles estavam lidando na época e, na década de 1980, o corpo foi guardado e imediatamente esquecido.

É uma conclusão bastante triste para uma vida trágica. Tendo sido capturada ilegalmente por um caçador chamado Elias Churchill em maio de 1936, o tilacino mais velho foi secretamente vendido para o agora fechado Zoológico de Beaumaris em Hobart, onde morreria de exposição apenas alguns meses depois, na noite de 7 de setembro.

Na época, ninguém percebeu que este seria o último tigre-da-Tasmânia a ser exibido em um zoológico. Na verdade, os registros sugerem que as pessoas ainda caçavam tilacinos selvagens bem depois de 1936.

A esperança de encontrar outro sobrevivente significava que o corpo do último tilacino no zoológico de Beaumaris não era celebrado ou rotulado de maneira especial.

“Durante anos, muitos curadores e pesquisadores de museus procuraram por seus restos sem sucesso, já que nenhum material de tilacino datado de 1936 havia sido registrado na coleção zoológica e, portanto, presumiu-se que seu corpo havia sido descartado”, disse Robert Paddle, psicólogo comparativo da Universidade Católica Australiana.

A caça ao tesouro só foi reiniciada recentemente quando Paddle e Kathryn Medlock, curadora honorária do Museu e Galeria de Arte da Tasmânia (TMAG, na sigla em inglês), se depararam com um relatório não publicado.

Foi escrito em um diário de bordo de 1936/1937 pelo taxidermista do museu, e a passagem mencionava que o tilacino que morreu em 1936, o último indivíduo vivo conhecido de sua espécie, havia sido presenteado ao TMAG.

Mas não estava na seção zoológica do museu, onde os pesquisadores o procuraram antes. Estava na seção de educação do museu.

“A pele foi cuidadosamente preparada como uma pele plana pelo taxidermista do museu, William Cunningham, o que significava que ela poderia ser facilmente transportada e usada como espécime de demonstração para aulas escolares aprendendo sobre os marsupiais da Tasmânia”, disse Medlock.

Crânio do tilacino que morreu no Zoológco de Beaumaris de Hobart em 1936. (Créditos: TMAG)

Peddle e Medlock estão esperançosos de que sua redescoberta finalmente ponha fim aos mitos que cercam o último tigre-da-Tasmânia.

Essas falsidades foram compartilhadas de forma tão ampla e acrítica que podem até ser encontradas nas páginas oficiais do Museu Nacional da Austrália  e do Arquivo Nacional de Cinema e Som.

Ambos os sites afirmam que o último tigre-da-Tasmânia em cativeiro era um macho chamado Benjamin, mas Paddle disse à Australian Broadcasting Corporation que é um mito duradouro.

Embora seja verdade que havia um tilacino macho no Zoológico de Beaumaris em 1935, seu nome não era Benjamin e ele não foi o último. Esse boato foi totalmente inventado na década de 1960 por alguém que nem trabalhava no zoológico.

“É um mito infeliz”, disse Paddle a Adam Langenberg na ABC News.

“É hora de removê-lo da literatura. É tão lamentável que Kathryn [Medlock] e eu nem mencionamos isso no paper [da pesquisa].”

O macho em Beaumaris pode não ter sido o último tilacino em cativeiro, mas foi o último a ser filmado diante das câmeras. Um vídeo em preto e branco de 21 segundos do tigre Tassie macho, feito em 1935 para um documentário, foi recentemente digitalizado e lançado online.

Na foto, o tilacino macho pode ser visto andando de um lado para o outro em seu recinto do zoológico enquanto visitantes agitados sacodem sua jaula. Se você ouvir o áudio, pode-se ouvir um narrador dizendo: “este é o único em cativeiro no mundo”.

Mas essa afirmação, se era verdade na época, não foi por muito tempo.

A tilacina fêmea capturada por Churchill ingressou no zoológico logo após ‘Benjamin’ fazer sua estreia no cinema e, de acordo com os registros do museu, ela conquistou esse feito do macho.

Embora seja provável que existam tilacinos na natureza nesta época, este foi o último indivíduo já mantido em um zoológico. Acredita-se que a caça tenha contribuído para sua eventual extinção na Tasmânia, juntamente com possíveis doenças e perturbações do habitat, à medida que os europeus invadiam o reduto remanescente do animal.

Os últimos restos de tilacino conhecidos estão agora em exibição no TMAG para qualquer visitante curioso ver.

O paper de Paddle e Medlock sobre sua redescoberta estará disponível em breve no site da Australian Zoologist.

https://universoracionalista.org/o-ultimo-tigre-da-tasmania-conhecido-foi-encontrado-em-um-armario-de-museu/

Do fluxo, da rua, do funk - Fotógrafa Fernanda Souza

 

Do fluxo, da rua, do funk

Fernanda Souza & Lucas VelosoPublicado em: 12 de dezembro de 2022

“Tá ligado?” é uma gíria que revela a origem paulistana da fotógrafa Fernanda Souza, 27. Nas conversas, no rolê e nas articulações que faz, a expressão não sai da boca dela. Cria do Grajaú, periferia no extremo sul da capital paulista, ela diz que se ver como profissional de foto nunca foi natural para ela. Sem ter feito faculdade para aprender técnicas e teorias, foi na rua, botando a mão na massa e buscando dicas e aulas online que Fernanda desenvolveu as habilidades que coloca em prática hoje.

O interesse por registrar momentos e pessoas começou depois que ganhou do pai uma Cyber-shot encontrada no lixo. Logo nos primeiros dias passou a registrar o cotidiano do bairro, como a escola e os próprios bailes. A memória deste período é afetiva, mas também profissional: “A fotografia surgiu por causa do funk”, comenta.

Hoje, com um arquivo de mais de 3 mil fotos, além de uma exposição individual no currículo e outros trabalhos envolvendo sua criatividade visual, Fernanda olha para o futuro cheia de planos, incluindo uma ‘exposição diferenciada’ que ela prefere não revelar ainda para os ‘bicos’ [intrometidos] não copiarem.

Como a fotografia entrou na sua vida? Teve um acontecimento específico?

Fernanda Souza: Quando eu puxo na memória, foi no ensino médio. Lembro que o meu pai tinha achado uma câmera no lixo, uma Cyber-shot que ele acabou me dando. E aí eu ficava tirando foto dos meninos no ensino médio, no baile, das roupas. Eu curtia muito roupa, tá ligado? Achava os bagulhos do funk muito chave [estiloso, bonito], principalmente pela ostentação. Eu achava daora também ser a pessoa que tirava foto deles.

E isso é uma memória afetiva. Fui crescendo, tive outros caminhos e fui mudando. Lembro que em 2015 e 2016 comecei a fazer fotos no meu bairro. Eu guardava e continuava fazendo foto de baile também.

Só que entender isso mesmo como trampo e começar a investir foi em 2019. Quando eu fiz umas fotos dos moleques de boné de crochê no baile. Na pandemia, comecei a querer registrar o que estava rolando, tá ligado? Mas assim, a minha primeira foto de baile foi em 2016, mas só passei a levar a sério em 2019. Falei: “Porra, mano. Acho que eu vou começar”, e ainda não achava que era fotógrafa, mas eu fazia fotos.

E o funk, o fluxo? Como chegou para você? A fotografia entrou por conta disso também?

FS: Ah, o funk está na minha vida desde o ensino médio. Mano, de uma forma muito natural. Tipo, quem é de quebrada, mas não necessariamente todo mundo, é funkeiro. Nós não somos todos iguais, mas é inevitável dizer que o funk está presente e começou a se consolidar na quebrada, lá em 2008, 2009, tá ligado?

E aí começam os fluxos, aqueles carrinhos com a cornetinha, né? Aqueles carros com aquelas cornetas de som nas quermesses e tal. Não tinha como, tá ligado? Todo mundo escutava. Comecei aí. Alguns vão criando uma afeição, outros não. Criei muita afeição. Tipo, de quinta-feira na escola, a gente cabulava aula pra ver show de funk. Eu chamava de baile de bolsa porque todo mundo tava de bolsa. Depois começou o fluxo de rua.

Na minha família, o pessoal gosta de funk para caramba, tá ligado? Então eu ia para o baile funk com o meu irmão mais novo. Eu sempre gostei muito de funk. Ou era hip-hop ou era funk. Eu ouço outras coisas, conheço outras coisas, mas o funk sempre foi algo muito presente. Em determinado momento até tentei deixar de lado essas paradas porque eu vi que ia me trazer uma certa marginalidade, mas não consegui, mano, porque tava para além disso.

Então eu falei: “não cara, eu não posso deixar de ser quem eu sou”. Eu gostava de fluxo. Até hoje, inclusive, eu sinto que sou muito marginalizada por frequentar, mas a fotografia surgiu através do funk.

Como se vê como fotógrafa? Como define seu trampo?

FS: Parça, é muito foda. Essa pergunta, como você se vê como fotógrafa. Eu demorei muito para me ver fotógrafa. Às vezes, ainda hoje, não me vejo fotógrafa. Tenho muita dificuldade por não ter passado numa faculdade.

Eu aprendo tudo sozinha, tipo, eu tenho medo das pessoas não me respeitarem como artista por ser do funk, mas agora estou me vendo como fotógrafa. Pô, eu tive uma exposição e eu fiz um corre mesmo, tá ligado? Eu tenho minhas câmeras analógicas que eu garimpo. Compro filme. Estudo sozinha, e é muito difícil estudar fotografia analógica sozinha. Tipo, resolvi que eu quero ser fotógrafa de analógica porque gosto da estética. Então, estudo sozinha, junto dinheiro para comprar os filmes sozinha, para revelar sozinha, mano.

Eu sou fotógrafa, tá ligado? Eu tenho todo um rolê, mano. Hoje me vejo como fotógrafa.

Na fotografia, quem te inspira a fazer seu trampo?

FS: Quem me inspira a fazer meu trampo é um cara chamado Chi Modu. Ele fotografava as pessoas do hip-hop lá na gringa, e eu acho ele muito foda. Eu queria fazer como ele fazia, era isso, e tipo, eu briso também em fotografia analógica. Tenho umas outras referências também, que vieram muito depois porque eu comecei a fotografar sem referência, sacou? Depois eu conheci o Chi Modu em um rolê de hip-hop. Tem alguns caras lá de fora que fazem um trampo muito foda, na gringa, tipo na Europa, na África, E que fazem analógica registrando os bairros, isso também é muito foda para mim.

Você vê seu trabalho como um contraponto à visão preconceituosa da sociedade com o funk?

FS: Com certeza, o meu trampo é um contraponto a isso. Muitas vezes construo um imaginário e trago nas minhas fotos um outro ponto de vista. Tipo, cores, afetividade, símbolos. Acredito sim que o meu trampo constrói um contraponto contra o racismo e o preconceito sobre a cultura funk, os corpos das pessoas pretas. Trago pessoas periféricas também.

Trago uma nova perspectiva do que é o nosso rolê, de dentro. Falo com toda certeza que eu conheço muito sobre o meu rolê, sobre o meu movimento, tá ligado? Também tem beleza. Puxo coisas que muitas vezes as pessoas não querem ver. Tenho fotos que trazem discussões, e às vezes nem posto, como quando envolve droga. As pessoas não vão entender, elas não vão refletir, deixo essas fotos para outro momento, quando for preciso refletir, ou quando alguém do movimento quiser puxar o bonde.

Já expôs seu trabalho? Já foi publicado em algum lugar?

FS: Já expus meu trabalho. Agora, em agosto, no Centro Cultural São Paulo. Foram 10 fotografias do meu acervo com uma curadoria muito foda. Junto com a Neriê Bento selecionei as fotos, dei as legendas. Escolhi como elas iam ficar. Enfim, isso foi muito foda porque, mano, meus amigos da quebrada colaram. Pessoas do funk de fato. Galera de Carapicuiba [cidade na Grande SP], pessoas que estavam registradas nas fotos colaram. Muito foda, gente de São Mateus, de Guarulhos, gente do [Jardim] Peri, de todos os lugares.

Qual o retorno da galera que você fotografa?

FS: A galera gosta muito porque eu tenho um olhar de trazer a festividade. Eles se sentem representados. Às vezes eu tô no baile, o pessoal me reconhece, né? Eu tenho uma certa proporção no baile. ‘Ou, você não é a mina da fotografia?’, ‘Tira uma foto do nosso bonde’ ou ‘Tira foto do meu kit’. Sempre alguém tá pedindo algo para eu registrar. Isso é simplesmente foda, mano. Ser reconhecida.

Também recebo coisas no Instagram, como ‘Você colou em tal baile?’, ou ‘Você tirou uma foto minha. Você pode mandar?’. Isso é muito foda. Isso é sobre autoestima, tá ligado?

As pessoas podem falar o que quiserem de mim, mas não do meu trampo, e do que eu me proponho a fazer porque eu faço com muita afetividade. As fotografias, os filmes, o tempo de revelação, tiro do bolso. Ninguém me paga por isso. Se eu quiser ir no baile, eu vou. Tiro foto, pego e volto, tá ligado? Sai tudo do meu bolso.

Se isso vai virar algum trampo, pode ser que vire. Às vezes alguém me dá um salve para fazer fotos para marcas, coisas de baile, mas no geral eu faço o que quero com as fotografias do meu acervo. É muito porque eu quero fazer. Se quero colar em Itaquera, vou no baile mesmo, nem que seja sozinha.

Planos? Novidades para os próximos meses?

FS: Estou fazendo um acervo gigante. Tenho um plano de fazer uma exposição, mas uma exposição muito diferenciada que eu não posso falar porque você tá ligado, né? Vai que os bico aí joga energia negativa, sem criatividade, e me copia, principalmente os boy, né? Porque geralmente essas coisas vem dos boy. Mas eu quero muito fazer um bagulho, assim, da hora, na rua. ///

Lucas Veloso é jornalista audiovisual e cofundador da Mural – Agência de Jornalismo das Periferias, onde também colaborou com reportagens, além de outros portais, como Alma Preta e Rio On Watch. Atualmente, edita conteúdos no Expresso na Perifa, suplemento hospedado no Estadão, além de colaborações no UOL e matérias audiovisuais na TV Cultura. Frequentador de exposições, também é interessado em artes, música e cultura.

https://revistazum.com.br/entrevistas/do-fluxo-da-rua-do-funk/

Clube do Livro Japan House

 

Clube de Leitura Japan House São Paulo + Quatro Cinco Um

Desde 2019, Japan House São Paulo promove um encontro mensal do Clube de Leitura Japan House São Paulo + Quatro Cinco Um. Com a mediação de Natasha Barzaghi Geenen, Diretora Cultural da JHSP, e Paulo Werneck, editor da revista Quatro Cinco Um, o Clube discute livros de autores nipônicos traduzidos diretamente do japonês para o português, com o objetivo de ampliar o acesso dos brasileiros a este universo literário.


Todo mês, o encontro de caráter informal conta também com a presença de um leitor convidado, e já recebeu grandes profissionais da tradução japonesa no Brasil, autores brasileiros contemporâneos, editores, críticos, jornalistas e personalidades da cultura.

Livro de novembro:

Mulheres, de Osamu DazaiNesta edição, o Clube de Leitura JHSP + 451 fala sobre ‘Mulheres’, de Osamu Dazai. A obra é composta por uma coletânea de 14 contos de Osamu Dazai sob a forma de monólogos femininos. As narradoras de Dazai falam sobre o cotidiano, descrevem momentos de dor e alegria, expressam suas emoções e opiniões com sinceridade e sem reservas. A guerrae seus efeitos também aparecem como pano de fundo de muitos textos, uma vez que quase todos eles foram produzidos no período que compreende a Segunda Guerra Mundial.


Saiba mais sobre a obra:

https://estacaoliberdade.com.br/livraria/mulheres-osamu-dazai


Clube do livro via Zoom para os inscritos.

https://www.japanhousesp.com.br/evento/clube-de-leitura-novembro/







Sensitive: The Untold Story Doc 2020




 Sensitive: The Untold Story Doc 2020

O asteroide que extinguiu de dinossauros

 

O asteroide que extinguiu de dinossauros desencadeou o tsunami mais terrível da história: mais evidências



(Créditos:: Don Davis/NASA)

Traduzido por Julio Batista
Original de Clare Watson para o ScienceAlert

O asteroide que atingiu a Terra há 66 milhões de anos transformou a vida neste planeta aquoso, dizimando os dinossauros e inaugurando uma nova era na biologia.

O asteroide também criou um tsunami monstruoso milhares de vezes maior do que qualquer onda já testemunhada na existência da humanidade, de acordo com uma nova pesquisa.

O asteroide de Chicxulub, como é agora conhecido, veio dos confins do Sistema Solar, colidindo com o mar raso perto da Península de Iucatã, no atual México.

O ‘respingo’ do impacto por si só foi poderoso o suficiente para deixar uma marca na face do planeta. Em 2021, os pesquisadores descobriram que suas ondas haviam esculpido ‘mega ondulações’ na crosta terrestre abaixo do que hoje é o centro da Louisiana, EUA.

Agora, um novo estudo, liderado pela paleoceanógrafa Molly Range, da Universidade de Michigan, EUA, sugere que o asteroide de Chicxulub gerou um tsunami tão enérgico que varreu o fundo do mar e erodiu sedimentos a meio mundo de distância. Ele também supera todos os tsunamis registrados na história, em energia e tamanho.

A equipe modelou os primeiros 10 minutos após o impacto e os subsequentes efeitos de ondulação nos oceanos do mundo naquela que é a primeira simulação global do tsunami gerado pelo asteroide de Chicxulub.

Simulações de refinamento apresentadas pela primeira vez em uma conferência de ciências da terra em 2018, a modelagem mostrou que o asteroide gerou ondas até 30.000 vezes mais energéticas do que o tsunami do Oceano Índico que atingiu a Indonésia em 2004, um dos maiores tsunamis já registrados.

A explosão inicial do impacto de Chicxulub deslocou tanta água que gerou uma onda de aproximadamente 1,5 km de altura. Todo esse espaço não permaneceu vazio por muito tempo, com o oceano jorrando de volta para preencher a cratera aberta, apenas para ricochetear em sua borda e criar ainda mais ondas.

A partir daí, as ondas do tsunami com mais de 10 metros de altura viajaram pelo oceano profundo a 1 metro por segundo para atingir as costas ao redor do mundo.

“Este tsunami foi forte o suficiente para perturbar e corroer sedimentos em bacias oceânicas do outro lado do globo, deixando uma lacuna nos registros sedimentares ou uma confusão entre sedimentos mais antigos”, disse Range.

As ondas maiores e mais rápidas foram geradas perto do ponto de impacto nas águas abertas do Golfo do México, subindo mais de 100 metros de altura e movendo-se a mais de 100 metros por segundo.

Terremotos e deslizamentos de terra submarinos nesta região também podem ter contribuído para a formação de tsunamis, acrescentaram os pesquisadores.

Ondas de tsunami simuladas criadas pelo asteroide de Chicxulub, quatro horas após o impacto. (Créditos: Range et al., AGU Advances, 2022)

Você pensaria que um evento tão calamitoso deixaria cicatrizes por toda a Terra, mas os cientistas só podem trabalhar com o que conseguem encontrar.

Agora, sabendo como o tsunami se espalhou pelo mundo, os cientistas podem obter detalhes de sedimentos em locais distantes da cratera de Chicxulub, na Península de Iucatã, para detectar mais vestígios do tsunami.

Isso é importante à luz das montanhas de pesquisa necessárias para ajudar a esclarecer a teoria da extinção por impacto que descreve como a biodiversidade dos dinossauros diminuiu.

O estudo já fornece uma nova perspectiva sobre uma parte cataclísmica da história da Terra.

Para gerar os números assustadores de energia, altura e alcance do tsunami, os pesquisadores usaram dados de batimetria estimando onde o fundo do mar estava há cerca de 66 milhões de anos. Embora a resolução grosseira dos modelos não pudesse capturar as linhas costeiras dos continentes antigos, havia poucas dúvidas sobre o quão impressionante as ondas teriam sido.

“Dependendo da geometria da costa e do avanço das ondas, a maioria das regiões costeiras seria inundada e erodida até certo ponto”, supõem os pesquisadores.

“Qualquer tsunami historicamente documentado empalidece em comparação com tal impacto global.”

Eles também mostraram que em muitos locais no caminho do tsunami, os limites geológicos que os cientistas agora usam para definir o evento de extinção dos dinossauros foram perturbados pelas ondas fortes.

As amostras do núcleo tinham lacunas, quedas e truncamentos nas seções rochosas – que, em alguns casos, os geólogos confundiram com a atividade tectônica local que ocorreu em uma data posterior.

A maior perturbação geológica foi encontrada no Atlântico Norte e no Pacífico Sul, onde as ondas do tsunami se moveram a mais de 20 centímetros por segundo.

“A confirmação mais reveladora do significado global do tsunami de impacto são as seções altamente perturbadas e incompletas nas costas orientais das ilhas do Norte e do Sul da Nova Zelândia”, escreveram Range e seus colegas.

“Esses locais estão diretamente no caminho da propagação do tsunami, a mais de 12.000 quilômetros de distância do local do impacto.”

Em sua próxima fase de trabalho, os pesquisadores planejam observar como o asteroide de Chicxulub pode ter causado uma sequência de tsunamis em todo o mundo, impulsionados por enormes ondas de choque atmosféricas.

Após a erupção vulcânica de Tonga no início deste ano, os cientistas perceberam o quão poderosas essas ondas de pressão de ar poderiam ser, gerando ondas de até um metro de altura em algumas partes do Oceano Pacífico.


https://universoracionalista.org/o-asteroide-que-extinguiu-de-dinossauros-desencadeou-o-tsunami-mais-terrivel-da-historia-mais-evidencias/